Nótulas Espiritualistas
Dr. Antônio J.
Freire
in Reformador (FEB) Abril 1954
A maior vitória que o Homem pode
alcançar - vitória de resgate e de redenção - é vencer a sua alma
passional e instintiva; é subjugar a sua
má índole; as suas tendências e pendores animalizados , vibrando, ainda, num longínquo
atavismo de que só muito tarde se poderá
libertar, porque a evolução moral é muito lenta e morosa.
O essencial é o Homem saber
conquistar o almejado auto-domínio, uma vontade forte e tenaz, para, assim, vencer
suas grosseiras paixões e transmutar os seus vícios em virtudes cristãs.
*
Para encurtar o caminho da salvação
tem o Homem meios variados, que vão das Ciências e Filosofias às Religiões. Mas
um dos melhores, dos mais práticos e eficientes, ao alcance de sábios e
ignorantes, de ricos e de pobres, de justos e de pecadores, é a oração, a prece, conjugada com a leitura e meditação dos
Evangelhos.
A prece é o mais ativo agente da nossa
reforma espiritual, quando praticada com fervor, sinceridade, com desinteresse
material, ao impulso duma vontade forte, contínua, implorando ao Divino Criador mais graça para o
Bem da Humanidade do que para nós próprios.
Só pela aplicação aturada das virtudes
cristãs, a desorientada Humanidade poderá evitar o pavoroso cataclismo que a envolve
por todos os lados, desde as bombas atômicas e termonucleares à invasão da
ferocidade bolchevista. Um pavor!
*
O melhor roteiro, para orientar a nossa conduta este “Vale de
Lágrimas”, inçado de embustes, de armadilhas, habilmente camufladas de traições
dos mais astuciosos, está gravado em lei refulgentes na Área de Aliança contida
na nossa alma espiritual, de essência divina.
É ali que devia reinar soberanamente
a consciência moral, somente, o nosso mais dedicado amigo, o nosso
incorruptível e mais sábio conselheiro.
Na nossa luminosa consciência moral
trazemos um admirável roteiro, certo e seguro – de natureza divina – para
podermos atravessar incólumes as tempestades deste ingrato Mundo, ainda tão
perverso e malévolo.
Infelizmente, poucos são aqueles que
procuram ouvir e interpretar as suas vozes interiores, que surgem lá do fundo
recôndito das suas consciências íntimas.
Neste cruciante e desalentador
turbilhão de ódios e de ambições desenfreadas, a força bruta prevalece sobre o
Direito humano, e o Direito Divino, de há muito, está votado ao ostracismo.
Reinam “o bezerro de ouro”, os gozos e os prazeres mais aviltantes e
monstruosos, as influências mais depravadas.
*
A Humanidade está anestesiada e
insensível à Voz de Jesus. De Jesus que baixou a este Planeta nas luminosas
asas do resgate e da redenção, do amor e da compaixão.
Mal vão à nossa pervertida
Humanidade, se não souber seguir os lídimos e redentores ensinamentos do Cristo
– o filho dileto de Deus.
*
O ódio e a inveja, a vaidade e a
hipocrisia, orientados num feroz e aterrador egoísmo, são os padrões da vida
moderna, prevalecendo até na intimidade das famílias.
Do tremendo choque de desmarcadas
ambições, despidas dum mínimo de valor moral, resultam injustiças e tremendas
lutas sociais, em que são vencidos os mais sérios, honestos e competentes. A
vitória cabe aos mais audaciosos e petulantes onde predomina, num complexo de
inferioridade, a ausência de escrúpulos aliada à astúcia do réptil.
*
As almas sensíveis, num estado superior
de relativa evolução, sofrem tormentosas angústias sobre a satânica pressão de
tanta protérvia, de tanta insânia, num caudal de violências e de flagrantes
injustiças.
Só há um refúgio para as almas desalentadas e sofredoras onde o bem foi subvertido pelo Mal, por vezes, constituindo o lastimoso agregado dos Vencidos da Vida: a prece fervorosa, e o perdão, sem reservas, sem prevenções, aberto, leal, sincero, tal qual Jesus o propagou e exemplificou do alto do Gólgota.
Só há um refúgio para as almas desalentadas e sofredoras onde o bem foi subvertido pelo Mal, por vezes, constituindo o lastimoso agregado dos Vencidos da Vida: a prece fervorosa, e o perdão, sem reservas, sem prevenções, aberto, leal, sincero, tal qual Jesus o propagou e exemplificou do alto do Gólgota.
Só o perdão das ofensas recebidas,
por mais profundas, dolorosas e extensas que sejam, dulcifica a apasigua a alma
angustiada, cicatrizando os ferimentos recebidos.
O perdão é o aro de aliança que liga a criatura ao seu Divino Criador.
O perdão é o aro de aliança que liga a criatura ao seu Divino Criador.
Quem sabe perdoar, sabe amar.
Quem sabe amar o próximo de todo o seu
coração, evoluciona retilineamente para Deus.
Amar e sofrer é a divisa do justo.
Lisboa, 1954
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