quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Religião e Psiquiatria - Partes 1 e 2



Religião e Psiquiatria – Parte 1
Zêus Wantuil
Reformador (FEB) Fevereiro 1953

            Servir-nos-emos, neste giro ao país da Psiquiatria, em suas relações com a Religião, da interessante obra. - "Modem Psychiatry" (1945), da autoria do Dr. William S. Sadler, membro da American Psychiatric Association" e da "American Psychopathologic Association", além de "Consulting Psychiatrist to Columbus Hospital" e "Consultant In Psychiatry, The W. K. Kellog Foundation".

            De início declara ele que os clínicos em geral, e todos os outros especialistas de Medicina e Cirurgia, devem ter mais interesse na higiene mental dos pacientes, acreditando - e com satisfação para todos nós - que "o médico do futuro está destinado a sobrepor-se aos ministros de Igreja, dispensando coragem, confiança e estoicismo aos seus pacientes, os quais são todos mais ou menos destrambelhados dos nervos e desencorajados na alma".

            Mas, para isso, preciso se faz clarear o modo por que essa assistência se deve processar: "não a golpes verbalísticos de psicanálise, senão socorrendo-os (os doentes) com a força da fraternidade e do amor, a fim de que logrem a imprescindível compreensão com que se modifiquem, reajustando as próprias forças... (F. C. Xavier, "No Mundo Maior").

            Enquanto muitos dos nossos distintos psiquiatras, em particular o Dr. Henrique Roxo, enchem suas obras didáticas de uma terapia quase que exclusivamente farmacológica, não se esquecendo o mencionado médico do "miraculoso" valerianato de atropina para os casos que ele classifica de "delírio espirita", medicamento esse com que pretende exterminar todos os médiuns, - o Dr. Sadler envereda-se por uma, extensa e importantíssima psicoterapêutica que abrange a socialização, a recreação, a reeducação, a filosofia, a religião, a ocupação, a leitura, etc.

            Trataremos da terapia religiosa que constitui o ponto de nosso estudo, e à qual Sadler empresta relevante alcance.

            Referindo-se à prece, ele lhe reconhece valor terapêutico, qualquer que seja o sistema religioso a que ela se associe, e afirma à página 759 de sua obra: “Considero a prece como o principal processo de cura mental e a experiência religiosa como a mais alta e verdadeira forma da psicoterapia.
           
            "Nenhuma dúvida pode haver de que a religião de Jesus, quando convenientemente compreendida e sinceramente praticada, possui, além do poder de prevenir, o de curar numerosas doenças mentais, dificuldades morais e desordens da personalidade. Deve-se tornar manifesto que o medo e a dúvida são ocasionadores de doenças, enquanto que a fé e a esperança são doadoras de saúde: e, em minha opinião – prossegue ainda o Dr. Sadler -, as mais amplas possibilidades de fé e o mais excelente vigor de esperança acham-se expressos nas crenças sublimes da experiência religiosa. Os ensinos do Cristo são os maiores exterminadores conhecidos da dúvida e do desespero."

            Mais adiante, expondo o valor profilático da religião, torna a afirmar: “A sincera aceitação dos princípios e ensinos do Cristo que conduzem à vida de paz e alegria mentais, à vida de pensamento desinteressado e viver puro, extinguiria, de uma vez, mãos da metade das dificuldades, doenças e aflições da raça humana.  

            "Em outras palavras: mais da metade da presente aflição da Humanidade poderia ser evitada pelo extraordinário poder profilático de uma vida orientada realmente conforme o espírito prático e individual dos ensinamentos positivos do Cristo.

            "Os ensinos de Jesus, aplicados à nossa civilização moderna - judiciosamente aplicados, não mera e nominalmente aceitos - de tal forma nos purificariam, elevariam e vitalizariam, que a raça imediatamente se distinguiria dentro de uma nova ordem de coisas, entrando na posse de um poder mental superior e de uma força moral engrandecida."

            Em confirmação dessas verdades, citamos as palavras constantes na obra mediúnica - "No Mundo Maior": "É indispensável penetrar a alma, devassar o cerne da personalidade, melhorar os efeitos socorrendo as causas; por conseguinte, não restauraremos corpos doentes sem os recursos do Médico Divino das almas, que é Jesus Cristo. 0s fisiologistas farão sempre muito, tentando retificar a disfunção das células; no entanto, é mister intervir nas origens das perturbações."             

            Noutra página, pontifica então o mesmo doutrinador espiritual: "E, em nosso campo de observação mais clara, podemos adir que todo desequilíbrio promana do afastamento da Lei."

            O psiquiatra americano, à pág. 761, manifestando o valor da prece verdadeira, diz que esta maneja poderosos fatores mentais, morais e espirituais, e que sendo ela sincera, como deve ser, "comunica ao suplicante coragem moral e confiança saudável".

