quinta-feira, 6 de abril de 2017

Alguns Aspectos da Evolução


  Alguns Aspectos da Evolução 
Dr. Antônio J. Freire
in Reformador (FEB)  Março  1955

            O pensamento e a vontade constituem as mais prodigiosas forças propulsoras que orientam, condicionam e dinamizam o psiquismo humano, podendo ultrapassar, nas suas modalidades e expressões supranormais, os limites impostos pela Fisiologia e Psicologia oficiais ao complexo humano, contido no ternário espírita. 

            O pensamento·criador e a vontade motriz são os polos onde gravita toda a nossa evolução no seu quádruplo aspecto: físico, mental, emocional e espiritual.

            Toda a Evolução, nos seus múltiplos aspectos e transcendentes modalidades, é a resultante da íntima aliança dessas forças prodigiosas, ingentes, universais, cujos  limites e possibilidades latentes estão, por enquanto, neste atrasado ciclo evolutivo, muito além do conhecimento do homem. Mesmo o sábio, enfeudado à grosseira materialidade e ao regressivo agnosticismo, obscurecido pela, sua autolatria, mal pode avaliar as virtualidades inerentes à alma humana e ao seu futuro divino, glorioso e triunfante porque o Homem pertence à Raça dos Deuses, dos Demiurgos.

            O pensamento e a vontade, como elementos ideoplásticos, criadores e orientadores, fato comprovado experimentalmente, transcendem, os limites clássicos da Biologia, erroneamente orientada nas cátedras universitárias dentro dum estreito torvo monismo materialista e ateu.

            A fecunda e maravilhosa Lei da Dissociação Exteriorização Psíquicas, ainda insuficientemente estudada nas suas consequências espirituais, uma das bases fundamentais do Espiritismo, indo desde o Desdobramento do Duplo (Bilocação, Bicorporeidade) até a Ectoplasmia (Materializações, Fantasmas orgânicos), perpassando pelos inumeráveis fenômenos metapsíquicos inerentes à Telepatia, Telestesia, etc., são-lhes  manifesta e irredutivelmente opostos. 

            A Biologia - a Ciência da Vida – será, muito em breve, profundamente remodelada em novos e fecundos conceitos anímicos sob o Padroado do Espírito, promissores da abertura dum próximo Ciclo de Civilização, fremente de elevada e nobre espiritualidade.

            O método positivo, expresso na observação e na experimentação comanda todo o experimentalismo ligado à fenomenologia que estrutura o Espiritismo, a nova e redentora Ciência da Alma Humana.

            O essencial é que os espíritas estudem previamente, e a fundo, a parte teórica e doutrinária do Espiritismo, para, só depois, repetirem experiências sobre experiências, dentro do Método positivo orientados no máximo rigor científico, prudência e vigilância. Só  assim, se poderá conseguir que os cientistas frequentem regularmente as tradicionais “ sessões espíritas experimentais” quando dirigidas por reconhecidos e proficientes espiritistas.

            O triunfo é nosso, se nós soubermos conduzir com acerto, sensata e proficientemente, orientados mais pelo cérebro do que pelo coração. O que é indispensável, é que a inteligência, a cultura e a técnica dominem o sentimento e o misticismo.

            A Verdade espiritualista está do nosso lado, no seu duplo significado: científico e cristão, expressos no Espiritismo , a nova, redentora e progressiva Ciência da Alma do Homem.
*

            As manifestações do psiquismo humano - inteligência, gênio, imaginação criadora, memória, consciência moral – elevaram a Humanidade, depois de esforçada e dolorosa  conquista  dos seus valores espirituais, ao vértice a da Escola Zoológica, diferenciando-a, assim, da baixa animalidade.

            O Homem, pelo seu esforço próprio, ao influxo divino, elevou-se de quadrúpede a bípede, na ânsia indômita de ascender para o Espírito Universal, sua pátria de origem e de finalidade.

No Reino Animal, a Humanidade estagiou incontáveis milênios - a Geologia, a Anatomia Comparada, a Embriologia, a Antropologia, etc., o confirmam plenamente.

            O Homem  lutou desesperadamente numa luta sem trégua, sem quartel, a fim de escalar a barreira do instinto, das paixões inferiores onde predominava, o egoísmo feroz, para atingir a consciência moral, base da sua liberdade relativa e consequente responsabilidade.

            O Homem conquistou, lutando e sofrendo, aqui derrotado, mais além vitorioso, num doloroso Dédalo de combates e de angústias, a sua carta de alforria, libertando-se, duma vez por todas, das garras da animalidade, porque a Metempsicose é, no ponto de vista evolutivo, um erro crasso, se não uma blasfêmia à Oniciência divina. A Evolução não tem efeito retroativo.

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            Verticalizado, o Homem soube enfrentar as temerosas Forças naturais, os seus braços, as suas mãos foram para ele instrumentos preciosos para estabelecer a sua soberania, dominando, domesticando, os seus irmãos ainda submersos na animalidade. Foi o triunfo da inteligência sobre a ferocidade da selva sempre hostil e adversa.

            Contemplando as lindas e cintilantes estrelas, compreendendo os altíssimos  serviços que lhe prestava o Sol radiante e amigo, fundamento da sua vitalidade e da Vida Universal, do seu coração subiu a sua primeira oração ao seu bendito criador.

            Mais tarde, o Homem subiu, de triunfo em triunfo, à força de novas lutas e sofrimentos, mais algumas curvas da sua lenta e multi-milenar evolução: transitou do instinto e do inconsciente ao consciente; do consciente ao subconsciente; do subconsciente ao superconsciente, numa ascese redentora para Deus, na ingente conquista do Bem, do Belo, da Verdade.
            Sursum corda! (corações ao alto!)

Lisboa, 1954. 

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