segunda-feira, 16 de setembro de 2013

'Pelo Fruto se Conhece a Árvore'

Pelo Fruto
 se conhece a Árvore
Cristiano Agarido (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Novembro de 1958


            Os fenômenos espíritas engendraram a convicção da sobrevivência e da responsabilidade em milhões de materialistas ateus, produziram um corpo admirável de filosofia espiritualista, confirmaram e ampliaram os ensinos morais do Evangelho.

            Não importa que ilusionistas e falsários tenham sempre procurado imitar a parte mais grosseira desses fenômenos, porque nunca tentaram sequer atingir-lhes os efeitos superiores.

            Os negadores se despenham sempre para um abismo sem fundo: não podem parar onde desejariam; são católicos e protestantes negando a Bíblia, sem consciência disso, e fazendo a obra dos materialistas.

            Os livros e brochuras dos inimigos do Espiritismo, sejam novos ou velhos, têm sempre a mesma triste esterilidade: discutem fenômenos, esbravejam contra fatos, mas nada tentam construir; seu esforço é apenas para demolir.

            Justamente ao contrário disso, os espíritas recebem altas revelações sobre a vida depois da morte, reúnem uma documentação inatacável, publicam uma literatura solidamente construtiva que vai edificando um mundo novo.

            As editoras e as estações de rádio espíritas fazem obra superiormente construtiva.  A literatura mediúnica se aprimora sempre pela beleza da forma e pela profundeza dos ensinos. Nestes vinte anos mais recentes ela foi enriquecida com uma centena de volumes imortais e continua crescendo dia a dia com verdadeiro enlevo para o público ledor.

            É compreensível que o mundo materialista - com ou sem rótulo religioso - se levante contra a Terceira Revelação, que lhe perturba o comodismo utilitário, e tente por todos os meios esmagá-la. Na metade do globo terrestre seu estudo é violentamente proibido e nessa proibição dão-se as mãos católicos de Espanha e ateus da União Soviética.

            Poderá haver até um eclipse total planetário desses estudos; mas não importa, porque o fenômeno espírita pertence à natureza espiritual do homem e terá de repetir-se sempre, enquanto houver homens no Planeta.

            O Espiritismo renascerá sempre, a despeito de todas as violências humanas.

            Neste século o progresso vem-se realizando no sentido material de produzir os bens necessários à vida, de enriquecer materialmente a Humanidade, e é necessário que assim seja para abolir a pobreza e a degradação social que dela decorre. Depois de resolvidos os inquietantes problemas econômico-sociais, surgirão anseios mais elevados de felicidade e segurança, e então o homem notará que precisa conhecer a si mesmo, a sua própria essência. A morte há de lembrá-lo sempre destas indagações: afinal, que somos nós? a morte é o fim ou o começo da verdadeira vida? além da parte visível dos seres vivos há uma essência invisível que sobrevive à desagregação material? pode o homem atingir a felicidade dentro da impermanência da matéria? pode realizar seu progresso no curso de uma vida que passa tão breve para tantos seres? que é feito de nossos amados que morreram em todas as idades? se na Natureza inteira se manifestam leis preestabelecidas que promovem a execução de programas na evolução material de todos os seres vivos, e se essas leis permanecem invisíveis, só se tornando conhecidas pelos seus efeitos materiais, essas mesmas leis ou outras não regem igualmente a parte invisível da vida? se numa semente há uma árvore em estado latente, se num embrião se acha um homem em crescimento, no homem bronco não se achará igualmente em estado latente um sábio e um santo em gestação? como se realiza essa evolução se o Ignorante e mau morre em seu rude estado? não haverá tempo e meio para realizar-se a evolução intelectual e moral do homem? onde e como?

            Um infinito de interrogações há de atormentar continuamente o homem e fazê-lo retornar sempre às pesquisas que foram iniciadas por duas meninas na cabana de John Fox, em Hydesville, na noite de 31 de Março de 1848.

            Outros pensadores, sérios como Allan Kardec, hão de reunir e classificar os fatos, codificar de novo os ensinos recebidos e vir a chegar aos mesmos resultados a que ele chegou, confirmando lhe a obra, ainda que durante séculos de eclipse toda a literatura espírita desaparecesse, o que já é absurdo admitir-se, porque esses livros já se acham em todos os países do mundo e são amados por muita gente. E a obra dos negadores, iniciada antes dos fenômenos de Hydesville, que produziu até hoje? Fez crescer a descrença e o pessimismo; estabeleceu a insegurança mundial; fundiu canhões; engendrou guerras; pôs a Ciência e a técnica a serviço da destruição e da morte; espalhou o medo entre os homens; entronizou a violência; criou a miséria e o ódio entre nações e entre classes sociais. Se a Humanidade sempre procura sua própria felicidade e luta por alcançá-la, se a inteligência se esclarece e nos leva a compreender sempre melhor nossos próprios interesses, fora
de dúvida está que o estudo dos fenômenos espíritas há de crescer incessantemente.

            Se bem que iniciada com finalidade puramente materialista, e por alguns até anti espiritista, a atual onda de divulgação do Hipnotismo vai incentivar muito o estudo das forças latentes no homem e consequentemente dos fenômenos espíritas. Os hipnotistas irão muito mais longe do que desejariam... Basta lembrar o sonambulismo e a telepatia que eles cultivam como simples curiosidade científica, mas que podem ser empregados para finalidades puramente espíritas: o sonambulismo se presta ao retrocesso da memória, como demonstrou o Coronel de Rochas, até a encarnações anteriores, provando a doutrina reencarnacionista; a telepatia se aplica igualmente à recepção de mensagens de desencarnados, transformando-se em perfeita mediunidade, como ensina Bozzano.

            Se estiver nos altos desígnios de Deus, como parece, o Espiritismo virá a ter um surto impressionante num futuro próximo, surto promovido - coisa paradoxal! - pelos seus próprios adversários.


            Esperemos com fé o futuro. Deus não abandonou o nosso pequeno planeta.

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