sábado, 20 de fevereiro de 2016

Posta Restante -19


Posta restante - 19
Sólon Rodrigues
Brasil Espírita- Reformador (FEB) Outubro 1973

            P. - De que modo falar de infortúnio às pessoas de grandes posses e que, no entanto, buscam um núcleo espírita para queixar-se de alguma perda material?

            R. - Aqui, também, o tato deve ser grande.
            Nem sempre os companheiros que se submetem à provação da riqueza terão condições de examinar - sem censura e repugnância - os quadros da miséria quase absoluta.
            É preciso ajuda-los , mencionando os menos ricos.
            A resignação dificilmente será por eles acolhida, se consagram a vitória material como a láurea mais desejável.
            Justo, pois, descobrir as virtudes mais inteligíveis para eles e ajudá-los a interessar-se por conquistá-las, sem pretender que se abracem a rasgos de altruísmo, -profunda e dignificante resignação, caridade ampla.
            A vida, para eles, poderá ser apenas a existência.
            Moral é relativa e grandes virtudes só para grandes almas.

            P. - Se o espírito for procurado para orientar a instalação do Culto do Evangelho num lar espírita, sabendo que os interessados querem apenas benefícios materiais, deverá atender?

            R. - Se querem o Culto do Evangelho, auxiliemos sim.  
            Talvez os Mentores Espirituais daquela família encontrassem, num desejo material, o único canal para que acolhessem os benefícios espirituais.
            Quem se assegurará de que eles, mais tarde, não amadureçam para a indução espiritual do Evangelho, embora se iniciem pelo interesse pragmático?
            A dor também é manifestação quase material: E por ela, quase sempre, somos conduzidos aos braços do Senhor Jesus, na busca de um bálsamo que nos reconforte e, finalmente, com ele ,encontramos o Caminho e a Vida.


            P. - O passe, se aplicado às famílias pobres não espíritas, poderá beneficiá-las?

            R. - Não existe um fluido para ricos e outro para pobres.

            Somente a nossa tola presunção de confundir um estado meramente transitório, fruto de provação ou expiação, com degrau de fé ou de maturação espiritual, nos levará a não distribuir com os menos favorecidos da fortuna ,a terapêutica virtual do passe.
            Já Tiago, na sua epístola, 2:2 a 4, diz:

             "Se, portanto, entrar no seu núcleo de fé algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajes de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e Você tratar com deferência ao que tem os trajes de luxo ,e lhe disser:
            - Sente-se aqui em lugar de honra...
            E se Você disser ao pobre:
            - Você se sente abaixo do estrado de meus pés ou fique em pé ali...
            Não terá feito Você distinção entre os mesmos e não se terá tornado Você um juiz tomado de perversos pensamentos?"

            Não há razão para dúvidas.
            Todos somos carentes de amor.
            Se o pobre ou o rico não espírita desejam os benefícios dos passes, apliquemo-los sem questionar se se beneficiarão ou não, se terão fé ou não.
            Sirva e passe...


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