            "Não consideramos a prece - explica o Dr. Sadler - como meio de alterar a vontade de Deus. A Mente Divina não necessita modificada.

            "E, embora isto seja verdade, a prece indubitavelmente exerce transformação na pessoa que ora, e esta transformação, na mente da alma que ora, é, às vezes, imediata, profunda - inexplicável mesmo."

            "A prece - continua o psiquiatrista. -, além de originar a coragem moral, cria também uma energia espiritual, sendo capaz de, direta e imediatamente, influenciar as funções do corpo, e, isto, muito poderosa e benignamente; ou melhor, a prece cheia de fé exerce sua influência benéfica sobre o corpo, ao passo que a prece maquinal, por assim dizer, pode ser altamente prejudicial à saúde física. Aquela é um meio de trazer o corpo sob a sujeição da mente, levando esta à obediência às sugestões espirituais da Mente Cósmica."

            Emmanuel, em "O Consolador", ratifica essas ponderações, dizendo: "Os corações que oram e vigiam, realmente, de acordo com as lições evangélicas, constroem sua própria fortaleza, para todos os movimentos de defesa espontânea.” 

            O psiquiatra Sadler passa em seguida a comentar a "perversão" da prece por aqueles que, embora tendo conhecimento de Deus, empregam-na na consecução de coisas materiais, pessoais, num verdadeiro fanatismo que intenta quebrantar as leis da Natureza.

            Encerra esse estudo, ponderadamente, o Dr. Sadler, dizendo que deveriam ser observadas na prece as palavras do Cristo no jardim de Getsêmani: "Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade mas sim a tua."

            Estudando a fé como remédio, declara o referido autor que "as terapêuticas modernas reconhecem a necessidade de ministrá-la ao homem integral - mental e moral. bem como material; ao espiritual, assim como ao psíquico."

            A fé, não constituindo para ele simples crença ou mero adjunto teológico a uma religião especulativa, é, antes, “atributo vitalizante da mente” – possui considerável possibilidades psíquicas e extraordinários poderes terapêuticos. Tolstoi certa vez chamou-lhe "a energia da vida" - lembra SadIer, que prossegue:

            A fé requer a consagração da mente total, a concentração das afeições sobre uma dada ideia ou sobre um objeto preconcebido. A fé requer e implica um controle perfeito das emoções - a cooperação das forças espirituais de um lado, com as forças materiais, do outro. A mais elevada manifestação da prece, de que se tem conhecimento, encontra-se na vida e nos ensinos de Jesus, que representam a ação mental, o exercício moral e a força espiritual dos mais positivos, poderosos e transcendentes que o homem conhece.”

            A ''fé de Jesus", continua o mesmo autor, é uma força maravilhosa - poder divino humano - e não deve ser confundida com as discussões de fé, num sentido puramente psicológico ou teológico.

            E prossegue o respeitável psiquiatra em suas lições: “A fé é tremenda força motora, e, uma vez dominando a alma, é capaz de proteger a mente e controlar o corpo, combater a doença e mitigar a dor, de subjugar a tristeza e estabelecer a paz.

            A fé religiosa seria o melhor preventivo das doenças da alma e o mais poderoso meio de curá-las, se tivesse suficiente vida para criar um verdadeiro estoicismo em seus seguidores, Neste estado da mente, que é - ai de nós! – tão rara no mundo pensante, o homem se torna invulnerável. Sentindo-se amparado por seu Deus, ele não teme nem a doença nem a morte. Poderá sucumbir sob os ataques das enfermidades físicas, mas moralmente permanece sereno no meio de seus sofrimentos e é inacessível às emoções pusilânimes do neuroticismo.”

            Em apoio dessas palavras, vem escrito na obra "No Mundo Maior", de Francisco Cândido Xavier:

            “Se o patrimônio da fé religiosa representa o indiscutível fator de equilíbrio mental do mundo, que fazeis do vosso tesouro, esquecendo-lhe a utilização, numa época em que a instabilidade e a incerteza vos ameaçam todas as instituições de ordem e de trabalho, de entendimento e de construção? Não vos assombra, porventura, acordando-vos a consciência, a borrasca renovadora que refunde princípios e nações? Supondes possível uma era de paz exterior, sem a preparação interior do homem no espírito de observância e aplicação das Leis Divinas?"

