terça-feira, 29 de outubro de 2019

O suicídio de Judas



O Suicídio de Judas

27,1  E, chegando a manhã,  os sacerdotes e os anciãos  reuniram-se em conselho para entregar Jesus à morte.                 
27,2  Amarraram-No  e  levaram-No  ao governador Pilatos. 
27,3  Judas, o traidor, vendo-O  então condenado, tomado de remorsos, foi devolver aos sacerdotes e aos anciãos as 30 moedas de prata 
27,4  e disse: - Pequei, traindo o sangue de um inocente. Eles, porém, responderam: -Que nos importa? Isto é contigo! 
27,5  Ele jogou no templo as moedas de pedra, saiu, e  enforcou-se.  
27,6  Os sacerdotes recolheram o dinheiro e disseram: Não é permitido lançá-lo no tesouro do templo porque se trata de preço de sangue; 
27,7  Assim, resolveram comprar, com aquela soma, o campo do oleiro, para que ali se fizesse um cemitério de estrangeiros. 
27,8  Esta é a razão porque aquele  terreno  é  chamado,  ainda  hoje,  de “campo de sangue” 
27,9  Desta forma cumpriu-se  a  profecia  do profeta  Jeremias:
 “Eles receberam 30 moedas de prata, preço Daquele cujo montante foi estipulado pelos filhos de Israel ** 
27,10  E, deram-No pelo campo do oleiro, como o Senhor me havia prescrito.”


         Para  Mt (27,11-26) -O Olhar de Jesus... - leiamos Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”:

            “No palco víamos a figura de Judas Iscariotis.

            Pouco antes da Páscoa, ele renovara seu trato com os sacerdotes para entregar Jesus. Judas renovara seu trato com os sacerdotes para entregar Jesus. Judas possuía muito amor ao dinheiro. O amor a Mamon sobrepujava o amor a Cristo.

             Judas era altamente considerado pelos discípulos e exercia sobre eles grande influência. Considerava-os, porém, inferiores a ele. Excessivamente vaidoso, julgava-se o salvador da obra do Cristo e foi assim que se tornou presa fácil dos sacerdotes.

            A alta figura de Judas apresentava-se com o rosto pálido e transtornado, coberto de suor. Aproximando-se do trono do juízo, atirou perante o sumo sacerdote as moedas de prata, preço de sua traição. Agarrando-se às vestes de Caifás, implorou-lhe que soltasse Jesus, dizendo que Ele nada fizera de mal.

            Vimos Judas gritando: Pequei, traindo sangue inocente e os sacerdotes responderam: Que nos importa?  Depois, Judas foi lançar-se aos pés do Mestre, suplicando que livrasse a Si mesmo.

            Jesus depositou em Judas o mais belo olhar que a Terra já contemplou: o olhar do perdão.
            Assistindo no teatro vivo a esta cena, comovi-me por demais.

            Era o Rei, o Cristo de Deus, perdoando. Só neste momento compreendi o que vem a ser o perdão, pois somente as grandes almas tem força para perdoar. Jesus fitara Judas com intensa piedade.

            Judas sofria demais e o Mestre o perdoou. Ao gritar: Pequei, traindo o sangue inocente e ouvir o sumo sacerdote, duro, implacável, responder:    Que nos importa?      Isso é lá contigo ...(Mt 27,4), Judas compreendeu que suas súplicas não seriam ouvidas.

            Deixou no chão as moedas que recebera pela traição e saiu da sala desesperado. Sentia o peso de sua insensatez e saiu da sala desesperado. Sentia o peso de sua insensatez e que não teria forças para ver Jesus torturado e crucificado.

             Logo depois, todos os que passaram por certo local retirado viram, ao pé de uma árvore, o corpo sem vida de Judas.

             Os cães já o devoravam... ”

         Para Mt ( 27,4), -Que nos importa?  Isso é contigo...-  encontramos em “Pão Nosso” (Ed. FEB), de Emmanuel por Chico Xavier,  trecho que nos orienta sobre essa passagem:

            “A palavra da maldade humana é sempre cruel para quantos lhe ouvem as criminosas insinuações.  O caso de Judas demonstra a irresponsabilidade e a perversidade de quantos cooperam na execução dos grandes delitos.

            O espírito imprevidente, se considera os alvitres malévolos, em breve tempo se capacita da solidão em que se encontra nos círculos das conseqüências desastrosas.

