segunda-feira, 3 de abril de 2017

Nótulas Espiritualistas




 Nótulas Espiritualistas
Dr. Antônio J. Freire (*)
in Reformador (FEB)  Fevereiro 1954

            No vasto e profundo âmbito da Moral, podemos consultar os ensinamentos milenários das Ciências, das Filosofias, das Religiões; mas, acima de tudo e de todos devemos ouvir,  calma, refletida e serenamente, a voz da nossa consciência, onde estão codificadas, por uma ação providencial, as melhores atitudes individuais para uma reta conduta social, para um modelar comportamento cristão.

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            O Homem é escravo ou soberano  da sua trajetória progressiva em função do conhecimento e aplicação das leis que condicionam  a sua  Evolução, em especial, as Leis Reencarnacionistas (Palingenesia) e Kármica (Lei da causalidade psíquica) -polos onde gravita todo o destino e progresso da Humanidade, através das suas  vidas alternantes: terrestres e ultra-terrestres , astrais e divinas.

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            O Homem é, de fato, escravo do seu passado pelo determinismo que prende a causa ao efeito; mas, em compensação, Senhor do seu futuro pelo seu providencial  livre-arbítrio.
            Se nos envolve um certo fatalismo aparente, esse  fatalismo não é caprichoso, arbitrário ou despótico, mas, sim, um fatalismo de natureza e essência casual.

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            Cada vida terrestre é simultaneamente uma colheita e uma sementeira de pensamentos, obras, palavras e, até mesmo, de intenções. O Homem colhe em cada vida os frutos, bons ou maus, doces ou azedos, resultantes da sua atividade na vida passada, num determinismo inexorável, mas lógico, sábio e justo; em compensação, o Homem goza do seu providencial livre arbítrio para fazer novas sementeiras, efetuando, assim,  novas experiências, corrigindo os seus erros e defeitos.
            Se não existisse um certo grau de liberdade, não poderia subsistir a responsabilidade moral, base do Karma, expressão da Justiça Imanente.  
            Cada Vida é uma escola de experiências e de ensinamentos.
            Não há castigos divinos, mas lições corretivas, indispensáveis à Evolução humana.

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            Não pensemos em nossos vícios ruins, paixões, a não ser para nos melhorarmos, concentrarmos mentalmente nas virtudes que lhes são contrárias e opostas - seus naturais antídotos para os venenos morais que segregam.
            Mais pela ação enérgica do pensamento, associado a profunda meditação, do que pelo sentimento, poderemos vencer as nossas imperfeições e maus pendores, frutos dum atavismo multimilenário, mais individual do que hereditário e ancestral.
            O pensamento, a vontade e a prece são das forças mais prodigiosas do complexo humano, sem limites conhecidos.

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            Pensar é criar ondulações mentais que podem ir de polo a polo, de Mundo a Mundo. Donde deriva a responsabilidade do pensador, quer no bem, quer no Mal, auxiliando ou pervertendo o progresso cósmico.
            Orientar o Pensamento no sentido do Bem Geral e da Evolução da Humanidade, é já uma excelsa virtude.

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            Quem mal pensar, só mal espalha por todos os Universos, por todo o Cosmos.
            As Humanidades são todas solidárias no Bem e no Mal, sejam quais forem as distâncias astronômicas que as separam. A questão é apenas de grau; mas nas radiações mentais não existem interferências como sucede na luz, no calor e em todas as forças eletromagnéticas de sutileza inferior à natureza metetérica (prof. F. Myers) da força mental.

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            O sofrimento purifica a alma como o fogo depura os metais mais nobres, libertando-os da sua ganga, das suas escórias.
            Mas é necessário compreender o mecanismo do sofrimento na sua estrutura química, na sua íntima conexão de causas e de efeitos expressos no Karma.
            Como medida de profilaxia e de higiene psíquica, impõe-se a precaução de fazermos, amiudadas vezes, “exames de consciência”, rigorosos e completos, dando à consciência amplos poderes de análise e de Julgamento de todos os nossos pensamentos, atos, palavras, não esquecendo as intenções mais recônditas.
            Não esquecer que a intenção é um ato em potência, no seu estado virtual.


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            O pensamento acionado por uma vontade forte e dominadora, sem intermitências, é a mola real  propulsora e orientadora de toda a atividade divina e humana dentro do incomensurável Cosmos.
            Os nossos atos são, em última análise, a cristalização dos nossos pensamentos.

Lisboa, 1954


(*) Antônio Joaquim Freire (1877-1958) foi um personagem muito importante do movimento espírita em Portugal. Foi médico. Vimos buscando resgatar algumas de suas obras para trazer seu conteúdo até nós, brasileiros. A equipe do Blog.


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