Alguns Aspectos da Evolução
Dr. Antônio J. Freire
Dr. Antônio J. Freire
in Reformador (FEB) Março 1955
O
pensamento e a vontade constituem as mais prodigiosas forças propulsoras que
orientam, condicionam e dinamizam o psiquismo humano, podendo ultrapassar, nas
suas modalidades e expressões supranormais, os limites impostos pela Fisiologia
e Psicologia oficiais ao complexo humano, contido no ternário espírita.
O pensamento·criador e a vontade
motriz são os polos onde gravita toda a nossa evolução no seu quádruplo
aspecto: físico, mental, emocional e espiritual.
Toda a Evolução, nos seus múltiplos
aspectos e transcendentes modalidades, é a resultante da íntima aliança dessas forças
prodigiosas, ingentes, universais, cujos
limites e possibilidades latentes estão, por enquanto, neste atrasado ciclo
evolutivo, muito além do conhecimento do homem. Mesmo o sábio, enfeudado à
grosseira materialidade e ao regressivo agnosticismo, obscurecido pela, sua autolatria,
mal pode avaliar as virtualidades inerentes à alma humana e ao seu futuro divino,
glorioso e triunfante porque o Homem pertence à Raça dos Deuses, dos Demiurgos.
O pensamento e a vontade, como
elementos ideoplásticos, criadores e orientadores, fato comprovado
experimentalmente, transcendem, os limites clássicos da Biologia, erroneamente
orientada nas cátedras universitárias dentro dum estreito torvo monismo materialista
e ateu.
A fecunda e maravilhosa Lei da Dissociação
Exteriorização Psíquicas, ainda insuficientemente estudada nas suas consequências
espirituais, uma das bases fundamentais do Espiritismo, indo desde o Desdobramento
do Duplo (Bilocação, Bicorporeidade) até a Ectoplasmia (Materializações, Fantasmas
orgânicos), perpassando pelos inumeráveis fenômenos metapsíquicos inerentes à
Telepatia, Telestesia, etc., são-lhes manifesta
e irredutivelmente opostos.
A Biologia - a Ciência da Vida – será, muito em breve, profundamente remodelada em novos e fecundos conceitos anímicos sob o Padroado do Espírito, promissores da abertura dum próximo Ciclo de Civilização, fremente de elevada e nobre espiritualidade.
O método positivo, expresso na
observação e na experimentação comanda todo o experimentalismo ligado à fenomenologia
que estrutura o Espiritismo, a nova e redentora Ciência da Alma Humana.
O
essencial é que os espíritas estudem previamente, e a fundo, a parte teórica e
doutrinária do Espiritismo, para, só depois, repetirem experiências sobre experiências,
dentro do Método positivo orientados no máximo rigor científico, prudência e vigilância.
Só assim, se poderá conseguir que os cientistas
frequentem regularmente as tradicionais “ sessões espíritas experimentais”
quando dirigidas por reconhecidos e proficientes espiritistas.
O triunfo é nosso, se nós soubermos
conduzir com acerto, sensata e proficientemente, orientados mais pelo cérebro
do que pelo coração. O que é indispensável, é que a inteligência, a cultura e a
técnica dominem o sentimento e o misticismo.
A Verdade espiritualista está do nosso
lado, no seu duplo significado: científico e cristão, expressos no Espiritismo
, a nova, redentora e progressiva Ciência da Alma do Homem.
*
As manifestações do psiquismo humano
- inteligência, gênio, imaginação criadora, memória, consciência moral – elevaram
a Humanidade, depois de esforçada e dolorosa conquista
dos seus valores espirituais, ao vértice a da Escola Zoológica, diferenciando-a,
assim, da baixa animalidade.
O Homem, pelo seu esforço próprio,
ao influxo divino, elevou-se de quadrúpede a bípede, na ânsia indômita de
ascender para o Espírito Universal, sua pátria de origem e de finalidade.
No Reino Animal, a Humanidade estagiou incontáveis
milênios - a Geologia, a Anatomia Comparada, a Embriologia, a Antropologia, etc.,
o confirmam plenamente.
O Homem lutou desesperadamente numa luta sem trégua,
sem quartel, a fim de escalar a barreira do instinto, das paixões inferiores onde
predominava, o egoísmo feroz, para atingir a consciência moral, base da sua liberdade
relativa e consequente responsabilidade.
O Homem conquistou, lutando e
sofrendo, aqui derrotado, mais além vitorioso, num doloroso Dédalo de combates e
de angústias, a sua carta de alforria, libertando-se, duma vez por todas, das
garras da animalidade, porque a Metempsicose é, no ponto de vista evolutivo, um
erro crasso, se não uma blasfêmia à Oniciência divina. A Evolução não tem
efeito retroativo.
*
Verticalizado, o Homem soube
enfrentar as temerosas Forças naturais, os seus braços, as suas mãos foram para ele instrumentos preciosos para estabelecer
a sua soberania, dominando, domesticando, os seus irmãos ainda submersos na
animalidade. Foi o triunfo da inteligência sobre a ferocidade da selva sempre
hostil e adversa.
Contemplando as lindas e cintilantes
estrelas, compreendendo os altíssimos serviços que lhe prestava o Sol radiante e
amigo, fundamento da sua vitalidade e da Vida Universal, do seu coração subiu a
sua primeira oração ao seu bendito criador.
Mais tarde, o Homem subiu, de triunfo
em triunfo, à força de novas lutas e sofrimentos, mais algumas curvas da sua
lenta e multi-milenar evolução: transitou do instinto e do inconsciente ao
consciente; do consciente ao subconsciente; do subconsciente ao
superconsciente, numa ascese redentora para Deus, na ingente conquista do Bem, do
Belo, da Verdade.
Sursum corda! (corações ao alto!)
Lisboa, 1954.
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