O conflito religioso
Angel Aquarod
Reformador (FEB) Agosto 1923
Várias seitas
dominam o espírito dos povos que fanaticamente se degradam desde longínquas idades.
Perlustrando
as páginas da História, vemos religiões que desfraldam a bandeira do mesmo
Deus, que têm as mesmas bases de doutrina moral, por simples controvérsias secundarias
se chocarem em ânsias de destruição, eclipsando o que nelas existe de belo e perfeito. É assim que vemos no Oriente as
sanguinolentas lutas tão bem descritas no Mahabarata e Ramayana e, no Ocidente, as bárbaras
Cruzadas e a tirânica Inquisição que em nome de Deus, por vários séculos,
tornou trágicos os altares em que incensavam o Deus do Amor.
Depois da
Revolução Francesa, com a liberdade de pensamento, em quanto os religiosos se
debatiam por motivo de acidentais divergências sobre suas doutrinas, na alma livre do homem de ideias livres brotava o cepticismo
exigente e destruidor. Os deuses dos altares rolaram por terra, o Cristo messiânico
baixou ao nível dum degenerado, o sábio Moisés ao de um visionário.
Largos
terrenos conquistou o materialismo, zombando ironicamente da religião, que não era mais do que impotência de cérebros acorrentados
às superstições dos tempos primitivos.
Era isto o
cataclisma que precede sempre às grandes evoluções.
*
Já em meados do século passado, no conflito de ideias em que a alma da humanidade oscilava
entre a crença e a descrença, apareceu o Espiritismo, religião científica, defendida
pela linguagem verídica dos fatos, baseada nos Evangelhos cristãos e nos livros
sagrados orientais, que aceitou a luta com o materialismo e por meio de dados
irrefutáveis e positivos demonstrou a imortalidade da alma e, em consequência,
a existência de Deus.
O materialismo
recebeu então em pleno peito o golpe fatal que o fez cair por terra, no momento em que o edifício religioso tremia
para baquear.
*
Ainda hoje, o
conflito continua. A luta jornalística, originada da intolerância e intransigência
de alguns iniciados apaixonados, está claramente manifesta entre os romanos, os
cismáticos, os protestantes e já até mesmo entre os teosofistas e os
espiritistas. Mas, se estes entraram no conflito, foi porque alguns de seus
confrades se fizeram apóstolos de uma doutrina que não conhecem. Talhada para
fins bem mais elevados, essa doutrina apareceu na terra para combater o ceticismo
demolidor, extirpar da sociedade o cancro materialista, que lhe corrompe o
corpo, minando-o para sua dissolução; para reabilitar as outras religiões, consolidar lhes
as bases, unificar todas as que possuem a bandeira do mesmo Deus num uno e
indivisível corpo, aconchegando-as numa só unidade, pois, na realidade, todas
as que não são de concepções de cérebros humanos, no fundo têm as mesmas causas
e os mesmos efeitos.
Quereis saber
o que são as religiões?
lmaginai uma
montanha para cujo píncaro azulado os nossos olhares se volvem. Para alcança-lo, na montanha vários caminhos existem
em suas encostas, uns íngremes e escorregadios, outros mal s accessíveis e transitáveis,
havendo, finalmente, num dos flancos, um fosso intransponível, insuperável.
Pois bem, imaginai ainda que este píncaro azulado seja o céu, os vários
caminhos existentes as religiões, o talhado intransponível, insuperável, o
materialismo.
Aí tendes uma
imagem que mais ou menos mostra o que são as religiões entre si. Elas têm, como base, os mesmos princípios; como
fim, o mesmo ideal. Todas se encaminham para o mesmo objetivo, na ânsia insaciável
de perfeição.
Devem pois, os religiosos, esforçar-se para que cessem
as dissidências que existem entre eles, deixar de lado tudo que é secundário e unir-se,
pois que marcham para o mesmo Deus.
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