domingo, 28 de fevereiro de 2016

Posta restante - 20


Posta restante - 20
Sólon Rodrigues
Brasil Espírita- Reformador (FEB) Dezembro 1972

            Propuseram-nos, hoje, um aparente conflito: Ciência versus Religião.

            P. - Por que há um desencontro entre a evolução da Ciência e a da Religião?

            R. - O desencontro é aparente. Dentro dos processos da natureza, tudo tem sua ordem. O fruto jamais surge antes que a flor.
            Tomando uma árvore por símbolo da evolução humana, já que se enraíza no solo terrestre e cresce na direção dos céus, podemos afirmar: a Ciência é a flor, da qual a Religião é o fruto sazonado.
            Sem raciocínio iluminado, o homem será um religioso instintivo. Mas, como todo instinto tende a transformar-se em sentimento, o homem de inteligência desenvolvida passa a ser um religioso racional.
            Existe conflito entre cientistas e religiosos. Nenhum, porém, entre Ciência e Religião.
            Os que dominavam as religiões sempre sufocaram a pesquisa livre, em nome de falsas verdades que transformaram em dogma, em pontos indiscutíveis de fé, e exclusivamente visando à preservação de seu domínio tirânico de povos, a fim de resguardar sua ascendência comercial.
            Os cientistas buscaram, notadamente no século XIX, o extremo exatamente oposto: a negação desses princípios para conquistar a sua liberdade de pesquisa, já que essas pesquisas, profundamente ajustadas às leis da Natureza, contrariavam as afirmações mágicas e presunçosas dos religiosos.
            Observemos, contudo, que os tais princípios que os cientistas rejeitavam não significavam expressões religiosas. Eram meias-verdades que serviam de anteparo para camuflar os interesses de grupos que sustentavam um aviltante imperialismo religioso.
            Nasceu, desse conflito, o chamado materialismo.
            No Ocidente, estabeleçamos, contudo, a notável diferenciação entre Religião (aspiração inata em todas as criaturas] e religiões (grupos de cúpula que buscam o domínio cesariano sobre a nossa humanidade). Estabeleçamos, também, igual diferenciação entre Ciência (impulso inato do desenvolvimento intelectual e apropriação do meio às nossas necessidades físicas e econômicas) e cientistas (grupos que ensaiam substituir uma hegemonia disparatada por outra igualmente extremista).

            Na essência, Religião patrocina a interação da criatura com o Criador e Ciência soergue o raciocínio para abarcar o fenômeno da Vida e da Criação Divina. Só são departamentos estanques para nossa pobreza evolutiva. Ambas são complementos entre si, partes de um todo do qual resulta o Homem Espiritual. 

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