sábado, 17 de janeiro de 2015

O Caso Extraordinário de Fathma ben Romdane


O Caso Extraordinário
de Fathma Bem Romdane
Direção
Reformador (FEB) Fevereiro 1962

            A revista do Centro de Pesquisas Biopsíquicas de Pádua, Itália, inseriu em seu número 9, do ano V, referente a Setembro -1961, com o título acima, o artigo que traduzimos e publicamos a seguir, para gaudio dos estudiosos dos fenômenos psíquicos:

            “Esta revista teve o privilégio de travar relações com o célebre metapsiquista Prof. Eugene-N. Vitry, Reitor do Instituto Norte-Africano de Estudos Metapsíquicos, o qual há cerca de 50 anos se ocupa com os estudos psíquicos e cuja competência nestas questões é reconhecida por todos os pesquisadores sérios que se interessam por essas manifestações, ainda conhecidas sob o nome muito genérico de “ciências ocultas”.

            Recordaremos que o Prof. Vitry era amigo pessoal de César Baudi de Vesme, autor de “Histoire du Spiritualisme Expérimental”, de Bozzano e de muitos ocultistas célebres, com os quais manteve uma troca de correspondência que representa, por si só, uma douta e original documentação sobre os mais complexos problemas da Metapsíquica moderna.

            Vindo a saber de suas pesquisas pessoais em torno de um caso excepcional de metagnomia, por ele estudado na Tunísia, e representado por uma rapariga árabe, e nas quais recolheu apontamentos que lhe serviram para preparar uma obra volumosa e fartamente documentada, pedimos-lhe nos brindasse com uma antecipação de seu trabalho, escrevendo para estas páginas algumas notas sobre os estranhos fenômenos que pode observar, analisar e controlar de maneira decisiva, atestando-lhes a completa autenticidade em face dos métodos científicos empregados.

* * *
           
            À época de nossas experiências conta o Prof. Vitry -, Fathma ben Romdane era uma
muçulmana de 16 anos, sã e robusta, isenta de taras e influências hereditárias. Falava correntemente a língua árabe e compreendia algumas palavras de francês; jamais havia feito qualquer estudo, de tal sorte que não entendia o interesse que se pudesse ter em escrever e ler.

            Dezesseis anos são passados desde o dia em que o acaso me permitiu submeter Fathma a certas experiências psíquicas. Eu havia sido solicitado por seus genitores a livrá-la de manifestações, de noctambulismo de que era vítima fazia algum tempo.

            Desde a primeira sessão, ela caiu imediatamente em um estado de sonolência profunda e passou, sucessivamente, por todos os estágios da fenomenologia hipnótica. Como eu não dominasse a língua árabe, tive que impor-lhe a minha vontade unicamente através do pensamento, e assim agindo não tardei a constatar, com estupefação e contentamento, que a jovem paciente o captava com uma precisão notável.

            Após uma dezena de sessões consegui livrá-la completamente de seu sonambulismo espontâneo. A partir de então os seus pais puderam observar que seu sono se tornou inteiramente regular, mas, toda vez que a pequena prometia acordar, a uma hora determinada, isso acontecia com rigorosa exatidão. 

            Logo a seguir, ela começou a assustar seus pais com manifestações muito curiosas. Adormecia a qualquer momento, sem a isso ser provocada, e nesse estado revelava que visitava a residência de amigos distantes, os quais, interrogados mais tarde, confirmavam os fatos relatados e se surpreendiam de que curiosos tivessem percebido suas conversações e fossem contar alhures o que acontecia em suas casas...

            Esta manifestação de Clarividência espontânea era mantida em absoluto segredo pelos genitores de Fathma, o que é, aliás, bem compreensível se se tiver em conta que a sua divulgação atrairia uma imensa multidão de curiosos e se turbariam, assim, seriamente, a tranquilidade e a paz familiares.

