terça-feira, 7 de maio de 2019

Na hora da prece







Na hora da prece
por
Reformador (FEB) Janeiro 1920

            Como se faz dolorosa e triste esta existência! Indago, percorro todos os escaninhos de minha alma, para conhecer a causa de meus sofrimentos e nada encontro! Não sei porque sofro tanto!

            Aqueles que se diziam presos a mim pelos laços de amizade, já pedi; contei as mágoas de minha vida, as cruéis provações de minha jornada, e em nada me valeram: a todos causei dó e nada mais!..

            Oh! Deus de minha alma, que hei de fazer? Já que me tens experimentado tanto, dá-me, agora, uma inspiração, pois, do mundo nada mais espero. Aqui neste âmbito de tenebrosas lutas só predomina o ouro, terrível látego das almas simples e bem formadas.

            Ouro! Maldito metal que enxota os mais delicados sentimentos de uma alma, os mais puros e elevados surtos da imaginação!

            Os ambiciosos e maus, abrem as mãos e alegres o deixam correr para a jogatina,  beberagens e toda sorte de depravações; mas se um infeliz pai de família pede-lhes uma esmola para socorrer as necessidades de seu lar, negam-lhe e com uma piedade fingida,
dizem:
           
            Vieste tarde, meu amigo, infelizmente, agora, estou desprevenido...

            E assim são os homens: quanto mais avultada lhes é a fortuna, mais ambiciosos e tiranos se tornam!

            Oh céus! perdoa os infelizes e dá-me, de novo, a paz de que tanto necessito.

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