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restante - 20
Sólon Rodrigues
Brasil Espírita- Reformador (FEB) Dezembro 1972
Propuseram-nos,
hoje, um aparente conflito: Ciência versus Religião.
P.
- Por que há um desencontro entre a evolução da Ciência e a da Religião?
R.
- O desencontro é aparente. Dentro dos processos da natureza, tudo tem sua
ordem. O fruto jamais surge antes que a flor.
Tomando
uma árvore por símbolo da evolução humana, já que se enraíza no solo terrestre
e cresce na direção dos céus, podemos afirmar: a Ciência é a flor, da qual a Religião é o fruto sazonado.
Sem
raciocínio iluminado, o homem será um religioso instintivo. Mas, como todo
instinto tende a transformar-se em sentimento, o homem de inteligência desenvolvida
passa a ser um religioso racional.
Existe
conflito entre cientistas e religiosos. Nenhum, porém, entre Ciência e
Religião.
Os
que dominavam as religiões sempre sufocaram a pesquisa livre, em nome de falsas
verdades que transformaram em dogma, em pontos indiscutíveis de fé, e exclusivamente
visando à preservação de seu domínio tirânico de povos, a fim de resguardar sua
ascendência comercial.
Os
cientistas buscaram, notadamente no século XIX, o extremo exatamente oposto: a negação desses princípios para conquistar a sua
liberdade de pesquisa, já que essas pesquisas, profundamente ajustadas às leis da
Natureza, contrariavam as afirmações mágicas e presunçosas dos religiosos.
Observemos,
contudo, que os tais princípios que os cientistas rejeitavam não significavam expressões
religiosas. Eram meias-verdades que serviam de anteparo para camuflar os interesses
de grupos que sustentavam um aviltante imperialismo religioso.
Nasceu,
desse conflito, o chamado materialismo.
No
Ocidente, estabeleçamos, contudo, a notável diferenciação entre Religião
(aspiração inata em todas as criaturas] e religiões (grupos de cúpula que
buscam o domínio cesariano sobre a nossa humanidade). Estabeleçamos, também, igual
diferenciação entre Ciência (impulso inato do desenvolvimento
intelectual e apropriação do meio às nossas necessidades físicas e econômicas)
e cientistas (grupos que ensaiam substituir uma hegemonia disparatada por outra
igualmente extremista).
Na
essência, Religião patrocina a interação da criatura com o Criador e Ciência soergue
o raciocínio para abarcar o fenômeno da Vida e da Criação Divina. Só são
departamentos estanques para nossa pobreza evolutiva. Ambas são complementos
entre si, partes de um todo do qual resulta o Homem Espiritual.
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