A missão do
pregador do Evangelho
Benedicto
de Godoy Paiva
Reformador
(FEB) Fevereiro 1941
“É
chegada a hora. Eis que o Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos
pecadores. Levantai-vos; vamos. Eis que está perto o que me trai.” Marcos 14:41
Eis ai o trecho final do último colóquio de
Jesus com os seus três abnegados companheiros - Pedro, Tiago e João, pouco
antes de ser conduzido preso. Eis, também, como terminou a grande missão do
maior pregador do Evangelho - do homem que "falava como ninguém ainda
falou". Terminou a sua missão vitimado pela traição, por parte de um dos
seus próprios auxiliares de divulgação da doutrina que ele trouxera ao mundo.
Não somos melhores do que Jesus, bem longe estamos
dele; portanto, sirva esse fato de consolo aos pregadores do Evangelho do
Cristo, todas as vezes que, atingidos por forças adversas se sentirem
enfraquecidos na sua gloriosa, mas espinhosa de continuadores da divulgação dos
ensinos que o Mestre nos legou.
Jesus foi perseguido por toda parte. As forças
do mal empregavam os maiores esforços e lançavam mão de todos os artifícios possíveis
para desencorajá-lo e Ele, sabendo disso, prevenia seus discípulos: “Eis que vos mando como ovelhas ao meio de
lobos". “Haveis de ter aflições
no mundo; mas, tende confiança: eu venci o mundo”. “Se chamaram de Belzebú ao pai de família, que não dirão dos seus
domésticos?”
O pregador do Evangelho do Cristo deve
estar alerta às ciladas das forças do mal. Sua missão é cheia de tropeços e
perigos. Inimigos encarniçados tramarão a sua perda. Ele será alvo da maledicência,
da calunia, da traição, mesmo dos que lhe pareçam mais dedicados amigos e
companheiros. As suas melhores lições serão desprezadas e as suas intenções
adulteradas, mesmo pelos que se dizem cristãos, e disso nos dá prova o “texto” que
encima estas linhas. O grande apóstolo Paulo já nos prevenia de que "satanás"
se transforma em “anjo de luz”, e Judas, caminhando ao lado do divino Mestre,
com a intenção de o trair, nos dá um exemplo bem frisante do que pode ser o “anjo
de luz” que serve de instrumento às forças contrárias ao bem, sob o disfarce de
cristão.
O Espírito que assistia a Allan Kardec,
quando este codificava a doutrina espírita, disse-lhe, certa vez: “Para levares a termo a tua missão, é preciso
fé e vontade inabaláveis; é preciso abnegação e coragem para sofreres as injúrias,
os sarcasmos, as decepções, sem te abateres aos botes da inveja e da calúnia.
Deixa que digam e falem o que quiserem. Tudo passa, exceto a felicidade eterna.
Tudo te será contado e bem sabes que é necessário, para ser alguém feliz, ter
contribuído para a felicidade dos pobres seres de que Deus povoou a Terra.”
O pregador do Evangelho nunca deve esquecer
as recomendações feitas pelo apóstolo Pedro, no capítulo 4, vers. 14, de sua
Primeira Epístola:
“Se fordes vituperados pelo nome do Cristo,
bem aventurados sereis, porque o que há de honra, de glória, de virtude de
Deus, e o espírito, que é dele, repousam sobre vós. Se padeceis como cristãos,
não vos envergonheis disso; mas, glorificai a Deus”.
E, mais adiante: “Sede sóbrios e vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda ao redor
de vós, como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar. Resisti-lhe,
fortes na fé, sabendo que os vossos irmãos espalhados pelo mundo sofrem a mesma
tribulação".
As denominações de “diabo”, “beIzebu”, “satanás”
e outras não têm, para nós espíritas, a significação que os homens lhes deram;
porém, as influencias más, expressas por esses vocábulos, são uma terrível realidade
e o pregador do Evangelho precisa estar prevenido contra elas, para não ser
apanhado de surpresa e não sucumbir a “tentação”.
Quantos Centros Espiritas não se têm desmantelado
devido a uma pequenina pedrinha, jogada com habilidade e maestria contra as
pessoas dos seus presidentes! Quantos pregadores do Evangelho não se afastam da
sua missão, feridos por um espinho habilmente escondido na estrada que têm de
palmilhar e colocado ali habilidosamente!
O pregador do Evangelho precisa estar
alerta contra esses golpes traiçoeiros e manter-se firme no seu posto, pois o
bom pastor não abandona as suas ovelhas, mesmo á vista do lobo! A missão do
pregador do Evangelho foi-lhe confiada por Deus e não pelos homens; portanto, a
Deus ele terá de dar conta dos “talentos" que lhe foram confiados, não
podendo desculpar-se com a necessidade de “enterrá-los", para os ocultar
aos olhares cobiçosos ou invejosos dos outros!
Sejamos fortes e sigamos o conselho de São Tiago
(cap. 4, vers. 7º de sua Epístola): “Resisti
ao diabo e ele fugirá de vós” e, quando nos sentirmos desanimados, por
qualquer motivo, no desempenho da gloriosa missão da pregação do Evangelho de
Jesus, ouçamos os conselhos do Apóstolo Paulo a Timóteo: “Trabalha como um bom soldado de N. S. Jesus Cristo, porque virá tempo
em que muitos homens não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, acumularão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscência;
tu, porém, vigia em todas as coisas, sofrendo as aflições. Faze a obra de um
Evangelista; cumpre o teu ministério”.
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