quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Doença e pecado



Doença e Pecado
Ismael Gomes Braga
Reformador (FEB) Fevereiro 1958

            Ofereceu-nos o ilustre médico Dr. Túlio Chaves um exemplar do seu excelente livro - “Medicina Cosmo-psico-somática”, no qual demonstra que é erro grave tratar somente o corpo do enfermo, sem levar em conta a alma do paciente e o meio em que ele vive; porque o corpo é apenas uma parte do homem e recebe poderosas influências da alma e do meio cósmico: clima, ar, Sol, Lua, etc.

            Não teríamos autoridade para analisar o belo livro nem foi ele dirigido a leigos como nós em Medicina.. Vê-se bem, pela linguagem técnica empregada, que o trabalho se dirige somente a médicos. Já havíamos lido antes, no mesmo sentido, o famoso livro de Stefan Zweig – “Heilung durch den Geist” (A cura através do espírito) no qual fica historiada a arte de curar, em diversas idades da Humanidade, começando sempre, em todos os povos primitivos e bárbaros, como dever religioso, missão do sacerdote. Só mais tarde a Medicina foi-se tomando apenas materialista e exclusivamente somática, mas perdendo, por isto mesmo, seu verdadeiro poder de curar.

            A medicina oficial materialista puramente somática, dos nossos dias, considera os processos espirituais de tratamento de doentes como simples charlatanismo; mas ao ler as duas obras acima mencionadas, e mais algumas de bons médicos modernos, que demonstram com fatos concretos o poder do pensamento e dos sentimentos em engendrar doenças ou restaurar a saúde, somos levados à tentação de pensar que um dia, num porvir que não estará muito afastado, a medicina oficial de hoje será tratada igualmente como grosseiro charlatanismo.

            No estudo do Evangelho vemos que, ao tempo de Jesus, a ideia de doença estava muito ligada à de pecado. Passando uma vista rápida pelo Evangelho, encontramos:

            Mat. 9:2 “E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados lhe são os teus pecados!”

            Esse fato está relatado também em Marcos 2;2 a 9 e Lucas, 5:18 a 20.  

            Em João, 9:2 e 3, encontramos o episódio do cego de nascença que foi trazido a Jesus para ser curado. Os discípulos perguntaram: “Rabi, quem pecou este ou seus pais para que nascesse cego?” Por esta pergunta vemos que a ideia de enfermidade estava ligada à de pecado.

            Encontrando, no templo um homem a quem curara de paralisia, Jesus lhe disse, segundo João, 5:14: “Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.”

            Não ê mister citarmos aqui as curas feitas por Jesus e que enchem os relatos evangélicos, porque são conhecidíssimas de todos. Basta-nos apenas lembrar que seus métodos de curar eram puramente espirituais e não materiais. Essa faculdade de curar foi ensinada aos seus discípulos, como vemos em Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, e  amplamente empregada pelos primeiros cristãos.

            Da missão que receberam os discípulos, constava a cura dos enfermos: “... em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós. Curai os enfermos que nela houver...” (Lucas, 10-8-9).

            Se o Médico Maior da Humanidade curava e mandava curar por meios psíquicos e confirmava a crença popular de seu tempo, de que a enfermidade é consequência do pecado, e esta é a tendência de alguns médicos modernos - como o Dr. Túlio Chaves, que proclama a Medicina Cosmo-Psico-Somática - o futuro da Medicina será o seu regresso a um sacerdócio. O médico do porvir será o confessor do doente, para lhe descobrir as causas morais que determinaram o desarranjo físico, e tratará de moralizar o doente para lhe restaurar a saúde, de moralizar o homem são, para que ele não adoeça.

            Mas não nos esqueçamos da pergunta dos discípulos já citada acima, quanto ao cego de nascença: perguntaram se ele teria pecado antes de nascer, para que nascesse cego. Sem esta chave reencarnacionista e os pecados cometidos antes do nascimento, seriam incompreensíveis as doenças e deformidades de nascença.

            O médico-sacerdote do futuro conhecerá a lei das encarnações sucessivas, as influências que os Espíritos desencarnados podem exercer sobre a saúde dos encarnados e reproduzirá os os milagres d'Aquele que conhecia todas estas coisas e possuía autoridade sobre todos os Espíritos.

            Logo, só será bom médico quem possua moral superior para de alguma sorte se aproximar do Divino Modelo.

            O materialismo médico tem que desaparecer e ser substituído pelo espiritualismo médico e, nesse tempo, teremos mais vergonha de ficar doente... Hoje temos pudor de confessar nossos pecados, mas não nos acanhamos de publicar nossas enfermidades, nossas desventuras, porque não percebemos que estas coisas são sintomas apenas de nossa condição de calcetas do pecado, de espíritos inferiores submetidos a expiações.

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