            Eu vim a saber desta nova manifestação de Fathma, em 1948, por ocasião de minha estada no sul da Tunísia, onde encontrei o pai da jovem, o qual me procurou para aconselhar-se e pôr-me a par de suas preocupações pelo estado de saúde da filha.

            Passei a observar atentamente a jovem vidente e, depois de haver assistido a várias manifestações espontâneas, fiz de modo a dirigir sua dupla vista para lugares que lhe fossem desconhecidos: a minha casa ou a casa de amigos meus. Os primeiros resultados foram decepcionantes, mas, em seguida, com o contato da minha mão, ela pode ver o interior do meu apartamento, reconhecer minha mulher, meu filho, o escritório, a biblioteca, e outras coisas. Esse recurso já não serviu para faze-la ver ou reconhecer uma pessoa em quem eu pensava; não chegou a isso senão mediante um contato, seja de uma fotografia, de uma carta ou de um objeto pertencente a essa pessoa. Neste caso, suas respostas eram precisas, claras e ricas de detalhes, como somente o faria alguém que estivesse “in loco” ou conhecesse perfeitamente os lugares e as pessoas. E ainda neste caso não se saberia explicar, por exemplo, como é que Fathma havia podido, no curso de uma experiência, registar que uma senhora, minha cliente, da qual eu conservava no bolso, por acaso, um bilhete, tingira os cabelos de um vermelho veneziano, quando eu a havia deixado uma semana antes com a sua cabeleira castanho claro... Não se podia tratar, portanto, de uma sugestão transmitida inconscientemente!         

            Tive que admitir, vistas as provas realizadas e a impossibilidade de qualquer mistificação em virtude da desconfiança profissional que me caracteriza e do rigoroso controle que eu exercia, que me encontrava diante de um caso de clarividência e de psicometria inteiramente excepcionais!

            Após estas experiências, Fathma foi levada por seus pais a Túnis, e permaneceu em minha casa durante seis meses, a fim de me permitir estudá-la com todo o vagar e submetê-la a todos os controles que pudesse julgar necessários.

            Evitando sempre exercer a menor sugestão sobre esta paciente privilegiada, pude realizar experimentações cuja extraordinária importância não deixará de abalar o mundo científico, quando eu der a público uma obra particularmente documentada. Convém notar que o mais minucioso controle foi constantemente executado por minha família e por algumas personalidades escolhidas entre médicos, professores de Filosofia, magistrados e membros do Instituto Norte-Africano de Estudos Metapsíquicos. Todos sempre se mostraram de acordo quanto à irrefutável autenticidade dos casos de clarividência obtidos e dos fenômenos de psicometria realizados com os objetos mais heteróclitos, como, por exemplo, fragmentos de pedra das escavações de Cartago ou objetos da época pré-romana encontrados nas escavações do golfo de Mahdia

            O que impressiona, sobretudo, nos fenômenos apresentados por Fathma ben Romdane é o fato de que ela vê diretamente, isto é, sem que seja necessário dirigí-Ia, acontecimentos que se passam a grande distância e cuja complexidade contrasta totalmente com sua ignorância.

            Com Fathma, não se trata de manifestações semelhantes àquelas em que sobressaía o famoso Pascal Fortuny, (x) o qual, posto em contato com uma pessoa, podia acompanhar o fluxo de seu pensamento e apreender lhe a ideia dominante, o estado de espírito e as preocupações que a assaltavam. Nada disso acontece com Fathma ben Romdane, que se concentra e cai em um estado particular que não é o transe dos espiritistas; depois de alguns instantes, e sem que lhe seja feita qualquer pergunta, ela diz de repente: “em um lugar muito distante, que se encontra deste lado (e esboça um gesto em dada direção), todo o mundo está consternado pelo assassínio de uma grande personagem”, ou ainda: “em uma grande cidade, cujas casas são baixas e brancas, vejo soldados que atiram contra a multidão ...; quantos mortos e feridos! E ninguém os socorre”. Palavras que se confirmam à leitura dos jornais do dia seguinte.