            Quem age corretamente encontrará, nos felizes resultados de suas iniciativas, aluviões de companheiros que lhe desejam partilhar as vitórias; entretanto, muito raramente sentirá a presença de alguém que lhe comungue as aflições nos dias da derrota temporária.

            Semelhante realidade induz a criatura à precaução mais insistente.

            A experiência amarga de Judas repete-se com a maioria dos homens, todos os dias, embora em outros setores.

            Há quem ouça delituosas insinuações da malícia ou da indisciplina, no que concerne à tranqüilidade interior, às questões de família e ao trabalho comum.

            Por vezes, o homem respira a paz, desenvolvendo as tarefas que lhe são necessárias; todavia., é alcançado pelo conselho da inveja ou da desesperação e perturba-se com falsas perspectivas, penetrando, inadvertidamente, em labirintos escuros e ingratos.

            Quando reconhece o equívoco do cérebro ou do coração, volta-se, ansioso, para os conselheiros da véspera, mas o mundo inferior, refazendo a observação a Judas, exclama em zombaria - “Que nos importa? Isso é contigo...”.”


            Em ‘Revelação dos Papas’ (UES-1936) lemos a psicografia de um espírito que entitulou-se Judas ratificando nosso caminho perene para o amor e a caridade, apesar dos nossos muitos esforços em contrário:

            “Judas, meus bons amigos, volta hoje ao Mundo para declarar perante os homens as verdades que lhe foram inspiradas por Nosso Senhor Jesus Cristo - o grande e amado Mestre - a quem, num momento de cegueira, de trevas e extrema fraqueza traiu, vendendo-o aos inimigos.

            Jesus, meus bons amigos, o Messias, aquele que foi enviado por Deus para salvar o Mundo onde viveis hoje, já perdoou a Judas Iscariote a sua fraqueza e cegueira. Deus, em sua misericórdia infinita, concedeu, pela boca de Seu filho amado, o perdão àquele que foi outrora infiel, traidor, perjuro, falso e criminoso discípulo do Messias, que jamais deixou de lamentar e compadecer-se da fraqueza e miséria do seu discípulo.

            Venho, meus bons amigos, em nome do meu querido Mestre - o Salvador do mundo - dizer-vos alguma coisa que vos interessa.

            Compareço a vossa presença, a fim de restabelecer a verdade desvirtuada, falseada pelos homens interessados em se conservarem no caminho do erro e da mentira.

            Estou diante de vós, meus bons amigos, para me confessar agradecido pelas grandes e imensas provas de amor que me foram dispensadas por Deus e por Nosso Senhor Jesus Cristo.

            Apareço aqui, perante vós, meus companheiros e amados irmãos, para penitenciar-me dos erros que pratiquei e, ao mesmo tempo, entoar hinos à Infinita sabedoria e à pureza imaculada desse Mestre admirável, à incomparável bondade desse coração todo feito de doçuras e de amor!

            Venho cantar hosanas à sublime misericórdia do Criador e erguer uma prece, na qual todos vós deveis acompanhar-me, pois, nesta oração subiremos até junto do Pai Celestial e de Jesus, que, nesta hora, estendem as vistas misericordiosas sobre este planeta atrasado, mundo de expiações e sofrimentos, de lágrimas e de dores.

            Dizei comigo, meus queridos irmãos,

            Jesus, nosso salvador, filho de Deus e luz sublime que clareia o nosso caminho, que nos guia na Terra e na eternidade! Senhor! aqui estão os Teus filhos, tendo à frente aquele que no mundo errou profundamente, o maior de todos os criminosos que pisaram a superfície deste planeta; aqui estamos todos nós, Senhor! tendo à nossa frente o mais pérfido e infiel de Teus discípulos; aqui nos achamos todos nós, junto do mais fraco e criminoso dos Teus filhos -Judas Iscariote!

            Nós, Senhor, somos também fracos, praticamos grandes erros, pesam sobre nós imensas culpas, grandes pecados nos obrigam a curvar a fronte diante de ti, Senhor! Temos, Jesus, a nossa alma coberta de chagas, o nosso coração envenenado pelos mais impuros sentimentos que nele temos alimentado; sentimos o nosso espírito combalido ao rever o nosso passado espiritual, cheio de crimes e faltas graves; somos, Senhor, ainda escravos da matéria, sentindo as entranhas devoradas pelos desejos pecaminosos, a alma presa, agrilhoada à matéria que a retém na superfície da Terra, de onde não poderá desprender-se para as luminosas regiões, sem primeiro expurgar-se das impurezas e das máculas que os pecados deixaram sobre ela e onde os vícios produziram sulcos profundos, as misérias da carne lançaram vestígios que dificilmente se apagarão!