            Infelizmente, observa o Dr. Sadler, “as religiões dos tempos modernos correm o iminente perigo de se tornarem insustentáveis e debilitadas. O mundo de hoje necessita mais dos militantes sabiamente dirigidos, porém, pelo espírito do Filho do Carpinteiro", daqueles dos tempos apostólicos, os quais “guerreavam os desequilíbrios da sua época e de seus contemporâneos, não a golpes de maldição, nem a fio de espada, mas pela prática da renunciação, submetendo-se a disciplinas cruéis e revelando, nas palavras, nos pensamentos e nos atos, a mensagem sublime do Mestre que lhes renovara os corações.” (“No Mundo Maior”)

            O Dr. Sadler trata, em seguida, da nutrição espiritual, tão esquecida, diz ele, pela grande maioria dos indivíduos que alimentam bem seus corpos e suas mentes, mas deixam "padecer de fome" a alma, que se debilita, ficando incapaz de exercer sua ação benéfica e protetora contra as Influências desequilibrantes que acabam por dominar a mente, conservando-a num estado de conflito e desespero.

            Aconselha ele, mais além, que não se deve tolher a liberdade na escolha da religião, e se uns indivíduos se adaptam a uma determinada, já com outros o mesmo não sucede. Por esta razão, é que nós, os espíritas, deixamos as religiões de nossos pais ou avós, e buscamos o Espiritismo evangélico, onde o Livro da Vida, estudado à luz do coração e da razão, guarda a beleza e a pujança dos seus primeiros albores na Judeia distante.

            Adquirindo - agora, sob o Consolador, o "amai-vos uns aos outros" um fulgor nunca dantes revelado aos nossos olhos, é razoável que consideremos o Espiritismo - "prodigioso núcleo de compreensão sublime" - "uma escola mais elevada e mais rica" (“No Mundo Maior”), onde todos os desalentados, revoltados e aflitos encontram ânimo, compreensão e consolação, criando, destarte, um estado mental e espiritual intenso a psiconeuroses fatais.

            “Lado a lado com a diminuição da crença religiosa - escreve Carl G. Young, psiquiatrista suíço e antigo aluno de Freud, do qual divergiu em particularidades importantes -, as neuroses se tornam perceptivelmente mais frequentes.”

            Principalmente a começar do século passado, com as maravilhosas investigações e descobrimentos da Ciência, com o aparecimento de novas concepções filosóficas e sociais, o espírito religioso entre os homens foi vertiginosamente decrescendo, visto que a religião predominante, vivendo em politicagens com os Césares, dogmática por excelência, apegada à letra, afastada da mansidão e da simplicidade e escravizada aos interesses mundanos, não mais satisfazia às consciências.

            “O espírito humano, despido das vestes da puberdade, com o juízo amadurecido para assimilar algo da verdade, tateava entre vacilações e incertezas." (F. C. Xavier, “Emmanuel".)

            Diante desse estado de coisas realmente alarmante para a desnorteada Humanidade, de consequências desastrosas para a mente do homem, surgiu o Consolador prometido por Jesus: “o céu descerrou um fragmento do seu mistério e a voz dos Espaços se fez ouvir.” (“Emmanuel”.)

            Novas claridades envolveram a Terra e a "Religião da Verdade" - o Espiritismo -, como arauto dessas manifestações da misericórdia divina, dirigiu-se ao coração, bem como ao raciocínio, consolando a um, satisfazendo a outro.
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Religião e Psiquiatria – Parte 2
Zêus Wantuil
Reformador (FEB) Fevereiro 1953

            Prosseguindo na citação de trechos da "Modern  Psyquiatry" do Dr. Sadler, transcrevemos o que o autor escreve a pág. 765: "de todas as fases da “cura pela leitura”, que foram acompanhadas com surpreendentes resultados, devo em primeiro lugar mencionar o estudo terapêutico da Bíblia.”

            Ressalvando os casos de certos pacientes nervosos, hiper emotivos, demasiadamente religiosos, que podem ser mais prejudicados conservando suas mentes inteiramente centralizadas no estudo da Bíblia e na leitura religiosa, o Dr, Sadler declara que “muitos pacientes nervosos, que espiritualmente estão em necessidade, subnutridos mentalmente, encontram grande auxilio e estímulo na leitura cotidiana e sistemática da Bíblia”. O próprio autor recomenda mesmo alguns livros da Bíblia, da qual cita, em seguida, perto de 50 textos que ele, além de outros colegas, comumente utilizam nesse processo terapêutico.

            Apenas anotaremos às considerações do Dr. Sadler - e este certamente há de reconhecer o que afirmamos - que o valor terapêutico da Bíblia, e mais particularmente dos Evangelhos, está na razão direta da interpretação e compreensão, em espírito e verdade, que àquele Livro ligamos, e, em grau maior, COJU o sentir e aplicar os ensinos nele contidos.