            (x) O nome Fathma bem Romdane não nos aparece nem no Google nem no Bing. Já em relação a Pascal Fortuny encontramos um longo texto:
Pascal Fortuny

               “Para la época en que Pascal Forthuny escribió ese libro, hacía casi veinte años que se codeaba con ilustres personajes que trataban de elucidar el enigmapsicológico que era para ellos la clarividencia. Sus amigos eran metapsiquistas como Charles Richet (autor del Tratado de Metapsíquica), el doctor Eugène Osty (director del instituto Metapsíquico) sucesor de Gustave Geley, René Sudre (autor de la Introducción a la metapsíquica humana). Pero, ¿qué es la metapsíquica? Nos dice Pascal Forthuny que su campo de estudio es el infinitamente vasto de los planos trascendentes del psiquismo, en el marco estrictamente humano, com exclusión de lo sobrenatural. Para Charles Richet, ella tiene por objeto el examen de los fenómenos mecânicos o psicológicos, debidos a fuerzas que parecen inteligentes o a poderes desconocidos latentes en la inteligencia humana. Aquí estamos lejos de la aceptación de las manifestaciones espíritas y eso es muy lamentable. Por otra parte, Pascal Forthuny parece atemorizado por esta particularidad aún inexplicable que le permite conocer lo desconocido en el pasado, el presente y con frecuencia el porvenir, por médios externos a los medios normales del conocimiento. Para él, esa facultad está lejos de ser inusual y piensa que el porvenir probará que si en ciertos individuos, puede estar dormida, en otros puede nacer gracias a factores dinámicos o intelectuales que pertenecen normalmente a los hombres. Sin embargo, para la época, en los medios científicos, ¡se hablaba más bien de histeria! Entonces, ¿Pascal Forthuny estaba enfermo?
               En el libro Nuestro sexto sentido de Charles Richet, se encuentra este retrato de él: “Es un hombre de una gran inteligencia, habla fluidamente varias lenguas, especialmente chino, inglés y español. Es un crítico de arte altamente apreciado, un hábil músico, un autor dramático que ha hecho representar varias piezas. Há publicado una decena de novelas. Es poeta y varias veces ha expuesto excelentes cuadros en Salon”. De hecho, es bajo su verdadero nombre, Pascal Cochet que se lo conoce como pintor. No se dedicaba em absoluto a la videncia y como lo diría él mismo, solamente la practicaba esporádicamente, lo que le valió preservar su salud (murió a los noventa y un años). No obstante, ya en 1911 tuvo una visión, un mal presentimiento, que le hizo abandonar bruscamente un reportaje solicitado por el periódico Le Matin sobre las sangrientas huelgas de Mulhouse. Un ataúd cubierto con un paño negro y dos hileras decirios vistos sobre la mesa de equipajes en la estación de Sedan lo hizo volver a casa de sus padres para ver a su madre morir ante sus ojos, de una neumonía declarada en su ausencia. Pero fue después de outro duelo, el de su hijo Frédéric, víctima de un accidente aéreo el 25 de junio de 1919 en Galatz (Rumania) que fue atrapado por la necesidad de escribir. En los textos recibidos aparecía muchas veces esta frase: “El verdadero avance de tu espíritu se hará por medio de la clariaudiencia y la clarividencia, y eso tendrá lugar pronto”.
                                                                          Cuando la clarividencia se impone
               Durante el invierno de 1921, fue llamado al Instituto Metapsíquico dirigido entonces por Gustave Geley, para servir de intérprete durante una sesión de xenoglosia: una dama de Marsella aseguraba hablar la lengua china sin haberla aprendido. He aquí lo que él nos relata: “Escucho a esta mujer, le hago preguntas en chino. Ella sólo responde en una jerga que no tiene ningún rasgo de esta lengua. Experimento nulo. La dama marsellesa se retira y una clarividente inicia una experiencia de lucidez sobre una carta cerrada. Una circunstancia la aparta de ese trabajo. Por broma tomo el pliego y doy a conocer algunos detalles que no carecen de relación con espantosos actos criminales. Me entero de que la carta es del siniestro asesino de mujeres, ¡Landru! Asombra mi intento. Se me pone a prueba procurándome un abanico, un bastón y uma sortija. En los tres casos, mis precisiones son lo bastante claras como para que el doctor Geley pueda concluir: ¡Usted es vidente! Yo estaba aterrado: esa aventura no me gustaba en absoluto. Salí vacilante como un borracho. Rechazaba el don de los dioses. Pero desde entonces… Y he aquí cómo una mala xenóglota hizo de mí, sin proponérselo, un médium clarividente”.
