Espiritismo:
Religião Dinâmica
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Maio 1962
O Espiritismo é a Doutrina que
melhor se adapta aos tempos presentes, com vistas ao futuro, porque encerra
princípios eternos, que preexistiam antes de Swedenborg e das irmãs Fox, porque
têm a idade da vida humana neste planeta. Importa, no entanto, que todos nós,
responsáveis pela disseminação das ideias espíritas - todos nós, entendam,
profitentes, médiuns, mentores, simpatizantes, etc. -, nos esforcemos para dar
demonstração prática e permanente daquilo que a Doutrina nos ensina, para que
não caiamos
nos erros de outras religiões, que se petrificaram em dogmas inconciliáveis com
a razão ou se tornaram ineficientes em virtude da apatia dos que as dirigem,
mais preocupados com eles mesmos e com os problemas da vida material do que com
as responsabilidades intrinsecamente espirituais.
Em vez de uma religião estática, o
Espiritismo precisa de continuar sendo uma religião dinâmica, em todos os seus
compartimentos, em todos os seus setores, em todos os seus graus, enfim. Não
nos preocupamos com o número de espíritas, mas com a qualidade de cada um dos
que aceitam a Doutrina codificada por Allan Kardec. A caridade é uma tarefa
dinâmica e indeclinável em qualquer lugar onde haja um espírita verdadeiramente
integrado nos princípios doutrinários. O essencial é permanecer fiel à
Doutrina, é pregar a Doutrina, é exemplificar a Doutrina. Sem isto ninguém será
realmente espírita.
O Espiritismo não se alheia das
obras de caráter social. Socorre, assiste, orienta, multiplicando sempre a sua
ajuda, quer no setor material, quer no moral e no espiritual. Renunciar à
caridade, sob qualquer pretexto, será trair a Doutrina. O espiritista tem um
dever fatal: servir. Não pode deixar-se ficar à margem de iniciativas
destinadas a beneficiar o próximo. Votar-se à inação ou revelar má vontade em
relação ao trabalho de outros confrades, constitui uma traição à Doutrina.
O misticismo não atende
integralmente às aspirações doutrinárias. O Espiritismo é uma religião prática,
assente no Evangelho do Cristo, uma religião dinâmica, atuante, alerta, que
restabeleceu no mundo o Cristianismo verdadeiro que foi expulso da Terra desde
que se começou a dar maior importância às vantagens de ordem temporal, aceitando-se
conchavos com os poderosos e realizando-se barganhas com a Política. O
Espiritismo não pode cair nesse atoleiro; mas, para que não o comprometamos,
mister se torna iluminarmos o nosso caminho com as luzes da Doutrina,
respeitando-a e fazendo que a respeitem e a sigam.
Já houve quem dissesse que o
Espiritismo não é religião, mas apenas uma filosofia. Não nos surpreende o que
possam dizer mais do que já disseram os inimigos da nossa crença. O que Kardec
afirmou é que o Espiritismo não é uma religião constituída, "visto que não
tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou nem
recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote”. O que se faz em certos
países que adotaram um espiritismo a seu jeito e possuem pastores e bispos,
igrejas, liturgias, etc., é uma deturpação do Espiritismo legítimo, uma
imitação de religiões dominantes nesses países.
Quando insistimos pelo estudo e
exemplificação da Doutrina, fazemo-lo pela convicção cada vez mais arraigada de
que somente ela dará ao espírita sincero e estudioso a oportunidade de conhecer
mais de perto as belezas contidas em suas páginas, ao mesmo tempo que apressa o
burilamento de nossas qualidades morais, encurtando-nos o caminho para o
aperfeiçoamento espiritual.
Caso contrário, ocorrerá a “morte do
espírito”, que pode anteceder e geralmente antecede à “morte do corpo”. Mas o
espírito morre? Certamente, num dado sentido. Se a criatura humana se desvia do
bom caminho, comprometendo a sua posição cármica, seu espírito torna-se “enfermiço”
e “morre” em relação aos bens que o aguardariam se outra fosse a sua diretriz.
Quando ocorre a morte do corpo, isto é, a desencarnação, o espírito dessa
criatura, muito perturbado, perde a consciência de si mesmo, até que seja
encaminhado ao trabalho de recuperação, tão bem descrito nas extraordinárias
obras de André Luiz. Então, o espírito que havia “morrido”, por não ter
consciência do valor da vida moral, realiza estágios na erraticidade,
aprendendo ou reaprendendo coisas que desconhecia ou das quais se esquecera,
empolgado pelo imediatismo da vida material. Quando alcança determinado grau de
depuração, é quase um novo Espírito. O espírito velho, portanto, “agoniza”.
Quando se completa a sua reabilitação, pode-se dizer, então, que morreu o espírito
velho e nasce um Espírito novo.
Indalício Mendes
Os destaques são do Blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário