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Restante - 22
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Fevereiro 1974
P.
-Em alguns grupos mediúnicos, noto que o orientador se faz por identificar com um padre, pastor protestante ou freira. É
possível,essa súbita transformação religiosa?
R.
-Guardando imenso respeito pelos que passaram uma existência terrestre na
posição de orientadores religiosos ou pastores de almas, valeria lembrar que a
desencarnação não produz mudanças súbitas em nenhum de nós.
Se
eles se dedicaram ao campo religioso sinceramente, não por profissionalismo, é
possível que, vencido algum tempo, venham a abandonar seus hábitos, apresentando-se
como obreiros na seara do Senhor.
Ocorre,
também, e frequentemente, que estamos tão aprisionados aos convencionalismos dos
títulos profissionais que, amiúde, rendemo-nos mais ao titulo que ao conteúdo
das criaturas.
P.
-Todos os Espíritos desencarnados conhecem a Doutrina Espírita e, em consequência,
são espíritas?
R.
- Oh! Não! Religião, antes de mero domínio das noções doutrinárias, é um
estágio do senso moral da criatura: Legiões de almas
prosseguem no Além, sustentando as mesmas convicções de ontem,embora ligeiramente modificadas.
A libertação de dogmas, rituais e hierarquias; a tomada da rédea do destino em
nossas próprias mãos; a noção de um Jesus eterno-presente, atuante, despojado da cruz e das
interpretações mágicas - que o Espiritismo nos transmite nem sempre podem ser
alcançadas por todos.
A
verdade que nos faz livres nem sempre é abarcada.
Poucos
são os Espíritos que são espíritas, se estatisticamente comparados com o imenso
grupo de almas ligadas às atividades da Terra.
P.
-Tem os Espíritos a necessidade de apresentar-se sempre com as características da última encarnação?
R.
- Salvo nas ocasiões em que a identificação servirá para auxiliar alguém a alforriar-se
de enganos, os Espíritos Superiores jamais tem tal preocupação. Se estiverem unidos ao trabalho de Jesus, sabem que a atividade é
impessoal, é do Cristo e não de qualquer um de nós. Estão eles, ao mesmo tempo,
libertos da nossa vaidade de querer ligar o nosso nome à nossa obra.
Há
um outro fator importante, no caso. Se tiver de guardar as características de
sua última reencarnação, o Espírito se verá coagido a repetir-se nas preferências,
nos hábitos, no seu estilo de vida. No entanto, ele já se libertou de tudo
isso.
Exemplos?
A partir da própria Codificação: Quais eram os Espíritos que formavam esse todo impessoal a que chamamos Espírito da
Verdade?
E
o público rompimento de Humberto de Campos com seu estilo literário e seus “lugares
comuns" de literato, quando pode transformar-se no Irmão X?
E
quem é André Luiz, esse magnífico orientador?
E
Hilário Silva?
Que
diríamos de um Emmanuel que, embora já se tenha revelado um ex-Públio Lentulus,
um ex-escravo, um ex-sacerdote, é esse nome sem origem terrena: Emmanuel?
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