A
Ceia
26,17 No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e
perguntaram-Lhe: -Onde queres que preparemos a ceia pascal?
26,18 Respondeu-lhes Jesus : “ -Ide à cidade, à casa
de um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre manda dizer-te: Meu tempo está
próximo. É em tua casa que celebrarei a páscoa com meus discípulos.”
26,19
Os discípulos fizeram o que Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa.
26,20 Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus
à mesa com os doze discípulos.
26,21
Durante a ceia, disse: “ -Em verdade vos digo, um de vós Me há de
trair.”
26,22 Com profunda aflição, cada
um começou a perguntar: - Porventura sou eu,
Senhor?
26,23 Respondeu Ele: “ -Aquele
que põe comigo a mão no prato, é esse que vai Me trair!”
26,24 O Filho
vai partir. Como, a respeito Dele está escrito nas escrituras "mas infeliz daquele pelo qual o Filho
será traído! Para ele, seria melhor nunca ter nascido!”
26,25 Então, Judas, que estava planejando a
traição, perguntou, por sua vez: Será que sou eu, Senhor? “ -Isso mesmo”, respondeu
Jesus.
26,26 Enquanto comiam, Jesus tomou um pão, deu
graças a Deus, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: “Tomem e comam, isto é
o meu corpo!”
26,27 Tomou o cálice e,
tendo dado graças o deu aos seus discípulos, dizendo: " - Bebam dele todos...
26,28 pois este é o meu sangue, o sangue da nova
aliança que é derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
26,29 Digo-vos: Doravante não beberei mais deste
fruto da vinha até o dia em que beberei
de novo convosco no reino de meu Pai.”
Para
Mt (26,22) -Porventura sou eu, Senhor?, encontramos em “Palavras de Vida Eterna” (Ed. CEC 1986), de Emmanuel por Chico Xavier, o que se segue:
“Diante da palavra do Mestre,
reportando-se ao espírito de leviandade e defecção que o cercava, os discípulos
perguntaram afoitos:
-Porventura sou eu, Senhor?
E, quase todos nós, analisando o
gesto de Judas, incriminamo-lo em pensamento.
Por que teria tido a coragem de
vender o Divino Amigo por trinta moedas?
Entretanto, bastará um exame mais
profundo em nós mesmos, a fim de que vejamos nossa própria negação à frente do
Cristo.
Judas teria cedido à paixão política
dominante, enganado pelas insinuações de grupos famintos de libertação do jugo
romano... Teria imaginado que Jesus, no Sinédrio, avocaria a posição de emancipador
da sua terra e da sua gente, exibindo incontestável triunfo humano...
E, apenas depois da desilusão
dolorosa e terrível, teria assimilado toda a verdade!...
Mas nós?
Em quantas existências e situações
tê-lo-emos vendido no altar do próprio coração, ao preço mesquinho de nosso
desvairamento individual?
Nos prélios da vaidade e do
orgulho...
Nas exigências do prazer egoísta...
Na tirania da opinião...
Na crueldade confessa...
Na caça da fortuna material...
Na rebeldia destruidora...
No aviltamento de nosso próprio
trabalho...
Na edificação íntima do Reino de
Deus, meditemos nossos erros conscientes ou não, definindo nossas
responsabilidades e débitos para com a vida, para com a Natureza e para com os
semelhantes e, em todos os assuntos que se refiram à deserção perante o Cristo,
teremos bastante força para desculpar as faltas do próximo, perguntando, com
sinceridade, no âmago do coração:
-
Porventura existirá alguém mais ingrato para contigo do que eu, Senhor? ”
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