Posta
restante - 19
Sólon Rodrigues
Brasil Espírita- Reformador (FEB) Outubro 1973
P. - De que modo falar de infortúnio
às pessoas de grandes posses e que, no entanto, buscam um núcleo espírita para queixar-se de alguma
perda material?
R.
- Aqui, também, o tato deve ser grande.
Nem
sempre os companheiros que se submetem à provação da riqueza terão condições de
examinar - sem censura e repugnância - os quadros da miséria quase absoluta.
É
preciso ajuda-los , mencionando os menos ricos.
A
resignação dificilmente será por eles acolhida, se consagram a vitória material
como a láurea mais desejável.
Justo,
pois, descobrir as virtudes mais inteligíveis para eles e ajudá-los a
interessar-se por conquistá-las, sem pretender que se abracem a
rasgos de altruísmo, -profunda e dignificante resignação, caridade ampla.
A
vida, para eles, poderá ser apenas a existência.
Moral
é relativa e grandes virtudes só para grandes almas.
P.
- Se o espírito for procurado para orientar a instalação do Culto do Evangelho num lar espírita, sabendo que os interessados querem
apenas benefícios materiais, deverá atender?
R.
- Se querem o Culto do Evangelho, auxiliemos sim.
Talvez
os Mentores Espirituais daquela família encontrassem, num desejo material, o único canal para que acolhessem os benefícios espirituais.
Quem se assegurará de que eles, mais
tarde, não amadureçam para a indução espiritual do Evangelho, embora se iniciem
pelo interesse pragmático?
A
dor também é manifestação quase material: E por ela, quase sempre, somos
conduzidos aos braços do Senhor Jesus, na busca de um bálsamo que nos reconforte
e, finalmente, com ele ,encontramos o Caminho e a Vida.
P.
- O passe, se aplicado às famílias pobres não espíritas, poderá beneficiá-las?
R.
- Não existe um fluido para ricos e outro para pobres.
Somente
a nossa tola presunção de confundir um estado meramente transitório, fruto de
provação ou expiação, com degrau de fé ou de maturação espiritual, nos levará a
não distribuir com os menos favorecidos da fortuna ,a terapêutica virtual do
passe.
Já
Tiago, na sua epístola, 2:2 a 4, diz:
"Se, portanto, entrar no seu núcleo de
fé algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajes de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e
Você tratar com deferência ao que tem os trajes de luxo ,e lhe disser:
- Sente-se aqui em lugar
de honra...
E se Você disser ao
pobre:
- Você se sente
abaixo do estrado de meus pés ou fique em pé ali...
Não terá feito Você
distinção entre os mesmos e não se terá tornado Você um juiz tomado de
perversos pensamentos?"
Não
há razão para dúvidas.
Todos
somos carentes de amor.
Se
o pobre ou o rico não espírita desejam os benefícios dos passes, apliquemo-los sem questionar se se beneficiarão ou não, se
terão fé ou não.
Sirva
e passe...
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