sexta-feira, 10 de abril de 2020

O dogma fluidificante




O dogma fluidificante
Nabor da Graça Leite
Reformador (FEB) Junho 1947

            Sob este título diligente confrade, possivelmente de São Paulo, teve a gentileza de remeter-nos um opúsculo de 11 páginas versando exclusivamente sobre o corpo fluídico de Jesus.

            A preocupação máxima do autor é provar que Jesus não teria sido um Espírito no estado de materialização tangível quando de sua estada na Terra, porém, um homem, em tudo igualzinho aos outros homens que, em virtude de sua imperfeição, têm necessidades, ainda, de revestir o espírito dum envoltório mais grosseiro.

            Primeiramente devemos lamentar o fato de não vir esse trabalho assinado, e isso por que o nome da pessoa ou sociedade que o produziu lhe daria um cunho de mais responsabilidade, ao passo que assim, no anonimato, ele apenas evidencia espírito confusionista, quando não demolidor de obra que não pertence aos homens, mas a Deus, e que, por isso mesmo, debalde aqueles a tentarão ferir.

            Somos dos que jamais viram na chamada questão do corpo fluídico de Jesus motivo para enfraquecimento dos laços de fraternidade no seio dos adeptos da 3ª Revelação. E de fato não existe razão alguma que a justifique, uma vez que não há imposições doutrinárias que obriguem os espíritas a aceitar a obra de J. B. Roustaing mas, como foi ela editada também no Brasil, há apenas a faculdade de todos os espíritas conhecerem-na para aceitarem-na ou não, usando, cada qual, do livre arbítrio e do direito de, como recomendava Paulo, “examinar de tudo para só abraçar o que é bom”.

            Daí o reputarmos toda campanha que se move contra Roustaing e a Federação, obra de verdadeira incompreensão por parte dos que a realizam como que possuídos de um prazer doentio, mas sem se aperceberem de que, ao contrário daquilo que supõem com relação aos feitos dos ensinos de Roustaing, eles é que se acham sob influências, positivamente desagregadoras, dos inimigos da luz e da verdade. Senão, que pensar
de conceitos como estes, encontrados no opúsculo em questão: “O que podemos dizer de Roustaíng, patrono do Espírito das Trevas? Esplêndida mistificação para enganar os tolos espíritas, sem sólidos conhecimentos da doutrina. A fantástica obra de Roustaing está francamente em agonia vivendo ainda somente pelo esforço da mentalidade escura do GRUPINHO DE FANÁTICOS (sic) da Federação Espírita Brasileira...”

PS.: No finalzinho de 2019, a direção da FEB passou a considerar os quatro livros que compõem a coleção “Os 4 Evangelhos”, de J.B. Roustaing, como uma obra não alinhada com a visão espírita de então, excluindo-a do catálogo de livros editados. Evidentemente, este Blog não compartilha desse entendimento.


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