            “A lição do Mestre não constitui tão somente um impositivo para os misteres da adoração. O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. Espera o Cristo venhamos todos a converter- lhe o Evangelho de Amor e Sabedoria em companheiro da prece, em livro escolar no aprendizado de cada dia , em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no trabalho comum e em código de boas maneiras no intercâmbio fraternal." (F. Cândido Xavier, “Caminho, Verdade e Vida”)

            O Dr. Sadler analisa o proceder do sacerdote e do médico atuais, exclusivamente dirigidos, cada um, para seus pontos de vista, ignorando ambos, totalmente, os verdadeiros princípios da medicina mental e sua verdadeira prática.

            “Os antigos teólogos - comenta ainda Sadler - dirigiam a terapêutica dentro de vias supersticiosas, e em muitas outras ocasiões sufocaram a investigação científica e o progresso da terapêutica; por outro lado, os mestres da Medicina se foram tomando mais e mais materialistas e gradualmente solaparam as fundações espirituais do auxílio religioso.

            Como consequência de tudo isso, houve o divórcio entre a Religião e a Ciência em geral. Esta, no dizer de Emmanuel, "criou a academia e a religião sectarista criou a sacristia. Uma empoleirada na negação absoluta e a outra nas afirmações arriscadas e absurdas. Uma e outra, abarrotadas de dogmas e preconceitos, repelindo-se como polos contrários, dentro dos seus conflitos tem somente realizado separação em vez de união, guerra em vez de paz, descrença em vez de fé, arruinando as almas e afastando-as da luz da verdadeira espiritualidade.”  (F. C. Xavier, “Emmanuel”.)

            Sadler crê firmemente no auxílio efetivo que a religião pode trazer à medicina, em trabalho de conjunto, harmoniosamente ligada para o mesmo fim. Segundo suas informações, há cerca de 40 anos que ele toma anotações com respeito à influência da religião sobre seus pacientes.

            De suas observações quanto aos resultados bons e maus, formula então um resumo dos benefícios e dos perigos que a religião apresenta na prática psiquiátrica. É assim que entre os fatores religiosos que têm concorrido como causa de perturbações psíquicas e emocionais, podendo, além disso, retardar ou impedir o restabelecimento de doentes, cita o psiquiatra americano uma série deles, que transcrevemos a seguir:

            “Pode haver um sentido real na frase - “o temor do Senhor é o começo da sabedoria." (Provérbios de Salomão, 1:1), mas estou inclinado a crer - declara o Dr. Sadler - que esse medo deveria ser compreendido mais como uma reverência do que um tipo biológico de medo que tão comumente observamos ser um fator etiológico, senão a base fundamental, verdadeira, de muitas manifestações psiconeuróticas.

            “Entre os primeiros doentes que foram recebidos nos hospitais de insanos, localizados em meia dúzia de Estados da Nova Inglaterra, há cerca de cem anos, contaram-se os acidentes pelo medo, que surgiram em certas personalidades instáveis, como consequência do excitamento e da ansiedade produzidos pelo chamado "movimento de Miller” , homem este que profetizou o fim do mundo para o ano de 1814."

            "Há um século que os médicos têm observado o estado neurótico ruinoso que tão frequentemente se segue aos intensivos "meetings" de revivescimento religioso, cuja nota dominante na última geração, era o comuníssimo “inferno de fogo e enxofre”. As religiões fundadas no medo operam mais como causa de distúrbios neuróticos que como cura: e isto tem sido real, através das idades, até mesmo no presente, quando os médicos começam a relacionar desordens nervosas e mentais entre os seguidores do Pai Divino, o pregador de cor de Harlem, Nova York, a quem muitos dos pretos olham como uma personalidade sagrada.

            “Se a fé religiosa é mais potente que a crença ordínária na cura de perturbações ps1quicas, deve-se reconhecer que o medo religioso é a mais poderosa de todas as formas de medo à causação dessas mesmas perturbações."

            Infelizmente, o "inferno de fogo e enxofre" continua sua ação nefasta e desequilibrante do alto dos Púlpitos da Igreja Católica. A medonha excomunhão espera sempre à porta o crente que deseje conhecer outros ares. Dogmas rígidos e inflexíveis mantém seus prosélitos presos pela angústia do medo.

            Hoje, felizmente, não mais funciona a “Casa dos Tormentos" da negra Inquisição, não mais se aplica o "crê ou morre", que trazia milhões de mentes em constante estado de terror, e, embora a punição eterna depois da morte já não impressione tanto os crentes, exerce, todavia, entre os beatos e as beatas, sua ação prejudicial, conservando-os, pelo medo, num estado de ininterrupta atalaia contra inesperadas infrações da Lei divina, o que, em pouco tempo, os leve, a triste estado de tensão nervosa.

            O Espiritismo proscreve o medo através de suas sábias e racionais elucidações da vida presente, passada e futura, colocando no ápice de seus ensinos a esperança consoladora a clarear os caminhos dos filhos de Deus.

