domingo, 27 de outubro de 2019

A mulher adúltera


A Mulher Adúltera                          

8,1 Dirigiu-se Jesus para o Monte das Oliveiras. 
8,2 Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a Ele. Assentou-Se e começou a ensinar; 
8,3 Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. 
8,4  Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: -Mestre, agora mesmo essa mulher foi apanhada em adultério; 
8,5 Moisés mandou-nos, na lei, que apedrejássemos tais mulheres. Tu  pois, que dizes? 8,6 Perguntavam-Lhe isso, a fim de pô-Lo à prova e poderem acusá-Lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra... 
8,7  Como eles insistissem, ergueu-Se e disse-lhes:“ -Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 
8,8 Inclinando-se, novamente, escrevia na terra... 
8,9  À estas palavras, sentindo-se acusados pelas suas próprias consciências, eles se foram, retirando-se, um por um, até o último. 
8,10  Então, Ele se ergueu e, vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe:“ -Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” 
8,11 Respondeu ela: -Ninguém, Senhor. Disse-lhe, então, Jesus: “ -Nem Eu te condeno. Vai, e não peques mais.”   
        
Tomemos “O Evangelho...”, de Kardec, em seu Cap.X:

            “...Aquele que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra,”. disse Jesus. Esta máxima nos faz da indulgência um dever, porque não há ninguém que dela não tenha necessidade para si mesmo.”

            Para Jo (8,5) -Tu, pois que dizes? - tomemos  “Caminho, Verdade e Vida”, de nossos irmãos maiores Emmanuel e Chico Xavier, onde encontramos a mensagem que se segue:

            “Várias vezes o espírito de má fé cercou o Mestre, com interrogações, aguardando determinadas respostas pelas quais o ridicularizasse. A palavra D’Ele, porém, era sempre firme, incontestável, cheia de sabor divino.

            Referimo-nos ao fato para considerar que semelhantes anotações convidam o discípulo a consultar sempre a sabedoria, o gesto e o exemplo do Mestre. Os ensinamentos e atos de Jesus constituem lições espontâneas para todas as questões da vida. O homem costuma gastar grandes patrimônios financeiros nos inquéritos da inteligência. O parecer dos profissionais do direito custa, por vezes, o preço de angustioso sacrifício. Jesus, porém, fornece opiniões decisivas e profundas, gratuitamente. Basta que a alma procure a oração,  o equilíbrio e a quietude. O Mestre falar-lhe-á na Boa Nova da Redenção.

            Freqüentemente, surgem casos inesperados, problemas de solução difícil. Não ignora o homem o que os costumes e as tradições mandam resolver, de certo modo; no entanto, é indispensável que o aprendiz do Evangelho pergunte, no santuário do coração:

            Tu, porém, Mestre, que me dizes a isto? E a resposta não se fará esperar como divina luz no grande silêncio.”

            Para  Jo (8,11) -Não peques mais! - do livro “Segue-me!”, de Emmanuel por Chico Xavier, reproduzimos:

            “A semente valiosa que não ajudas, pode perder-se.

            A árvore tenra que não proteges, permanece exposta à destruição. A fonte que não amparas, costuma secar-se. A água que não distribuis, forma pântanos. O fruto não aproveitado, apodrece. A terra boa que não defendes, é asfixiada pela erva inútil. As  flores que não cultivas, nem sempre se repetem. O amigo que não conservas, foge do teu caminho. A medicação que não respeitas, na dosagem e na oportunidade de que lhe dizem respeito, não te beneficia o campo orgânico. Assim também é a graça divina.

            Se não guardas o favor do alto, respeitando-o em ti mesmo, se não usas os conhecimentos em ti mesmo, se não usas os conhecimentos elevados que recebes em benefício da própria felicidade, se não prezas a contribuição que te vem de cima, não te vale a dedicação dos mensageiros espirituais.

             Debalde improvisarão eles milagres de amor e paciência, na solução de teus problemas, porque sem a adesão de tua vontade ao programa regenerativo todas as medidas salvadoras resultarão imprestáveis.

            “Vai e não peques mais!”

            O ensinamento de Jesus é suficiente expressivo O médico Divino proporciona a cura, mas se não a conservarmos, dentro de nós, ninguém poderá prever a extensão e as conseqüências de novos desequilíbrios que nos aviltarão a invigilância.”

            Pedimos sua reflexão para este pequeno escrito de Vinícius, conforme publicado no Reformador de 16.07.1935. Título:A Primeira Pedra”: 

            Alguns escribas e fariseus trouxeram com grande alarde e escândalo uma certa mulher apanhada em adultério e, colocando-a no meio do povo a quem Jesus ensinava, disseram: “Mestre, esta mulher foi encontrada em flagrante adultério. Moisés ordena na Lei que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, porém, que dizes?

            Jesus, depois de fitar por algum tempo seus interlocutores, voltando as costas, curvou-se e foi escrevendo na areia as seguintes considerações:

            “Curioso e digno de nota é o critério dos homens em semelhante assunto. Julgam que só as mulheres devem ser responsabilizadas pelo crime de adultério, como se tal delito fosse privativo delas! Estes mesmos que acabam de acusar esta pobre pecadora são, todos eles, réus da mesma culpa. Sendo necessário, poderei apontar a cada um as vezes que infringiu o nono mandamento da Lei.”

            Enquanto Jesus escrevia, um dos escribas, movido de grande curiosidade, aproximou-se e leu tudo o que o Mestre grafara com o dedo no pátio da igreja; e, em seguida, foi relatar aos seus confrades, os quais continuavam insistindo pelo parecer de Jesus acerca do caso em apreço.

            O Senhor, então, ergueu-se e disse pausada e solenemente:

            “Aquele, dentre vós, que se julgar isento dessa culpa atire a primeira pedra.”

            Estas palavras caíram como brasas vivas sobre as consciências depravadas dos escribas e fariseus, os quais, cientes já do que o Taumaturgo de Nazaré, profundo conhecedor dos recônditos da alma humana, escrevera no chão, foram retirando-se, a começar pelos velhos - que mais tempo tiveram para prevaricar - seguindo-se os menos idosos, até o derradeiro.

            Diante dessa atitude dos seus impertinentes perseguidores, Jesus interpelou a culpada que, humilde e confusa, aguardava seu veredicto.

            -Onde estão os teus perseguidores? Ninguém te condenou?

            -Ninguém, Senhor.

            -Nem eu tampouco te condeno. Vai, e não peques mais.

                                   *****

            A pedra, de que os embusteiros da fé quiseram servir-se para lapidar a delinquente, foi a primeira lançada pelo divino intérprete da Soberana Justiça, na obra da emancipação feminina, estabelecendo a igualdade de direitos entre o homem e a mulher.

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