               En los años que siguieron, de 1924 a 1927, convertido en secretario general de la Unión Espírita Francesa, Forthuny daría asombrosas sesiones públicas, primero en la Casa de los Espíritas, luego en el Instituto Metapsíquico. Mientras llegan los invitados, se aísla y se concentra en una habitación del piso superior. Cuando el público (un centenar de personas por término medio) se instala, entra a la sala y observa a los asistentes. Generalmente serán elegidas entre siete y ocho personas. Les revelará informaciones exactas sobre su nombre, su personalidad, sus lugares de vida, etc. Eso puede suceder igualmente en su casa tal como nos lo relata: “Un día, en pleno trabajo literario, se formó ante mis ojos el esbozo de la plaza de una pequeña aldea: al fondo la iglesia, algunos árboles y a ambos lados bloques de casas. Suspendo mi obra, levanto rápidamente mi caballete, preparo paleta, tela y pinceles y, enfebrecido, compongo un cuadro en hora y media, tal como si hubiera estado delante del motivo. Cuando esta improvisación se seca, la cuelgo de la pared en mi casa. Pronto recibo la visita de un amigo de España que se detiene delante de mi cuadro y me dice: «¡Mira! Has pintado la Colegiata de Talavera de la Reina. ¿Lo hiciste en el lugar?» —«No», respondí, «yo jamás he ido a esa región». Estupor del huésped que, al día siguiente, me envió una foto del monumento, visto desde otro ángulo. Los detalles, sobre todo los de arquitectura, me muestran que he pintado, como visionário y con fidelidad, un sitio que no había visto nunca”.
De clarividencias muy particulares
               Durante el desarrollo de su facultad, Pascal Forthuny comprendió que cada clarividente tiene sus propias formas operatorias y que sus “relojes psíquicos” no salen nunca de la misma fábrica. Para él, su particularidad es su humor: “Corresponde expressamente a mi carácter que no tiene nada de sombrío, nos dice. Uno no podría concebir el placer que encuentro en ver sucederse ante mis ojos pinturas y acuarelas, interiores a veces descritos tan minuciosamente, que uno puede encontrarse en casa de Balzac, oyendo los diálogos, las risas, hasta las quejas, visualizar los retratos que mi interlocutor puede reconocer como exactos, sentir los productos del laboratorio de un químico, el cloroformo de un cirujano, ciertos gustos en la boca de un diabético, y el aroma del azahar para una señorita que se casará dentro de ocho días. Y cuando repentinamente una voz me grita al oído: «¡Nogaret! Mientras que al fondo de la sala señalo a un señor desconocido, qué recompensa oír exclamar al interpelado: ¿Nogaret? ¡Es el nombre de mi suegra! ¡Ella me escribió esta mañana y aquí está su carta!»”
               Entre las sesiones interesantes, aún podemos citar esta: “Una tarde, en el IMI, entre cien personas, paso delante de una dama y siento enseguida un fuerte olor a ajenjo. Ahora bien, su apellido de soltera era Pernod. Otra vez, rodeando la silla de un espectador, escuché pronunciar en clariaudiencia Cadet. Le dije al hombre: ¿Su nombre es Cadet? No, replicó divertido, me llamo Roussel. A una mujer desconocida le dije apretando su mano: Usted tiene dolores y torsiones musculares, lo cual se comprobó era exacto”.
               Más fuerte todavía, el doctor Osty le había impuesto ejercitar su facultad cuando la sala estaba vacía, antes de la sesión. Una silla numerada elegida por sorteo era objeto de una clarividencia, destinada a la persona que se iba a sentar allí algunas horas después. “Aquel día”, cuenta él, “dije tres horas antes que la silla no sería ocupada, un diagnóstico sobre el estado de salud de una dama: Cuide su hígado, no use ese cinturón, ya le ha hecho daño. Atención al regreso del dolor de oídos, de garganta y de la nariz. Sus neuralgias no vienen sino de allí. Volverá una amenaza de operación”. Ahora bien, esta dama estaba entonces en tratamiento por problemas hepáticos. Llevaba un cinturón que la había lastimado, sufría de fuertes neuralgias, el mismo día había faltado a una cita con un especialista de las afecciones ORL, (*) y algún tiempo después debió sufrir la ablación del apéndice. Este experimento llamado “de la silla vacía” tuvo mucho éxito y fue retomado y perfeccionado a partir de 1947 en los Países Bajos, por el profesor Tenhaeff con otro célebre clarividente, Gérard Croiset.
               (*) Otorrinolaringológicas. (Nota del Traductor)
                                                           El verdadero papel de la clarividencia
