Formas
de Governo
Cristiano Agarido /
(Ismael Gomes Braga)
(Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Maio 1956
Os primeiros governos do mundo foram
espíritas, embora pouco se cogite disto. Foram os Espíritos desencarnados,
tomando nomes de deuses e deusas das mitologias, que deram aos homens suas
primeiras organizações sociais e governamentais.
Saltando-se o longo período das
mitologias, que nos chegou muito deformado pelas lendas, com seus deuses e
deusas bons, maus e péssimos, detentores ainda de todas as paixões humanas,
vamos encontrar em formação o povo de Israel que nos deu o Monoteísmo.
Era um Espírito de tremenda energia,
de acordo com as necessidades daquele tempo, quem ditava ao povo suas leis, por
vezes admiráveis, sábias, como o Decálogo, o Regulamento para o Ano Jubilar e
outras; mas sempre de dura severidade, porque se tratava de dominar um povo
endurecido e brutalizado por séculos de escravidão no Egito.
O médium que primeiramente recebeu
instruções desse Espírito, ou quiçá desse grupo de Espíritos encarregados de
governar os judeus e fazer deles uma nação coesa e capaz de resistir a todas as
vicissitudes da História, foi Moisés.
Dentre as partes maravilhosas do
Pentateuco, uma é o já mencionado Regulamento para o Ano Jubilar, que se acha
no Levítico, cap. 25: 8 a 28.
Por esse Estatuto ficava afastado o
perigo de acumularem-se as terras e outros bens em mãos de uns poucos, com
empobrecimento total das grandes massas humanas.
Era uma legislação social avançadíssima,
ditada há três mil e quinhentos anos, e até hoje irrealizada.
Depois de Moisés surgiram outros
médiuns em Israel e foram ditando novas leis, novas formas de governo.
O primeiro rei dos judeus foi
escolhido e sagrado por um médium, Samuel. Esse primeiro rei, Saul, se desviou
de sua missão e foi condenado pelo Espírito de Samuel, já então desencarnado,
como lemos no relato da bela sessão espírita realizada na cidade de En-Dor, da
qual temos ata minuciosa: no Primeiro Livro de Samuel, cap. 28: 1 a 25.
As formas de governo foram-se
tornando mais materialistas e perdendo afinidade com o mundo espiritual
superior, deixando dominar-se pelos Espíritos inferiores, contudo, continuou a
crença, quase sempre errada, de que era Deus quem escolhia os reis.
Essa influência espiritual na
direção dos povos sofreu os mais tremendos desvios. Desceu a verdadeiros
abismos na Idade Média, quando a Igreja Romana, onipotente, parecia inspirada
exclusivamente por Espíritos inferiores e cruéis, encarnados e desencarnados,
Nas linhas gerais da evolução da
Humanidade, porém, sempre se observa um Plano Elevado que se cumpre lentamente,
no sentido duplo de organizar a vida dos homens de modo a resolverem os
problemas passageiros da matéria, e promover o progresso intelectual e moral
dos Espíritos.
A tendência mais forte de hoje é no
sentido da socialização dos bens, da produção, do trabalho, com a finalidade de
abolir da Terra a pobreza material e fazer reinar a abundância para todas as
criaturas.
Neste sentido vão-se realizando
trabalhos pasmosos de colaboração e solidariedade, parecendo que em breve tempo
a pobreza será um termo arcaico na linguagem humana. Em
todas as formas de governo, no entanto, tenham elas o título que tiverem, há
uma elite dirigindo as grandes massas humanas; existe uma aristocracia
espiritual governando. Pouco importa que o regime se diga monarquia, república,
democracia, nacionalismo, fascismo, comunismo, o que há sempre é o governo de
uma pequena aristocracia espiritualmente superior às massas.
Democracia é uma bela palavra, mas
nunca dominou e parece que nunca dominará; porque as massas são sempre
conduzidas pelas elites espiritualmente mais inteligentes, mais enérgicas, que
as governam e lhes ditam as leis.
Longe de ser um mal, essa situação é
um bem, porque as aspirações das massas - se elas tivessem aspirações - seriam
de nível muito baixo, tremendamente egoísticas e dispersivas. Na verdade,
porém, as massas não têm aspirações coletivas: aceitam as ideias que lhes são
apresentadas pelas elites dirigentes que orientam e governam o mundo. Igualmente
no mundo espiritual não há democracia: só há aristocracia. O governo não sobe
das massas de Espíritos atrasados, por meio de eleições, para os Espíritos
superiores que dirigem e governam. Estes recebem ordens, sempre de cima e não
de baixo.
Nos regimes democráticos da Terra,
igualmente, o poder não sobe do povo para o governo, como se supõe, porque o
povo, isto é, as massas, são orientadas pelas elites na propaganda eleitoral.
Todas as formas de governo são
dirigidas somente por uma pequena aristocracia de Espíritos mais elevados do
que a grande massa humana.
Até agora essa aristocracia
dirigente só pode governar pela força das armas dirigidas contra as massas;
mas, pela evolução, a força das armas terá que ser substituída por outra mais
alta: pela força da compreensão e do amor.
Quando a Compreensão e o Amor
orientarem os homens, eles serão guiados pelas Altas Esferas espirituais;
permanecerão sempre em convívio com Altos Espíritos desencarnados. Os grandes
médiuns - conscientes ou não - surgirão por toda a parte e o mundo terá um
governo espírita, mas de Espíritos muito mais amorosos do que os antigos que
falavam pela boca de Moisés e outros profetas. A Humanidade então já estará
redimida e não necessitará de dores e abalos para caminhar, porque saberá
progredir conscientemente pelos impulsos amorosos em busca do bem para todos.
Para esse grande porvir caminhamos
todos.
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