Ensinos
Preciosos
Ismael Gomes Braga
Reformador
(FEB) Março 1959
Na
literatura espírita há um infinito de ensinos preciosos a serem postos em
prática para transformar a Humanidade e o mundo. Vamos
aqui mencionar apenas três tópicos de “Nosso Lar", de André Luiz.
Tratado
como suicida, sofreu ele pavorosamente durante mais de oito anos que lhe
pareceram uma eternidade. Não acreditava na acusação, pois que lutara
valentemente contra a morte; mas um grande colega no Plano espiritual, Henrique
de Luna, demonstrou-lhe que fora suicida. Citemos algumas linhas de páginas 26
e 27 da 7ª edição:
“É lamentável que tenha vindo pelo suicídio.
Enquanto Clarêncio
permanecia sereno, senti que singular assomo de revolta me borbulhava no
íntimo.
Suicídio? Recordei as
acusações dos seres perversos, das sombras. Não obstante o cabedal de gratidão
que começava a acumular, não calei a incriminação.
- Creio haja engano –
asseverei, melindrado - meu regresso do mundo não teve essa causa. Lutei mais de quarenta dias na casa de saúde, tentando vencer a
morte. Sofri duas operações graves, devido a oclusão intestinal...
- Sim - esclareceu o médico, demonstrando a
mesma serenidade superior - mas a oclusão radicava-se em causas profundas. Talvez o amigo não tenha
ponderado bastante. O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das
ações praticadas no mundo.
E inclinando-se,
atencioso, indicava determinados pontos do meu corpo:
- Vejamos a zona
intestinal - exclamou.
- A oclusão derivava de elementos cancerosos
e estes, por sua vez, de algumas leviandades do meu estimado irmão, no campo da
sífilis. A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no Planeta estivesse enquadrado
nos princípios da fraternidade e da temperança. Entretanto, seu modo especial
de conviver, muita vez exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações
naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para
nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os
semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no
frequentemente à esfera dos seres doentes e retrógrados. Tal circunstância
agravou muito seu estado físico."
Reflitamos
um pouco, antes de prosseguir: os sentimentos expendidos por nós, bem como os
de outrem projetados sobre nós, quando maus, agravam nossas doenças,
levando-nos à morte. Logo, o ódio que nutrimos contra outrem ou que outrem
nutre contra nós, provocado por nós, tem ação venenosa sobre nosso corpo. Mais
adiante o médico prossegue:
“Os órgãos do corpo somático possuem
incalculáveis reservas, segundo os desígnios do Senhor. O meu amigo, no
entanto, iludiu excelentes oportunidades, esperdiçando patrimônios preciosos da
experiência física. A longa tarefa que lhe foi confiada pelos Maiores da
Espiritualidade Superior, ficou reduzida a meras tentativas de trabalho que não
se consumou. Todo o sistema gástrico foi destruído à custa de excessos de
alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou lhe a
sífilis energias essenciais. Como vê, o
suicídio é incontestável."
Por
estas poucas transcrições vemos a gravidade mortal de coisas aparentemente
inocentes: comidas, bebidas, leviandades sexuais, irritação, ofensas aos
outros, foram as causas da morte prematura e criminosa de um jovem médico,
deixando uma viúva em plena mocidade e três filhinhos menores, e caindo no
"inferno" dos suicidas.
Depois
de todas as explicações de Henrique de Luna, o Autor chega a esta conclusão:
“Perante minha visão espiritual só existia,
agora, uma realidade torturante: era verdadeiramente um suicida, perdera o
ensejo precioso da experiência humana, não passava de náufrago a quem se
recolhia por caridade."
No
sentido oposto, apresenta-nos o mesmo livro, no capítulo XVIII, que tem por
título "AMOR, ALIMENTO DAS ALMAS", o
precioso ensinamento de que o amor é condição necessária para a saúde e a vida.
Vamos copiar apenas algumas frases desse capítulo:
"Nosso irmão talvez ainda ignore que o
maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor... Não esqueçamos,
todavia, a questão dos veículos - acrescentou a senhora Laura -, porque, no
fundo, o verme, o animal, o homem e nós, dependemos absolutamente do amor.
Todos nos movemos nele e sem ele não teríamos existência.”
Aí
ficam expressas as grandes leis da vida e da morte: amor é condição necessária
da vida; ódio é causador de morte.
Noutro
ponto do livro (cap. VI) vem uma veemente advertência contra as lamentações.
Leiamos umas linhas de páginas 35/6:
“Aprenda, então, a não falar excessivamente
de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e
enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar
pensamentos novos e disciplinar os lábios. Somente conseguiremos equilíbrio,
abrindo o coração ao Sol da Divindade. Classificar o esforço necessário de
imposição esmagadora, enxergar padecimentos onde há luta edificante, sói
identificar indesejável cegueira d’alma. Quanto mais utilize o verbo por
dilatar considerações dolorosas, no círculo da personalidade, mais raros se
tornarão os laços que o prendem a lembranças mesquinhas."
Não
podemos passar por essas páginas como pelas de um romance ou noticiário de
jornal: temos que nos deter, que refletir, que colher ensinamentos e
esforçar-nos para po-los em prática, a fim de gozarmos saúde, termos capacidade
de servir, conquistarmos felicidade e paz. Nossa literatura é um manancial
inesgotável de ensinos evangélicos, postos em forma prática para a vida no
aquém e no além-túmulo.
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