            Por esta razão é que o Dr. Pinto de Carvalho, ilustre lente de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Bahia, judiciosamente afirmou: "Nunca haveria de subscrever o juízo do meu eminente amigo Prof. Austregésilo, quando declarou que – “para a neuro-psiquiatria o Espiritismo é um mal". Subscreveria, sim, dissesse ele: - “para a neuro-psiquiatria a religião pode ser um mal." (C. Imbassahy, “Espiritismo e Loucura”.)

            O Dr. Sadler passa, em seguida, ao estudo do "complexo de culpa", e diz: "A religião tem, infelizmente, mas em muitos casos não intencionalmente, em consequência mesmo do caráter da pregação,  tem contribuído amplamente para o aumento do complexo de culpa entre certos tipos introvertidos de seus aderentes. O esforço dos pregadores religiosos para “convencer” seus ouvintes “de pecado” tem agravado grandemente as dificuldades conscienciais e as fantasias de punição de muitos crentes religiosos.”

            Nas pregações deve, antes, existir o espírito do manso Cordeiro. “Vai e não peques mais” - simplesmente disse Ele à mulher adúltera. “Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” - exprobrou os fariseus e escribas e a multidão.

            Há casos de indivíduos - comenta o Dr. Sadler - que procuram a religião, fugindo à realidade e às responsabilidades da vida e compensam esses sentimentos de inferioridade com um “complexo de superioridade” religiosa, que pode às vezes levá-los perigosamente às proximidades dos limites da paranóia.

            A seguir, o mesmo psiquiatra mostra as desilusões e os desânimos arrasadores a que certas seitas religiosas conduzem os pacientes que as buscam, pois essas seitas prometem o impossível nos processos de cura, “cura divina” como a denomina o Dr. Sadler.

            Cremos que de forma alguma o autor se lembrou de referir-se ao Espiritismo, pois os  médiuns curadores apenas transmitem de graça o que de graça receberam, não prometendo o impossível, mas colocando a Vontade Divina sobre todas as coisas.

            “Os crentes religiosos semi-fanáticos - declara o autor em questão -, que atribuem toda a saúde a uma graça de Deus e que olham todas as formas de doença como expressão da “ira da Divindade”, quando doentes, esmorecem continuamente, progridem em seus estados depressivos, convictos de que estão enfermos porque se afastaram dos preceitos Divinos.”

            Ora, O Espiritismo, em todos os seus livros e em todas as ocasiões prega que Deus é amor. Em nós mesmos é que encontraremos o porquê das doenças que nos afetam, seja por uma condição intrínseca ao nosso organismo de carne, seja por influências psíquicas sobre o corpos somático, o que deu origem à ciência psicossomática, seja, enfim consequência da aplicação do “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, dentro das leis da reencarnação.  

            Adiante, acrescenta o Dr. Sadler: “As religiões primitivas poderiam ter alguma desculpa por sua intolerância, mas que defesa apresentam as crenças cristãs em sua intolerância e em suas perseguições cruéis? Prevenção, iliberalidade e fanatismo são fatores destrutivos da paz mental, e conduzem aos conflitos psíquicos e aos desajustamentos sociais."

            Sim, que defesa apresentarão as crenças cristãs em sua intolerância separativista, se Jesus sempre exemplificou a união, a concórdia, a compreensão e a tolerância? É Rui Barbosa quem diz que, no passado, “por parte e a benefício da ortodoxia, derramou-se mais sangue do que nas mais sanguinosas contenções dos partidos profanos, das utopias sociais e das revoluções políticas.” (“O Papa e o Concílio.”)

            Hoje, continua a grande Águia de Haia, "Já não se armam na praça os “quemaderos”; já o índice expurgatório não tem a seu soldo o verdugo; já os tribunais eclesiásticos não dispõem do potro e da poté: já não se capitula na lei penal a quebra do jejum, a inobservância do domingo, a leitura de escritos heterodoxos; já não se impõem aos apóstatas a morte civil e o confisco; já não se segregam da povoação para bairros defesos, como leprosos, os adeptos do mosaísmo ou do Corão.

            “Extinguiram-se, sob a mais geral e irrevogável reprovação, aquelas ferocidades bestiais do fanatismo.” (“O Papa e o Concilio”).

            Apesar de tudo isso, dizemos nós, a intolerância acerada ainda prossegue nos escritos e nos púlpitos, até mesmo no Além-Túmulo, contra as demais religiões, e, agora. - e com mais vigor - principalmente contra o Espiritismo. Que pensar, então, do que se vê? Concordamos com Rui, que assim explicou: “Repugnando a liberdade absoluta de cultos, dão ao mundo os católicos destes tempos um espetáculo deplorável que desonra a confissão de que são membros. Uma de duas: ou os engoda a vantagem mundana das regalias materiais, que a intolerância assegura aos privilegiados; ou desconfiam da procedência celeste da fé em que militam." (“O Papa e o Concílio”.)