               Todavía hoy, a numerosas personas les encanta assistir a videncias en directo durante conferencias públicas. Pero ese no es el papel del Círculo Allan Kardec, como lo indicamos siempre en nuestras revistas y debates públicos. Pascal Forthuny había entendido bien que dar sesiones públicas era una batalla. Lo expresa en su libro en estos términos: “Es preciso hacer frente a esas fuerzas emotivas, a esos reflejos físicos. Por todas partes, el médium es «fusilado» por el deseo de los asistentes, o por su temor. Hay curiosidad, credulidad, escepticismo, desconfianza irónica, partido tomado de no dar la razón al clarividente, de decir que no cuando hay que decir que sí. Hay otros factores vinculados al médium mismo y que hacen estas reuniones tan difíciles de conducir, estas demostraciones tan extenuantes por el carácter de combate que adquieren. Lo que un sujeto clarividente está en derecho de exigir a un grupo de experimentadores, sabios o profanos es, en primer lugar, se los aseguro, renunciar a toda idea preconcebida, a toda confianza exagerada, a toda antipatía, en suma, hacerle al médium una atmósfera moral donde respire bien”.
               Hoy en día es nuestro deseo rectificar los errores del pasado y aportar a los humanos ávidos de conocimientos, para que se vuelvan más hacia el bienestar del prójimo. Es también la voluntad del espíritu Pascal Forthuny que se manifestó en un mensaje sobre la clarividencia para brindar su comentario: desde su más allá ha comprendido que la clarividencia debe ser un servicio que se da, que no debe ser solamente un fenómeno que asombra. Es también una terapia pues debe equilibrar al que la recibe. Y es una cosa buena cuando no es vendida. Ella ha sufrido mucho, y sufre todavía, de todas las formas de mentira y charlatanismo que la disfrazan y la transforman para desgracia de la humanidad entera. Y si Forthuny no tuvo la oportunidad de conocer bien el espiritismo, presintió que esa facultad era un fenómeno natural, inherente a nuestras naturalezas carnales y que el hombre estaría mejor si viviera al ritmo de la clarividencia. Otro elemento de importancia que se encuentra en sus palabras es el deber de decir todo, pues el clarividente ve el espíritu de la persona, percibe su carácter y su psicología mejor de lo que podría hacerlo ella misma y no debe dudar de sus capacidades. Sobre todo no debe tratar de limar asperezas para dar forma a su inspiración según la lógica y el buen sentido, decía él en vida. Eliminen las percepciones aparentemente poco razonables, y eso era justamente lo que había que decir. Tengan la audacia de decir todo lo que vean a partir de un soporte fotográfico u otro, repite hoy, y tengan también la audacia de rechazar una fotografía si no les parece conveniente, o si les inspira desconfianza, miedo o repulsión. Los clarividentes del círculo Allan Kardec pueden referirse pues a los buenos consejos de Pascal Forthuny antes de su sesión.
                                                                          El estado de clarividencia
               Para concluir, volvamos con él sobre lo que sentía en el momento de sus clarividencias: “Es sufrir ya una episódica y fulgurante modificación de la personalidad, sentir penetrar en uno, aunque no sea sino por un segundo, este «demonio» que interviene de repente, cuya voz aporta una indicación telepática, un presentimiento, una admonición. Lo es mucho más cuando uno se pone a vaticinar, a «ver» en el tiempo y el espacio, hechos, precisiones de toda naturaleza, de las que normalmente no se puede tener la revelación y que, sin embargo, corresponden a realidades verificables en el pasado y el presente, y controlables en  el porvenir. El trabajo del clarividente implica automaticamente una disociación del yo psíquico donde abdica la personalidad consciente ante la personalidad segunda. El máximo de fecundidad mediúmnica —y creo poder decirlo con conocimiento de causa para la clarividencia— coincide con el mínimo de consciencia normal. Por lo demás, es igual para los exploradores del genio y es aquí donde hay que repensar estas palabras de Beethoven: “La inspiración es para mí un estado misterioso donde el mundo entero me parece formar una vasta armonía, cuando pensamentos y sentimientos resuenan en mí, cuando todas las fuerzas de la naturaleza se vuelven instrumentos para mí, cuando me estremezco todo”. Muchos siglos antes del maestro de las nueve sinfonías, el neoplatónico Pórfido había observado: “La causa que produce el éxtasis muy bien podría ser una afección mental (él no podía decir todavía modificación de la personalidad).
En cuanto al demonio de quien se nos habla, sospecho que no es más que una parte del alma humana”.