            Temos, Bom Jesus, as mãos tintas do sangue dos nossos irmãos, os pés cheios de lama pútrida dos antros e dos monturos por onde caminhamos durante longo tempo; conservamos também nas mãos o azinhavre da moeda a troco da qual vendemos a nossa consciência, atraiçoamos os nossos irmãos; guardamos ainda nos lábios os sinais das nossas abjeções, da impureza das paixões que alimentamos em nossos corações; trazemos estampados na fronte os estigmas das nossas baixezas, das podridões, misérias e devassidões a que nos entregamos na vida, conservamos nos olhos os traços das nossas crueldades, o brilho das volúpias e prazeres que durante esta existência terrena temos desfrutado.

            O nosso corpo, Senhor, é o livro onde se acha escrita a história dos nossas abusos e da s nossas transgressões, a nossa lama, Jesus, é o espelho onde neste instante se refletem todos os nossos atentados às leis de Deus, todas as violações do Seu Evangelho; a nossa consciência é, nessa hora, sudário onde se acha estampada a tua efígie, mas tão apagada que dificilmente a reconhecemos.

            Senhor! Senhor! Querido e adorado Mestre! Todos os nossos pecados aqui se acham gravados no nosso espírito; todas as nossas culpas aqui estão desenhadas na nossa consciência, que nos acusa diante de ti e de teu Pai!  

            São grandes as nossas faltas, imensos os nossos pecados, infinitos os nossos erros, mas na tua bondade há sempre lugar para todos os perdões; em tua alma existem grandes reservas de misericórdia e tolerância; no teu incomensurável coração há um transbordamento constante de piedade e de amor para os que sofrem, que gemem e choram, os fracos, os infelizes e os pecadores, como nós!

            Recebe, portanto, bom Jesus, esta prece que te oferecemos e que é pronunciada pelos lábios mais impuros que já existiram sobre a Terra, ditada pela consciência mais sombria que palpitou neste planeta; prece nascida da alma mais culpada que este mundo conheceu até hoje, o espírito mais fraco e criminoso dos que se têm encarnado na Terra.

            Aceita, Senhor, bom Jesus, a prece que Judas, o traidor de ontem, o falso e o pérfido de outros tempos nos faz recitar neste momento, na tua presença, para que possamos, como ele, alcançar o nosso perdão, merecer da tua bondade a graça de recebermos do teu Pai a mesma luz e a mesma paz que Ele concedeu ao mais cruel, ao mais criminoso e infame dos Seus filhos!

            Ouve Jesus, a nossa prece e dá-nos o que deste a Judas pelo mal que ele te fez, pela traição que praticou contra a tua pessoas divina, pelo ultraje que infligiu a ti, no momento mais doloroso da tua vida de Missionário, de Redentor, de Salvador do Mundo e Filho de Deus!

            Tu, que tiveste em tua alma a grandeza, a doçura e o amor para perdoar a esse falso e perjuro discípulo, Senhor, perdoa-nos também a   nós, cujos erros, cujas faltas, crimes e pecados estão muito distantes do crime e do pecado daquele que se acha à nossa frente, nesta hora de luto e de dor, para render graças à infinita misericórdia de Deus e ao imenso e inesgotável manancial de doçura, carinhos, afetos, pureza e imenso amor - o Coração de Jesus!  

            Perdoa-nos, Senhor! Salve-nos Jesus! como salvaste Judas!”

            Eu direi também:

            “Meu Jesus! meu Salvador! se mereci o teu perdão e a tua misericórdia, os meus irmãos podem também merece-los, pois, diante de Judas, a humanidade inteira, com todos os seus crimes, os seus pecados e as suas misérias, é santa, inocente como a mais inocente das criancinhas que brincam na superfície da Terra!

            Perdoa, portanto, Senhor, à humanidade como perdoaste ao maior dos traidores!”

                                                   Judas Iscariote
                                                                           (2 de Setembro de 1916)
                                                
                                                                                       
                 
                                                              
                  


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