            Ainda recentemente, a revista jesuítica "La Civiltà Cattolica", segundo o "Time" de 28-6-48, declarou por suas colunas, com pasmo para todos, que – “a Igreja não tem de que se envergonhar quando revela a sua falta de tolerância”!!

            O Espiritismo, bem ao contrário, abre de par em par suas portas e recebe todos os filhos de Deus, sejam eles protestantes, católicos, budistas, ateus ou materialistas, tudo envidando por minorar lhes os sofrimentos, independente de qualquer confissão ou profissão de fé religiosa. Seu lema é, e continuará a ser: - Trabalho, Solidariedade e Tolerância.

            Ensina-nos Allan Kardec que “toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem” (“O Livro dos Espíritos”); mas o que é necessário é - ainda na palavra de Rui Barbosa - "extinguir esse maléfico instinto das religiões privilegiadas, o odium theologicum, e criar nas almas, acima de todas as confissões, um laço de confraternidade superior, vigoroso elemento de fé e civilização. (“O Papa e o Concílio”).

            Todos os intolerantes religiosos deviam ler, reler e perler o trecho a seguir, do Espírito de Calderaro (“No Mundo Maior”): "Intoxica-vos o dogmatismo, corrompe-vos a secessão. Estreitas interpretações do plano divino vos obscurecem os horizontes mentais.

            “Abris hostilidade franca, em nome do Reino de Deus que significa amor universal e união eterna.

            “Conspurcais a fonte das bênçãos, amaldiçoando-vos uns ao outros, invocando, para isso, o Príncipe da Paz, que, para ajudar-nos, não hesitou ante a própria morte afrontosa.

            “A que delírio chegastes, estabelecendo mútua concorrência à imaginária obtenção de privilégios divinos?

            “Infrutífera seria a divina missão do Mestre, se a Boa-Nova permanecesse circunscrita às trincheiras sectárias, onde presunçosamente vos refugiais, com o objetivo de inflamar a execranda fogueira das hostilidades simuladamente cordiais.

            “Como invocar lhe o nome para justificar os desvarios da separação por motivos de fé? como apoiar-se no Amigo de Todos para deflagrar embates de opinião, acendendo fogueiras de ódio em prejuízo da solidariedade comum que Ele exemplificou até no supremo sacrifício? não será denegrir lhe a memória, difundir a discórdia em seu nome?

            Que essas interrogações façam refletir aqueles que “têm olhos de ver e ouvidos de ouvir”.

            Acompanhemos o Dr. Sadler, que agora menciona as causas religiosas conducentes à desorganização mental, escrevendo: “Muitas religiões têm cultivado a superstição tanto quanto o medo. Só recentemente a religião começa sua libertação desta enorme sobrecarga de dogmas supersticiosos. No passado, a religião obstinadamente impugnou os avanços da ciência e mesmo hoje, às vezes, previne seus adeptos contra as práticas psiquiátricas.”

            Na realidade, a religião católica não começa a realizar em si a libertação de dogmas danosos. Os crentes, sim, é que, não mais podendo aceitá-los, os expunge pouco a pouco, de si mesmos.

            O passado de que fala o autor já é de todos conhecido, e fastidioso seria relembrá-lo. Contudo, o Dr. Xavier de Oliveira, psiquiatra das bandas de cá, parece não concordar com o Dr. Sadler, e declara, combatendo aleivosamente o Espiritismo, que “o Cristianismo Católico” é para ele, “a religião de escolha" no Brasil, “aquela em que o dogma - crê em tudo e crê sem hesitação - não deixa margem para as indagações e interpretações que, nas outras, principalmente o Espiritismo, são I) caminho para a dúvida, a ideia fixa, a obsessão, a angústia e a loucura. (“Do direito de testar dos insanos”, 1946, pág. 115.) 

            Quae te dementia cepit? Que disparate! e partido de um médico que se nomeia psiquiatra!

            Então o raciocínio livre e inteligentemente dirigido não tem razão de ser? Desceremos a tal ponto, de aceitarmos asnaticamente as mais manifestas
incongruências afastados de toda crítica sã e racional?

            Quererá o Dr. Xavier, hoje, contra todos os ensinos da lídima prática psiquiátrica, reviver aquela idade de trevas em que o "crê ou morre" dominava? Acaso terá em mente proscrever de nossas leis a liberdade religiosa pela qual tantos homens cultos batalharam, inclusive Rui Barbosa? Acaso concorda ele - e assim parece ser - com o episcopado belga que assegurava ser a liberdade de cultos “incompatível com os dogmas da religião católica” (“O Papa e o Concílio”) e anseia, por isso, alijar o Espiritismo do Brasil?