            O texto da matéria transcrita tem por base Pascal Fortuny (1872 - 1962) Dossier La Claravidencia  por Fabienne Touzet - Pascal Fortuny por Robert Doisneau en 1949 Le Journal Spirite n° 86 Octobre 2011.”

            Retornemos agora ao texto original de ‘Reformador’...

            O que caracteriza estas experiências é que Fathma capta e interpreta a alma da multidão e apreende o que acontece nos lugares mais longínquos, desde que haja uma aglomeração considerável de pessoas. Tudo parece demonstrar que o corpo etéreo desta moça é inconscientemente atraído para os locais onde a multidão cria uma atmosfera específica de temor, de aflição, de espanto ou de alegria. Algumas de suas manifestações são comparáveis àquelas de Swedenborg, o iluminado do século XVIII, o qual, encontrando-se em pleno Mar Báltico, a bordo de um navio, viu o incêndio de Estocolmo no preciso instante em que irrompia.

            Pode-se pensar, também, em Apolônio de Tiana, o célebre filósofo pitagórico, contemporâneo de Jesus-Cristo, o qual - segundo registraram seus inúmeros biógrafos -, quando pronunciava uma conferência em Éfeso, interrompeu-se repentinamente e, após uns momentos de recolhimento, fixou um ponto no espaço e gritou: “Golpeai o tirano, golpeai!” Logo depois, gesticulando e voltando-se para o auditório assomado de estupor, disse : “Domiciano não mais existe; o mundo está livre desse opressor!” Algum tempo depois se verificou que no momento em que Apolônio tinha esta visão, em Éfeso, o último dos doze Césares era abatido pelo punhal de um conjurado.

