O Undécimo Mandamento
por Vinícius (Pedro de Camargo)
Reformador (FEB) Janeiro 1933
A Leopoldo
Machado
E Jesus,
então, disse: “Um novo preceito vos dou: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos
amei.”
Tal o estatuto
novo, ou o undécimo mandamento.
Este é
realmente o mandamento por excelência, aquele que resume a lei e os profetas.
Amar, todos
amam. Não há vida sem amor. Entre os próprios vegetais existe esse sentimento,
essa vibração universal, que vivifica as obras de Deus.
No reino
animal, das baixas às altas esferas, da mônada ao homem, o amor é o agente preponderante.
Mas, não basta
amar: é preciso amar como o Mestre amou. Nós amamos tais como somos; Ele ama tal como é. E todo o seu
desejo, toda a sua aspiração é nos fazer amar como ele ama. “Quero que onde eu
estou estejais vós também.” Elevar, até ao seu, o nível do nosso amor, tal o objeto
da sua paixão.
Todos amam
como permitem suas condições atuais. O estado de cada um de nós determina a
natureza ou o grau do nosso amor. Amamos como podemos e não como devemos. E, se
não podemos mais, nem melhor, é porque ignoramos. Saber é poder em todo o
sentido. Conhecer mais e melhor a essência do amor é amar mais e melhor. “Deus é amor”, amor que tudo abrange no imensurável
cenário universal. Os benefícios que desse amor decorrem estão na proporção do
grau de nossa percepção e da nossa correspondência.
Sentir e
corresponder ao amor de Deus é desvendar todas as maravilhas do Universo, é
penetrar todos os mistérios e resolver todos os problemas da vida.
Amar é ter a
alma em estado de santidade. Santificar é amar. “Santificado seja o teu nome”
quer dizer: Deus seja amado. Se amado, é louvado, engrandecido e honrado
naquele que o ama.
Quando amamos,
realmente, o objeto desse amor é santificado em nós. O amor é o único fator de
redenção. Redime lavando as nódoas e as manchas do pecado nas águas lustrais da
santificação.
“Eis o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” O amor de Jesus é amor de redenção:
santifica todo aquele que o recebe. “Aos que nele creem concede o direito de se
tornarem filhos de Deus.” .
Amor é luz. “Eu
sou a luz do mundo. Sob seu mágico influxo se desfazem os vincos sombrios do
crime e os estigmas do vício, como as trevas se dissipam à chegada da luz.
O amor é
poder. Só ele é capaz de transmudar o mal no bem, o egoísmo no altruísmo. Só ele transforma caracteres e
converte corações. “Eu venci o mundo.”
O amor é paz e
alegria. Paz no seio das lutas fecundas que constroem. Alegria que retempera o ânimo
e refrigera as almas, sem lhes afetar o senso e a circunspecção. Paz e alegria íntimas
profundas, por isso inaccessíveis às contingências do exterior. “A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou;
não vo-la dou como a dá o mundo.'
Amar é
santificar: nunca será demais repeti-lo. E a esse amor que se refere o Verbo
Humanado quando, ao despedir-se dos seus, lhes disse: Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei; isto é, com o amor que redime, santificando e divinizando as
almas.
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