            Não, não cremos, e ninguém pode crer, que o Dr. Xavier de Oliveira firme seus pontos de vista em reais bases psiquiátricas.  

            A improcedência e o caráter totalitário de suas afirmações são de pasmar a qualquer ser pensante liberto de fanatismos degradantes, seja médico ou não.

            Não vemos por onde conciliar as ideias dogmáticas e extremistas do Dr. Xavier com as lições libertadoras e evolucionistas do Espiritismo, que veio trazer ao Mundo uma nova esperança.

            É o Espírito de André Luiz, ex-médico na Terra, que em "Obreiros da Vida Eterna" nos traz os esclarecimentos sobre aquilo que dissemos e que por certo darão que pensar ao Dr. Xavier e correligionários.

            Assim escreve ele: "Como transferir imediatamente para o inferno a mísera criatura que se emaranhou no mal por simples influência da ignorância? que se dará, em nome da Sabedoria Divina, ao homem primitivo sedento de dominação e de caça? - a maldição ou o alfabeto? Por que processo conduzir ao abismo tenebroso o Espírito menos feliz, que obteve contato com a verdade, no justo momento de abandonar o corpo?

            “Como haver-se, no paraíso, o pai carinhoso cujos filhos fossem entregues a Satã? que alegria se reservará à esposa dedicada e fiel, que tem o esposo nas chamas consumidoras?

            “Como justificar um Inferno onde as almas gemessem distantes de qualquer esperança, quando, entre homens imperfeitos, ao influxo renovador do Evangelho de Jesus-Cristo, as penitenciárias são hoje grandes escolas de regeneração e cura psíquica?

            “O Espiritismo começou o inapreciável trabalho de positivar a continuação da vida além da morte, fenômeno natural do caminho da ascensão. Esferas múltiplas de atividade espiritual interpenetram-se nos diversas setores da existência. A morte não extingue a colaboração amiga, o amparo mútuo, a intercessão confortadora, o serviço evolutivo. As dimensões vibratórias do Universo são infinitas como infinitos são os mundos que povoam a Imensidade.

            “Ninguém morre. O aperfeiçoamento prossegue em toda a parte.

            “A vida renova, purifica e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União Suprema com a Divindade.”

            Em prosseguimento às observações do Dr. Sadler, veremos que este declara que “as religiões muitas vezes também favorecem, sem intenção, o fanatismo". E continua: “A religião pode libertar seus profitentes do medo, mas desde que eles estejam imbuídos de uma exaltação fanática que confina com a egomania e ilusões de superioridade espiritual, tal exaltação frequentemente resulta em sérias reações de depressão e melancolia.”

            Os jornais diários, através de fatos e mais fatos, têm registado os efeitos desastrosos do fanatismo religioso, ocasionador de distúrbios mentais e motivo de tristes lutas separatistas de homens e povos.

            O passado e ainda o presente estão cheios de fatos tais. Convenhamos, entretanto, em que nem sempre esse fanatismo nasce “inconscientemente”, por assim dizer. É ele, não poucas vezes, instilado lenta e ardilosamente entre as massas menos esclarecidas, incitando-se lhes a aversão, o ódio e até mesmo a perseguição contra aqueles que, novos pegureiros do Evangelho, lhes surjam à frente.

            Os exemplos, aqui no Brasil, e no exterior, são por demais conhecidos, dispensando-nos de a eles nos referirmos.

            Se o fanatismo religioso se traduz em maus frutos, o mesmo se dá com o fanatismo das escolas científicas. Valendo-se de suas posições mundanas, postados em pedestais ilusórios, os homens da Ciência alimentam, às vezes, tais antinomias neuróticas contra quem deles divirja no modo de entender ou interpretar as coisas, que chegam às raias dos disparates, afastando-se do âmbito do bom senso e do critério que devem presidir às enunciações do verdadeiro homem de ciência.

            Tomado de uma espécie de misoneísmo, espiritismofobia, espiritofobia, ou seja lá o que for, vem o Dr. Xavier declarar - relembrando-se ainda das fogueiras da Inquisição - "que à higiene e a profilaxia do Espiritismo está em se queimarem todos os livros espiritas".  "Espiritismo e Loucura”, 1931, pág. 192).

            Com o espírito Intolerante e absolutista deste psiquiatra, só nos resta aconselhá-lo a procurar um colega, pois certamente sofre de alguma psiconeurose violenta, que lhe passa despercebida ao auto-exame. Deve ele ouvir também o distinto psiquiatra Dr. Inácio Ferreira, que afirmou, com a convicção doa fatos, que “0 Espiritismo, libertando o homem do fanatismo, das crendices e das superstições, é um fator do equilíbrio psíquico". (Carlos Imbassahy, “Espiritismo e Loucura”).