            Fathma ben Romdane, a meu ver, é um dos pacientes metapsíquicos mais interessantes de nossa época, porque, ao contrário de tantos outros, e cujas faculdades são reconhecidas pelos mais destacados cientistas, todas as manifestações por ela produzidas têm ocorrido quase sempre espontaneamente e sem que qualquer sugestão haja influenciado sua personalidade psíquica. Entrando em contato com um objeto qualquer, Fathma descreve toda a sua história, desde a origem, e isto de uma maneira surpreendente. Faz ressaltar, por meio de detalhes particularizados, fatos curiosos e, o que é mais notável, impressiona pela erudição de que dá mostras. Suas qualidades psicométricas espantam e imprimem orientação diferente às pesquisas. Não resta senão controlar o que relata e estarrecer-se com a realidade que ela percebe com um simples, toque de um objeto aparentemente desprovido de vida.

            Por muitas vezes eu depus entre as mãos de Fathma um envelope lacrado e que continha um pequeno cartão no qual uma pessoa ausente à sessão havia escrito algumas palavras ou desenhado figuras geométricas. Isto ensejava a certeza de que nenhum dos participantes da reunião lhe conhecia o conteúdo. Fathma, com os olhos bem abertos e mirando o vácuo, apalpava febril e nervosamente o envelope e, em seguida, não sabendo ler, traçava com um lápis o que divisava no interior. Os erros eram raros e quase sempre devidos a uma defeituosa interpretação dos sinais gráficos. Ao contrário, não se enganava nunca na visão das figuras geométricas ou de um objeto que conhecesse, como uma cadeira, uma garrafa, uma margarida, um cacho de uvas, um sino, um gato, etc. Nestes casos, sorria radiante e dizia imediatamente: koursí, debbouza, quhouêne, àneb, nàqous, qattous, etc.

            As impressões eram quase instantâneas e as visões se situavam sempre e unicamente no presente, sem ter em conta o espaço. Jamais, com efeito, Fathma anteviu um acontecimento ou um fato que devesse desenrolar-se ou realizar-se em um futuro próximo ou distante. Inclusive, exprimia-se sob uma forma simbólica que demandava interpretação, tendo em vista sua falta de instrução e sua inteligência mediana.

*

            Mas o fenômeno que, mais que qualquer outro, certamente atrairá a atenção do mundo científico, reside na desmaterialização visível dos membros inferiores a que Fathma era sujeita, de vez em quando, ao esforçar-se por conseguir a clarividência.

            A primeira vez que assisti a esse estranho fenômeno, que, ao que saiba, não encontra paralelo senão naquele realizado pela célebre médium Madame d'Esperance, foi no meu escritório, em 1949. Estavam presentes muitas pessoas: entre outras, o pai de Fathma, um notável muçulmano, minha mulher, um professor de medicina legal e um jovem fotógrafo, que ficou tão impressionado que não pode nem ao menos disparar a objetiva de sua máquina no momento azado.

            Fathma se encontrava, havia alguns instantes, naquele estado meditativo e particular de êxtase a que já me referi, os grandes olhos arregalados e fixos no vácuo. Mal havia contado uma porção de fatos singulares que ocorriam em Sfax (importante cidade do sul da Tunísia), quando, inesperadamente, com voz mais forte e incisiva, gritou: “Quero voltar a Sfax para ver melhor!” Ao mesmo tempo que assim falava contraía os músculos visuais e dava a impressão de estar fazendo um esforço para libertar-se dos liames materiais que a retinham junto a nós. No mesmo instante, todos verificamos que os pés de Fathma haviam desaparecido ... Ao primeiro instante pensamos que ela os tivesse dobrado para sentar-se sobre eles, segundo o costume árabe, mas foi em vão que levantei suas saias bastante amplas; não víamos mais que os joelhos. Tendo-os tocado, notei que conservavam a temperatura normal, mas em compensação desprendiam uma levíssima corrente elétrica, enquanto se difundia, no ambiente, um tênue odor de ozônio.

