sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Katie King

     

Annie Owen Morgan
Christiano Agarido (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Maio 1951
       
Se nos resta dívida de gratidão aos Espíritos livres que voluntariamente se submetem ao sacrifício de mergulhar na atmosfera penosa e espessa da Terra para nos erguer, temos que gravar indelevelmente nos corações a lembrança de uma dama que viveu aproximadamente de 1640 a 1663, nos tempos mais agitados da História da Inglaterra e que se chamou, entre seus contemporâneos, Annie Owen Morgan mas entrou para a História do Espiritismo com o pseudônimo de Katie King, cerca de duzentos anos depois dessa encarnação aventurosa do século XVII.

Não resgatou a história do século XVII a sua existência: o pouco que sabemos a seu respeito nos foi revelado por ela mesmo, 200 anos mais tarde, numa série de sessões de materializações realizadas em Londres, com o máximo rigor de fiscalização e relatadas por uma dezena de pessoas da máxima responsabilidade social, científica e moral. Neste artiguete mencionamos apenas alguns dados colhidos nos depoimentos das testemunhas, dignas de toda a fé.

Nasceu na última fase do reinado de Carlos I, viveu ao tempo da República e desencarnou aos 23 anos de idade no reinado de Carlos II daí fixarmos aproximadamente o período de 1640 a 1663, acima, que não pode conter erro grande, Talvez seja um pouco antes ou depois, o que pouco importa.

Foi infeliz no casamento e não gosta que se refira à sua vida conjugal, mas tem novamente marido no mundo espiritual e é feliz nesta união post-mortem.

É de estatura alta, esbelta, rosto longo, rica cabeleira castanha dourada que lhe cai encaracolada pelos ombros e vai até quase à cintura. Olhos vivos e maliciosos, tez muito alva, movimentos fáceis e rápidos. É uma jovem de beleza fascinante e de maneiras desenvoltas que, por vezes, tocam as raias da violência. Certa feita um assistente lhe dirigiu uma pergunta inconveniente; a resposta foi um soco violento que ela aplicou ao peito do indelicado e que lhe doeu muito, até depois da sessão.

Em via de regra, porém, é muito gentil, conversa muito, responde a todas as perguntas que lhe fazem os assistentes, com exceção única quando a interrogam pela sua vida conjugal na Terra, porque   então se enfada.

Atende a todos os pedidos, dá pedaços do vestido branco que sempre usa a quantos lhe pedem e permite lhe cortem madeixa dos cabelos. Numa sessão permitiu a uma dama que lhe cortasse toda a rica cabeleira, mas a reconstituiu imediatamente, e os cachos de cabelos, caídos ao solo, desapareceram logo.

Certa noite em que sua materialização estava muito perfeita, reclamou que a aplaudissem o que todos fizeram com uma salva de palmas e ela se mostrou contente com a manifestação.

Permitia as mais penosas experiências. Certa vez lhe pediram permissão para abrir todas as luzes sobre o seu corpo materializado, de modo a fazê-lo fundir-se diante de todos. Apesar de penosa a experiência, ela consentiu: com os braços abertos, junto a uma parede, deixou que acendessem todas as luzes e vissem seu lindo corpo fundir-se diante de todos como se fosse uma boneca de neve sob os raios do Sol.

A quantos lhe pediam autógrafos, escrevia longas cartas diante de todos e as entregava.

Na intimidade, em casa de William Crookes, assentava-se ao chão com as crianças e lhes contava interessantes histórias de suas aventuras nas Índias, com a mais encantadora simplicidade de uma jovem do nosso mundo.

Certa vez um assistente apalpou-lhe um braço e fê-la notar que o braço não tinha ossos. Imediatamente corrigiu ela o defeito de materialização e lhe apresentou um braço humano normal, com todos os ossos.

Essas manifestações se estenderam por um período de três anos e Annie Owen Morgan, ou Katie King, explicou que sua vinda à Terra era uma penosa missão, finda a qual seria ela promovida a uma esfera espiritual mais elevado e não teria que submeter-se mais àquele sacrifício.

Em 21 de Maio de 1874 terminou ela a missão e, numa sessão patética de lágrimas de despedida, escreveu estas linhas:
           
"Annie Owen Morgan (conhecida por Katie King) à sua amiga Florence Marryat Rose Cross oferece esta lembrança. Pensai em mim, 21 de Maio de 1874.”

Entregou um ramalhete de flores com essa breve mensagem, dirigiu-se ao gabinete para despertar a médium, Florence Cook, para quem implorou as bênçãos de Deus e despediu-se para não mais voltar.

As notas breves deste artiguete foram colhidas no opúsculo História das aparições de Katie King conforme os documentos ingleses forma a segunda parte do livro Um caso de desmaterialização parcial do corpo de um médium, edição de 1961, onde o estudioso poderá ler com todos os pormenores essa história que marca um dos pontos culminantes da Terceira Revelação.

Como tais fatos tem encontrado confirmações um pouco por toda a parte, nos oitenta anos decorridos, sua força probante é inconcussa.

Vemos pelos relatos que esse espírito cumpriu uma grande missão, prestou os mais relevantes serviços à Humanidade, se bem que não seja ele próprio de esfera muito afastada da Terra.  Recorda-nos a vida em Nosso Lar e noutras colônias espirituais próximas à Terra, nos belos livros de André Luiz.

A todos os admiradores de André Luiz, sugerimos um estudo atento das oitenta e poucas páginas que nos conservam essa preciosa documentação do século passado, e a todos os corações lembramos a gratidão que devemos a Annie Owen Morgan.

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