            Mas, vamos adiante. No capítulo dos beatos, o Dr. Sadler diz que eles, por sua excessiva subjetividade, tendem para a contemplação de si mesmos (self-contemplation) e para um exame introspectivo mórbido, o que os conduz a um recolhimento doentio, aumentando-se lhes a tendência para a hiperemotividade. Muitos deles são morbidamente passivos, mas “como reação aos estados de falsa piedade e de docilidade anormal, podem ocorrer períodos de excitação que revestem a natureza de “exaltações emocionais".

            Não rebateremos nessa tecla, pois é de todos sabido os prejuízos adventes do excessivo zelo religioso, da devoção "encolhida" e infrutuosa, que quase sempre encerram, no fundo, hipocrisia doentiamente mascarada.

            Passados em revista os aspectos contrários da religião no perfeito equilíbrio da mente humana, o Dr. Sadler expõe os incontáveis benefícios prodigalizados pela religião, frisando, porém, que aquela a que ele se refere está fundada no amor, como o estão os ensinos de Jesus, Assim - declara ele -, “ela não proclama nem terríveis ameaças de punição eterna, nem um Inferno inextinguível; não proclama um Deus irado e ciumento, mas, antes, ensina “a complacência de Deus, que move ao arrependimento”.

            O mesmo autor tece, a seguir, comentários sobre o conforto e a compreensão que nascem da fé no amor a Deus e na luminosa esperança de uma eternidade, seja nas experiências catastróficas e desastrosas da Humanidade em geral, seja nos episódios penosos e chocantes da vida de cada criatura humana.

            Sempre impregnado de grande otimismo com relação ao fator - religião nas curas psíquicas, escreve o Dr. Sadler sobre o imenso auxilio que a religião pode dispensar, no levantamento de pacientes neuróticos desanimados e desiludidos, mostrando-lhes ela um motivo superior na vida, transcendente a todos os outros, transitórios.

            O psiquiatra americano cita ainda outros benefícios prodigalizados pela religião, concluindo, no final, com as palavras de Dorsey: "Por intermédio da poderosa influência da fé, da esperança e do amor, o psiquiatra pode conseguir maravilhas no tratamento das pessoas. Sem esses três poderosos elementos, sua medicação será positivamente superficial”.

            À vista de tudo isto, temos de confessar - e o fazemos despreconcebidamente e sem paixões - que o Espiritismo satisfaz in totum os anseios do Dr. Sadler. É essa uma afirmação que se impõe a todo aquele que penetra, com sinceridade e lealdade, o âmbito dessa Doutrina. E acrescentamos, com André Luiz: “As noções reencarnacionistas renovarão a paisagem da Terra, conferindo à criatura não somente as armas com que deve guerrear os estados inferiores de si própria, mas também lhe fornecendo o remédio eficiente e salutar.”

            Através dessas revelações é que o Espiritismo vem contribuindo para o levantamento do homem, por explicar lhe o porquê dos aleijões, das catástrofes, das guerras, dos ódios, das antipatias, das perseguições, da loucura, da vida e da morte enfim, infundindo-lhe compreensão, renúncia, conforto e esperança, afastando-o, por conseguinte, do abismo, das neuroses.

            Ao contrário, muito ao contrário do que por ai propalam certos psiquiatras, o Espiritismo é atualmente a bóia salvadora de milhões de mentes no oceano encapelado das tormentas e dos desequilíbrios vários que açoitam a Terra em todos o quadrantes.

            Com essas referências, porém, não queremos desmerecer o trabalho cristão dos psiquiatras em geral, que muito têm feito por seus doentes, com abnegação e carinho. Dão o que podem. muitas vezes se estafando na resolução de intrincados problemas relativos à saúde mental de seus pacientes. A eles a gratidão que devemos a todos os benfeitores da Humanidade, e em assim reconhecendo é que o Espírito de Calderaro declarou lealmente: “Cumpre-nos reconhecer que o belo esforço da psiquiatria moderna merece o maior carinho de nossas autoridades espirituais, que patrocinam os médicos diligentes e devotados, oríentando-os para o bem comum, simultaneamente em diversos centros culturais," (F. C. Xavier, "No Mundo Maior".)

            Eis-nos chegado ao fim deste despretensioso trabalho.

            O Espiritismo revela-se nos mais e mais aos olhos como o Consolador prometido por Jesus, orientando-nos a consciência para o perfeito equilíbrio com o Todo.

            Em todos os cantos do Planeta tem feito ecoar o mesmo convite que o mestre da Galileia nos dirigiu há dois mil anos atrás: “Vinde a mim todos os que andais aflitos e vos achais carregados, e eu vos aliviarei.”

            Não desprezemos este abençoado convite!


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