segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ataques do Invisível


Ataques do Invisível
(Programação e disciplina)
Direção
Reformador (FEB) Novembro 1978

            Ainda existem na seara do Espiritismo companheiros que se alheiam perigosamente à efetiva e malévola ação das esferas invisíveis de subnível, em que pululam seres infensos ao bem, aborrecidos da luz, valendo-se de condições de cultura e desenvolvida intelectualidade, minuciosa programação e férrea disciplina, sempre dispostos a dinamizar cada dia mais a sua atuação contra o Movimento Espírita, obsidiando, vampirizando e confundindo invigilantes e imprudentes, nas tarefas respeitáveis e edificantes a que se entregam os seus Centros e Casas, em toda parte.

            Fala-nos o Irmão X, na obra "Contos desta e doutra Vida", recebida por Francisco Cândido Xavier em 1963 (4ª edição da FEB, em preparo), a respeito de certa "Decisão nas Trevas", que vale recordar aqui, por oportuníssima.

            Um Espírito desencarnado, especializado na organização de obsessões, toma a palavra numa assembleia no reino das sombras:

            Os espíritas criam atmosfera semelhante à que se conheceu nos tempos do Cristo. Não se conformam à fé expectante dos santuários. Não há meio de isolá-los nas preces inativas. Por mais sugiramos encantamentos com melodias e aromas, rituais e painéis, mais se afastam das seduções magnéticas, atirando-se ao exercício do bem. Ao invés de arcas místicas, preferem tijolos para casas beneficentes. Em vez de se ajoelharem, caminham... Trocam perfumados unguentos por suor desagradável, desde que possam servir aos semelhantes. Quadro igual ao da época de Jesus, em que se realizavam caravanas de socorro aos infelizes, onde os infelizes estivessem. (...) Indispensável encontrar o processo de esmagá-los, destrui-los...

            Surgem, então, os alvitres de vários "entendidos", querendo conseguir "soluções" hábeis para resolver o sério problema que lhes é criado pela influência benéfica das obras  espiritistas e pela conduta exemplar dos seus servidores. Mas o "especialista" mencionado refutava tais alvitres, um a um, explicando, a cada manifestação de integrantes do bando, que "perseguição é benefício aos perseguidos"; "vítimas são cartazes de propaganda para as ideias que representam"; "as perturbações multiplicadas induziriam os espíritas a mais amplos estudos"; "calúnias e discórdias, críticas e escárnios (...) é técnica superada"; "o povo em si quer rendimento em boas obras" e "toda pessoa injuriada vence essas tramoias, desde que se conserve trabalhando ... ".

            Quando já pareciam esgotadas todas as possibilidades da fértil imaginação do grupo doentio, preludiando aterrador desânimo, eis que certo vampirizador dos mais experientes oferece uma contribuição absolutamente inesperada:

            Tenho um projeto que me parece viável. Será fácil treinar alguns milhares de companheiros para a hipnose em larga escala e faremos que os espíritas se acreditem santos de carne e osso. Mobilizaremos legiões de amigos nossos que lhes assoprem lisonja ao coração, ocupando a mediunidade, seja na palavra falada ou escrita, para a sustentação de elogios mútuos. Faremos que se suponham heróis e reis, místicos e fidalgos reencarnados com títulos honoríficos, garantidos nos mundos superiores, como os beatos do tempo antigo se julgavam donos de poltronas cativas no reino dos Céus. Depois dessa primeira fase, estarão dispostos a serem bonzinhos, a viverem na santa paz com todos. Não mais abraçarão problemas; considerarão a análise desnecessária; não estimarão perder a companhia dos desencarnados ou encarnados que os bajulem; ao invés de canseira, a serviço dos outros, mergulharão a existência em meditações no colchão de molas, esperando que os anjos lhes emprestem asas para a ascensão aos Espaços Felizes; usarão o silêncio para que a verdade não os incomode e aproveitarão a palavra, quando se trate de dourar a mentira que os favoreça.

            Cada qual, assim, passará a viver entronizado na pequenina corte dos adoradores que lhes mantenham as ilusões. Colocarão considerações terrestres muito acima dos patrimônios espirituais, para não ferirem a claque dos amigos que os incensem; abominarão desgostos e aborrecimentos, nada quererão com discernimento e raciocínio; dirão que o mal será apagado pela bondade de Deus e não se lembrarão de que Deus espera por eles para que o bem triunfe do mal, estirando-se em meditações inoperantes acerca dos milênios vindouros; fugirão do mundo para não perderem a veste imaculada; detestarão qualquer empreendimento que vise a movimentar as ideias espíritas nas praças do mundo, a fim de não sofrerem incompreensões e desgastes...

            Em suma, há religiões que possuem santos de pedra ou gesso, mas nós, com a hipnose na base da ação, acabaremos improvisando neles santos de carne e osso por fora, conquanto prossigam na condição de homens e mulheres por dentro...

            Creio que, desse modo, enquanto estiverem preocupados em preservar a postura e a máscara dos santos, não disporão de tempo algum para os interesses do espírito...

            Ruidosas manifestações verbais e palmas dos presentes consagram o conselho do astuto obsessor.

            Parece desnecessário salientar que os demais processos obsessivos, em diversos graus, são sempre utilizados, juntamente com esse que acabamos de recordar.

            Os que leem e releem os livros do Irmão X, ricos de casos verídicos colhidos, aqui e ali, das experiências dos médiuns, oradores, expositores, dirigentes e obreiros em geral, nos lares e nos Centros, na vida íntima e social dos adeptos da Doutrina Espírita, estão bem melhor informados e esclarecidos, que os demais, sobre os perigos permanentes do Mundo Invisível, que mereceram do codificador Allan Kardec cuidadosa e responsável atenção. Em "O Livro dos Médiuns" há muito o que estudar e observar, prevenindo ou resolvendo
problemas dessa ordem.

            Vale, finalmente, assinalar, para nossa edificação, que organização, planejamento e disciplina são requisitos tão indispensáveis nos círculos de ação do nosso Movimento, para o bom êxito dos seus empreendimentos, atividades e decisões, que nem mesmo os invisíveis operadores da Sombra os ignoram ou desprezam.


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