domingo, 28 de fevereiro de 2016

Posta restante - 21

Posta restante - 21
Sólon Rodrigues
Brasil Espírita- Reformador (FEB) Janeiro  1974



            P. -Que fazer diante daqueles que buscam o núcleo Espírita tão somente por “questões de ordem material” rejeitando as obrigações de conhecer os fundamentos da Doutrina Espírita?

            R. - Deveremos acolhê-los com carinho.
            A busca do fenômeno ou do inusitado, do chamado milagre ou de soluções miraculosas não se deve transformar em motivação para que agridamos irmãos de caminhada evolutiva com exigências intempestivas.
            Eles estarão, hoje, na mesma posição nossa de ontem.
            Não existe um segundo passo sem o primeiro.
            Allan Kardec considerava que, dada a diversidade de grau evolutivo das criaturas, teríamos na área espírita a procura de todas as manifestações fenomênicas e, inclusive, as doutrinárias.
            Vamos, pois, abraçá-los com carinho fraternal e, à medida que comportarem, esclarecê-los.

            P. -Será próprio ou impróprio exigirmos um estudo das bases do Espiritismo de
todos os que procuram os agrupamentos espíritas?

            R. - Será útil sugerir mas mão torná-lo compulsório.

            Os próprios Mentores Espirituais não chegam a informações insistentes (não raro impróprias) quando tratam com diferentes povos, de costumes diversificados. A exemplo, não se demoram a falar de reencarnação a agrupamentos humamos incapazes de absorver-lhe os princípios. Evitam discorrer sobre o suicídio a povos que fazem da autodestruição um ponto de honra.
            Às crianças - diz-nos Paulo de Tarso - dá-se alimento de crianças e, aos adultos, o de adultos.
            Nada é compulsório na Doutrina. Saber dosar a informação doutrinária é de bom senso. Poderemos tomar, por paridade, a dosagem dos conhecimentos intelectuais que são distribuídos em diferentes ciclos nas escolas.
            Não se transmitem aos do pré-primário as noções de um segundo ciclo, a não ser como princípio rudimentar.

            P. - Se a formação intelectual de quem busca os arraiais  da Doutrina comportar, não será de presumir que tenha melhores condições de apreender os princípios fundamentais do Espiritismo?

            R. - Não devemos confundir a titulação acadêmica com a maturidade espiritual.
            O diploma pode representar um degrau intelectual ou profissional mas nem sempre corresponde a maturação do senso moral que poderia abrir os horizontes da Doutrima Espírita à criatura.
            Há jovens ou iletrados que apreendem a Doutrina - diz Kardec -, enquanto outros, favorecidos pela frequência de cursos superiores, não alcançam o seu sentido profundo.
            A "transferência de conhecimentos" só se realiza por afinidade. Um médico, a exemplo, terá facilidade em apreender conhecimentos similares à medicina, mas não necessariamente aos que escapem de sua área de formação.
            Por vezes exigimos demais dos outros.

            Empenhemo-nos, nós mesmos, em viver o Espiritismo e os que ainda não podem lê-lo nas páginas da Codificação receberão a mensagem ao vivo pelos nossos exemplos. 

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