Ataques do Invisível
(Programação e disciplina)
Direção
Reformador
(FEB) Novembro 1978
Ainda
existem na seara do Espiritismo companheiros que se alheiam perigosamente à
efetiva e malévola ação das esferas invisíveis de subnível, em que pululam
seres infensos ao bem, aborrecidos da luz, valendo-se de condições de cultura e
desenvolvida intelectualidade, minuciosa programação e férrea disciplina,
sempre dispostos a dinamizar cada dia mais a sua atuação contra o Movimento
Espírita, obsidiando, vampirizando e confundindo invigilantes e imprudentes, nas
tarefas respeitáveis e edificantes a que se entregam os seus Centros e Casas,
em toda parte.
Fala-nos
o Irmão X, na obra "Contos desta e
doutra Vida", recebida por Francisco Cândido Xavier em 1963 (4ª edição
da FEB, em preparo), a respeito de certa "Decisão nas Trevas", que vale recordar aqui, por
oportuníssima.
Um
Espírito desencarnado, especializado na organização de obsessões, toma a
palavra numa assembleia no reino das sombras:
Os espíritas criam atmosfera semelhante à que se
conheceu nos tempos do Cristo. Não se conformam à fé expectante dos santuários.
Não há meio de isolá-los nas preces inativas. Por mais sugiramos encantamentos
com melodias e aromas, rituais e painéis, mais se afastam das seduções
magnéticas, atirando-se ao exercício do bem. Ao invés de arcas místicas,
preferem tijolos para casas beneficentes. Em vez de se ajoelharem, caminham...
Trocam perfumados unguentos por suor desagradável, desde que possam servir aos
semelhantes. Quadro igual ao da época de Jesus, em que se realizavam caravanas
de socorro aos infelizes, onde os infelizes estivessem. (...) Indispensável
encontrar o processo de esmagá-los, destrui-los...
Surgem,
então, os alvitres de vários "entendidos", querendo conseguir
"soluções" hábeis para resolver o sério problema que lhes é criado
pela influência benéfica das obras espiritistas e pela conduta exemplar dos seus
servidores. Mas o "especialista"
mencionado refutava tais alvitres, um a um, explicando, a cada manifestação de
integrantes do bando, que "perseguição
é benefício aos perseguidos"; "vítimas são cartazes de propaganda para as ideias que representam";
"as perturbações multiplicadas
induziriam os espíritas a mais amplos estudos"; "calúnias e discórdias, críticas e escárnios
(...) é técnica superada"; "o
povo em si quer rendimento em boas obras" e "toda pessoa injuriada vence essas tramoias, desde que se conserve
trabalhando ... ".
Quando
já pareciam esgotadas todas as possibilidades da fértil imaginação do grupo
doentio, preludiando aterrador desânimo, eis que certo vampirizador dos mais
experientes oferece uma contribuição absolutamente inesperada:
Tenho um projeto que me parece viável. Será fácil
treinar alguns milhares de companheiros para a hipnose em larga escala e
faremos que os espíritas se acreditem santos de carne e osso. Mobilizaremos
legiões de amigos nossos que lhes assoprem lisonja ao coração, ocupando a
mediunidade, seja na palavra falada ou escrita, para a sustentação de elogios
mútuos. Faremos que se suponham heróis e reis, místicos e fidalgos reencarnados
com títulos honoríficos, garantidos nos mundos superiores, como os beatos do
tempo antigo se julgavam donos de poltronas cativas no reino dos Céus. Depois
dessa primeira fase, estarão dispostos a serem bonzinhos, a viverem na santa
paz com todos. Não mais abraçarão problemas; considerarão a análise
desnecessária; não estimarão perder a companhia dos desencarnados ou encarnados
que os bajulem; ao invés de canseira, a serviço dos outros, mergulharão a
existência em meditações no colchão de molas, esperando que os anjos lhes
emprestem asas para a ascensão aos Espaços Felizes; usarão o silêncio para que
a verdade não os incomode e aproveitarão a palavra, quando se trate de dourar a
mentira que os favoreça.
Cada qual, assim, passará a viver entronizado na
pequenina corte dos adoradores que lhes mantenham as ilusões. Colocarão
considerações terrestres muito acima dos patrimônios espirituais, para não
ferirem a claque dos amigos que os incensem; abominarão desgostos e
aborrecimentos, nada quererão com discernimento e raciocínio; dirão que o mal
será apagado pela bondade de Deus e não se lembrarão de que Deus espera por
eles para que o bem triunfe do mal, estirando-se em meditações inoperantes
acerca dos milênios vindouros; fugirão do mundo para não perderem a veste
imaculada; detestarão qualquer empreendimento que vise a movimentar as ideias
espíritas nas praças do mundo, a fim de não sofrerem incompreensões e
desgastes...
Em suma, há religiões que possuem santos de pedra
ou gesso, mas nós, com a hipnose na base da ação, acabaremos improvisando neles
santos de carne e osso por fora, conquanto prossigam na condição de homens e
mulheres por dentro...
Creio que, desse modo, enquanto
estiverem preocupados em preservar a postura e a máscara dos santos, não
disporão de tempo algum para os interesses do espírito...
Ruidosas
manifestações verbais e palmas dos presentes consagram o conselho do astuto
obsessor.
Parece
desnecessário salientar que os demais processos obsessivos, em diversos graus,
são sempre utilizados, juntamente com esse que acabamos de recordar.
Os
que leem e releem os livros do Irmão X, ricos de casos verídicos colhidos, aqui
e ali, das experiências dos médiuns, oradores, expositores, dirigentes e
obreiros em geral, nos lares e nos Centros, na vida íntima e social dos adeptos
da Doutrina Espírita, estão bem melhor informados e esclarecidos, que os
demais, sobre os perigos permanentes do Mundo Invisível, que mereceram do
codificador Allan Kardec cuidadosa e responsável atenção. Em "O Livro dos
Médiuns" há muito o que estudar e observar, prevenindo ou resolvendo
problemas dessa ordem.
Vale,
finalmente, assinalar, para nossa edificação, que organização, planejamento e
disciplina são requisitos tão indispensáveis nos círculos de ação do nosso
Movimento, para o bom êxito dos seus empreendimentos, atividades e decisões, que
nem mesmo os invisíveis operadores da Sombra os ignoram ou desprezam.
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