            O pai de Fathma se alarmou e, temendo talvez aquele funesto acontecimento, se deixou cair em uma poltrona escondendo o rosto entre as mãos! O fenômeno, porém, durou poucos instantes, eis que quase imediatamente, circundadas por uma espécie de matéria vaporosa, indefinível, vimos novamente se recomporem gradualmente as extremidades de Fathma. Tocando os pés da jovem, senti que estavam frios, quase gelados, ao mesmo tempo que transmitiam uma espécie de formigamento elétrico, de intensidade variável (verificado por todos), semelhante à sensação precedente, e que se desvaneceu à medida que a temperatura das extremidades se normalizava.

            Este fenômeno, ao qual se seguiram muitos outros, com maiores ou menores intervalos, não pode deixar ninguém indiferente. Tentei explicá-lo comparando-o com certas manifestações, bastante complexas de resto, observadas nas pesquisas medianímicas, mas a sua origem e sua produção tangível e incontestável escapam a toda investigação.

            Uma outra manifestação que merece a atenção dos metapsiquistas é aquela pela qual Fathma ben Romdane impressionava, a distância, com sua imagem, as chapas fotográficas.

            Dar hoje a explicação destas manifestações seria perder tempo inutilmente, porque os estudos metapsíquicos atuais não dispõem ainda, infelizmente, dos elementos e dos meios científicos necessários para solucionar este grande problema que é a energia radiante, inteligente ou não, que se desprende do corpo humano. Enquanto não for possível superar certas barreiras e conhecer o mistério do ser humano, o homem permanecerá aquele eterno desconhecido do qual o Dr. Alexis Carrel reconheceu com justeza o mistério insondável.

            No momento presente basta que nos contentemos em constatar, controlar e verificar, à espera de que um caso fortuito, em ocasião inesperada, permita explorar até à causa primeira.

            As teorias mais estranhas e também as mais absurdas têm sido invocadas para explicar as causas determinantes do fenômeno de clarividência! Alucinações hipnagógicas? Alterações psico-sensoriais? Fotismo? Na verdade, não se sabe nada, absolutamente nada!

            Como quer que seja, e em qualquer hipótese, é de se desprezar a alucinação como explicação dos fenômenos obtidos por Fathma ben Romdane, porque, ainda que se quisesse considerar, com a maior boa vontade, a alucinação, como o fazia Taine, que concebia a própria percepção como uma verdadeira alucinação, não se pode contrapor tal hipótese ao senso psicológico real que define a alucinação como tendo caráter da percepção, mas sendo, na realidade, uma falsidade física.

            Ora, no que concerne às experiências realizadas com Fathma ben Romdane, o mais rigoroso controle confirmou de maneira mais positiva:

            1)        Que as visões foram sempre controladas e confirmadas; logo, nenhuma alucinação possível.
            2)        Nenhuma ação hipnótica foi jamais praticada para provocar as manifestações de clarividência e de psicometria.
            3)        Se existe alteração psico sensoríal - o que é provável (visto que não se constatariam semelhantes fenômenos no estado normal) -, essas alterações são
inconscientes. O coração, a respiração e os reflexos são normais enquanto o paciente se encontra naquele estado particular e dificilmente verificável com os meios modernos de controle, e indefinível do ponto de vista fisiológico, porque não se trata de sono propriamente dito, mas antes de um estado que se avizinha daquele conhecido com o nome de êxtase, pois que os membros têm sempre a tendência de manter uma ligeira rigidez plástica, mas conservando a percepção sensorial às reações térmicas e dolorosas.
            4)        Fotismo como explicação? Provavelmente, porque nada se opõe, no momento, a esta tese, se bem que muito arriscada. Com efeito, é o subconsciente que percebe as imagens reais de visões longínquas que afloram à superfície do consciente, através de um - mecanismo psico sensorial no qual a inteligência instintiva desempenha, verossimilmente, um papel destacado.
                                                                       Dr. Eugene-N. Vitry De Villegrande


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