sábado, 17 de janeiro de 2015

As Curas do Invisível



As Curas do Invisível
Umberto Ferreira
Reformador (FEB) Julho 1978

            As curas realizadas por Jesus e pelos médiuns de todos os tempos sempre obedeceram às leis naturais, que não podem ser derrogadas. Em outras palavras, não constituíram milagres.

            O Espiritismo trouxe a explicação racional para estes fenômenos. Demonstrou a existência do perispírito e dos fluidos espirituais e as suas propriedades.

            Os Espíritos, pela ação da vontade, podem atuar sobre estes fluidos e transformá-los. Têm o poder de formar, a partir da matéria cósmica universal, os objetos que estão acostumados a usar, tornando-os tangíveis. Por exemplo, um médico desencarnado tem condições de formar um bisturi, para intervenções cirúrgicas espirituais, desde que conheça os princípios que regem estes fenômenos.

            Respondendo a Allan Kardec, o Espírito São Luís (1) explica que os Espíritos inferiores também têm o poder de produzir objetos tangíveis. Logo, os Espíritos mistificadores, que conheçam medicina e certas leis, podem perfeitamente operar curas materiais, através da prescrição de medicamentos ou por meio de cirurgias espirituais.

               (1) "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec, "38ª edíção da FEB, 1977, p. 162.

            A simples realização de curas orgânicas não atesta a presença de Espíritos Superiores. Jesus (2) advertiu severamente contra tais Espíritos mistificadores: "Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos." E Allan Kardec (3) acrescenta: "O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui, pois, sinal de uma missão divina, visto que pode resultar de conhecimento, cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o mais digno."

               (2) Evangelho de Mateus, 24:24.
               (3) "O Evangelho segundo o Espiritismo", Allan Kardec, 74ª edição da FEB, 1978, pp: 333 e 334.

            Hermínio C. Miranda (4), num artigo em que faz um estudo de Hitler, como o médium do Anticristo, referindo-se à "poderosa equipe espiritual trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem", afirma: "É engano pensar que essas falanges espirituais ignoram as leis divinas" ( ... ). "Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem"... "Nesse interim, porém, valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para alcançarem seus fins. É claro, também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo, como Hitler, pois procuram conquistar igualmente organizações sociais e religiosas que representem núcleos de poder."  

            (4) "O Médium do Anticristo", in "Reformador" nº  1764 (março de 1976), p. 84, e nº 1765 (abril de 1976), p. 120.

            É o próprio Hermínio C. Miranda que nos faz a seguinte advertência, no artigo referido: "O movimento espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração... " "Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção."

            Poder-se-ia perguntar: Mas com que objetivo farão tudo isto? Que mal há, se estão fazendo o bem?

            O perigo é que passam por guias espirituais e procuram fascinar as pessoas pelo fenômeno mediúnico, desviando-lhes a atenção do Evangelho, para que não se melhorem moralmente. Lentamente vão envolvendo o maior número possível e têm um interesse todo especial pelos verdadeiros trabalhadores do Movimento Espírita, seus alvos prediletos e mais importantes. Quando conseguem dominar completamente estas criaturas, subjugando-as, fanatizando-as - preferentemente os médiuns -, envolvem-nas em verdadeiros escândalos públicos para, ridicularizando-as, desmoralizar a Doutrina Espírita.

            Mas como identificá-los?

            É o próprio Codificador (3) que nos dá a sábia indicação: "O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres e EXCLUSIVAMENTE MORAIS." (O destaque é nosso.)

            É preciso, portanto, estudar, com muito cuidado, a condição dos Espíritos que realizam curas, especialmente através de receituário ou de cirurgias. É de importância vital analisar a orientação, os conselhos que dão, se não exaltam o próprio nome, em lugar do do Cristo ou do próprio Criador, se recomendam o estudo que liberta e a transformação moral, ou se antes não estimulam a vaidade, dos que os procuram, com revelações fantasiosas.

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