Doutrina
Espírita
por Indalício
Mendes
Reformador (FEB) Agosto 1955
É de vital importância para o
espírita o conhecimento real da Doutrina, base e fundamento da nossa crença.
Ela possui todos os elementos necessários à orientação correta e segura dos
profitentes do Espiritismo. Quanto mais se puder evitar as deturpações oriundas
do insuficiente conhecimento ou da assimilação dos princípios doutrinários, tanto
melhor para os espíritas e para o Espiritismo. Precisamos compreender que a
nossa crença não se destina ao cultivo de superstições e preconceitos, mas
justamente ao esclarecimento da verdade, a fim de que todos possamos realizar
uma vida simples e objetiva, que nos leve à exemplificação dos preceitos
contidos no Evangelho segundo o Espiritismo. Devemos, pois, permanecer fiéis ao
espírito de nossa Doutrina e prestigiá-la pelo estudo e pelo exemplo. Isto é
bem mais importante do que se possa admitir à primeira vista. O espírita
esclarecido não pode deixar de guiar-se pelo Evangelho e pela Doutrina, porque
com ambos alcançará o verdadeiro rumo para a felicidade
espiritual
e a compreensão legítima dos deveres compatíveis com a vida terrena. É na
Doutrina que os espíritas encontrarão os melhores argumentos para o próprio
esclarecimento e a iluminação daqueles que buscam a paz e a compreensão que o
Espiritismo pode dar. Ela é um poderoso elemento disciplinador e possui grande
poder para unificar, dando aos espíritas a indispensável solidez de opinião
acerca dos problemas fundamentais da vida e dos objetivos primaciais do
Espiritismo. Aqueles que se uniram à Federação Espírita Brasileira, aceitando,
consequentemente, a Doutrina codificada por
Allan Kardec, formam elos de uma grande e forte corrente cristã, destinada à
consumação dos propósitos contidos no Evangelho segundo o Espiritismo, obra
santificada pelos princípios de Jesus, interpretados em espírito e verdade. Tão
grande e benemérita é a finalidade do Espiritismo, que dele se pode dizer que é
a luz que veio dar à Humanidade o verdadeiro sentido das palavras cristãs,
porquanto é o Paracleto prometido pelo Suave Nazareno. O Espiritismo não
pertence a ninguém, não é de grupos humanos, pois provém do Alto, é obra dos
Espíritos, mensageiros do Cristo, que realizam, entre todas as dificuldades
imagináveis, engendradas pela ignorância do homem, o trabalho cristão que há
de redimir as criaturas pela elucidação, pelo ensino, pelo exemplo. Recordemos
estas palavras de André Luiz: "O
Espiritismo com Jesus é o edifício do aperfeiçoamento moral que os corações de
boa vontade estão erigindo para o mundo."
*
Pela Doutrina espírita, o homem
aprende a compreender a vida e se exercita na tolerância esclarecida. Sabe que o
aperfeiçoamento progressivo do espírito tem de ser fruto da auto educação.
Conhecendo o rumo traçado pela Doutrina, pode seguir nesse caminho a passos
firmes, porque sabe para onde se dirige e o que o aguarda no fim da jornada.
Todavia, é mister conhecer e principalmente estudar a Doutrina. Ela tem de ser
nossa preocupação constante, porque, tal como a bússola, precisa de ser
consultada a todos os momentos para que possamos retificar nossa rota, muitas
vezes desviada sem que o percebamos. Uma vez assentada nossa diretriz, sob a
luz do Evangelho segundo o Espiritismo, podemos estar certos de que, desde que
não nos falte o testemunho indispensável da exemplificação cotidiana, nos
inclinaremos para Jesus, fiéis às diretrizes por ele traçados para a Humanidade.
*
Podemos saber tudo concernente ao
Espiritismo. Desde que desconheçamos o Evangelho e a Doutrina Espírita, nada
sabemos. O primordial, e essencial, é o estudo diário, a meditação frequente, a
exemplificação permanente, para que possamos ter a consciência absolutamente
tranquila quanto aos nossos deveres para com o Pai e o Cristo. Muitas
obscuridades poderão desaparecer mediante a compreensão da Doutrina na Espírita, que
está iluminada pelo Evangelho segundo o Espiritismo. Conheçamos as leis
reguladoras da vida do espírito sob o fardo da matéria. Interpretemos
devidamente a correlação da vida presente, terrena, com a vida futura,
espiritual. Saibamos discernir com serenidade o papel
que representamos na vida, perante os nossos semelhantes e, sobretudo, perante
Deus e Jesus. Ser espírita apenas porque se aceita o fenomenismo psíquico, sem
haver enriquecido o coração com as luzes do Evangelho e da Doutrina codificada
pelo mestre Allan Kardec, é mera fantasia. Não é espírita quem não realiza a
exemplificação do Evangelho e da Doutrina. Essa exemplificação é que define se
somos realmente espíritas ou se apenas somos uns teóricos, de pena fácil e
palavra solta, que arrancamos elogios dos que nos leem ou nos ouvem; mas não
conseguiremos fazer colheita satisfatória, porque a semeadura, em tais
condições, é ilusória.
*
Estudar a Doutrina, explicá-la com
simplicidade e clareza, disseminá-la entre aqueles que dela necessitam e não
sabem buscá-la por si mesmos, é realizar plantio abençoado. Quem assim procede,
pode aguardar serenamente a colheita, porque terá dado ao Espiritismo a
garantia de uma boa safra. Quanto mais for a Doutrina Espírita estudada e
compreendida, espalhada e assimilada, mais forte estará o Espiritismo. E é
preciso que assim seja porque não sabemos o dia de amanhã. Precisamos ser
previdentes e efetuar o plantio com escrupulosa atenção, para que o futuro não
nos surpreenda desprevenidos.
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