Inspirações
– 3
por Angel Aquarod
Reformador (FEB) Maio 1923
DA VARIEDADE À UNIDADE - UM SÓ REBANHO E UM SÓ
PASTOR
"Um só rebanho e um só pastor!...”
Aspiração grandiosa esta infundida em seus
discípulos pelo divino Mestre que a anunciou como uma formosa realidade para o
fim dos tempos, em que na humanidade terrestre há de ficar dominada completamente
a matéria pelo Espírito, a natureza inferior do homem pela sua natureza
superior.
Longe vem a época, muito longe ainda, em que a
humanidade terrestre constituirá um só rebanho e reconhecerá
um só pastor; mas há de chegar o dia em que isso aconteça, sob pena de fazer
bancarrota a lei do Progresso o que é inconcebível. Entre os espíritas não há
quem possa negar, sem se contradizer, o princípio fundamental que o Espiritismo
proclama, como base essencial de sua doutrina, o do progresso constante dos
seres para a perfeição: é postulado incontroverso. Tudo procede de uma fonte única,
de um mesmo princípio e, realizando-se, a mônada, individualizada, através de
infinitas formas, tende sempre para a unidade de que recebeu o ser e a Ela chega,
conduzida nas asas da evolução. A lei é só uma e, por conseguinte, tudo está
sujeita ao mesmo processo para alcançar sua a finalidade: sair gérmen, do Princípio
sem princípio, modelar uma individualidade, mediante o desenvolvimento de todas
as suas possibilidades, passando por inúmeras fases e metamorfoses, para chegar,
convertida em fruto, ao pináculo da perfeição, onde se efetiva a unidade de
todas as almas que alcançaram esse plano inefável.
Aquele que isto compreende e sente, orienta
todo seu labor e conduta para essa suprema modalidade. Nessa orientação se
forjam os heróis da caridade e do amor espiritual, os bem-aventurados, os
santos e os anjos. E, se as sociedades querem ascender a tais alturas, não têm
outro remédio senão imitar os eminentes varões que, seguindo o caminho da
virtude, galgaram as alturas da santidade. Estas alturas não se alcançam por
leis ou decretos humanos, nem pelo azar das revoluções, ou das guerras; somente
o caminho da virtude austera e consciente conduz até lá, assim os indivíduos,
como as sociedades. A lei é uma e nela não cabem exceções.
As sociedades, as humanidades, chegam um dia ao
apogeu de sua evolução, a inefáveis alturas de aperfeiçoamento, que excluem
toda possibilidade de discórdia, de baixezas e de infidelidade. A tais cumes de
perfeição, porém, só ascendem quando têm desprezado todos os caminhos, que não
sejam os da virtude. Porque, como já disse, este é o único que pode conduzir ao
cume dos aperfeiçoamentos efetivos, quer os indivíduos, quer às sociedades.
Aquele, que se não esforça por aperfeiçoar-se
moralmente, longe está do caminho de sua felicidade verdadeira.
Quando as sociedades ou os povos não adotam igualmente por norma de conduta
esse alto idealismo, por mais importante que seja o seu desenvolvimento no
plano material, longe estão ainda, muito longe de sua redenção. É que o progresso
não se improvisa; realiza-se parcialmente, por etapas.
Do mesmo modo que as sociedades e os povos, em
um período de sua evolução, realizam os progressos que a esse período
correspondem, ficando os outros para sucessivos períodos, também os indivíduos
se aperfeiçoam, modelando cada um sua respectiva individualidade. E, quanto
maior for o empenho que ponham em aperfeiçoar-se e maior for o número dos que
vivam com esta preocupação constante, mais perfeita será a sociedade a que
pertençam, uma vez que o que se verifica com a parte se reflete no todo na
devida proporção. Daí resulta sempre que o estado de virtude alcançado por uma
coletividade solidária representa a soma exata das virtudes individuais
alcançadas pelos seus membros.
Esta mesma lei se aplica a toda sorte de
desenvolvimento nas instituições religiosas e nos ideais que devam influir no
progresso humano, sobretudo nos períodos de gestação e crescimento.
Ora, sendo ela uma lei geral e insubstituível,
o Espiritismo não podia estar isento da sua sanção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário