quinta-feira, 1 de agosto de 2013

38. Revelação dos Papas - Maomé

38
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


                             Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Maomé
O médium vê o espírito de um homem de barba e cabelos brancos,
 trajando túnica branca e envolto em grandes ondas de luz azulada
brilhante, mesclada de raios brancos semelhantes à prata.


            Está convosco o espírito daquele que em vida se chamou Maomé e no mundo procurou servir a Deus, dando aos seus irmãos os ensinamentos que lhe foram inspirados por espíritos ainda bastante evoluídos no caminho da verdade eterna, única e absoluta.

            Ensinei o que recebi; dei o que me deram; reparti o que me mandaram espalhar entre os homens. Fui um inspirado e convicto da verdade que preguei e dos ensinos que propaguei, o instrumento de vontades ocultas, que me conduziram a certos erros e absurdos que, só depois do meu espirito haver recuperado a liberdade completa, pude reconhecer e repudiar.

            Preguei uma doutrina cujos princípios estão em desacordo com a verdade em cujo conhecimento entrei mais tarde, quando a luz divina tocou a minha razão e iluminou o meu espírito; não obstante, fui um fervoroso crente, verdadeiro servo do Senhor, obediente, sincero e dedicado à causa da salvação do gênero humano.

            Pratiquei, apesar disso, mas influenciado por tais princípios, muitos atos de loucura e transviei-me do verdadeiro caminho de Deus, derramando sangue, empenhando-me em lutas cruentas e fratricidas, para fazer valer a minha autoridade e conservar o meu prestígio. Sacrifiquei vidas e bens, a paz e o sossego de milhares dos meus irmãos, que arrastei à miséria e à desgraça.

            Tive ambições de domínio; sonhei apoderar-me de todo o continente em que nasci e lancei as bases da minha religião. Fui autoritário e déspota, procurando converter; por meio de atos violentos, tirânicos e desumanos, os que julgava fora da lei de Deus, e, desse modo, cheguei à prática dos crimes mais hediondos, supondo proceder com justiça e equidade.

            Sufoquei os ímpetos dos que se rebelavam contra a minha autoridade, abafando lhes a voz a golpes de alfanje, amordaçando lhes as consciências pelo estrangulamento e o martírio da fome e da sede. Esforcei-me para manter os princípios da minha seita, levando a crueldade ao ponto de não perdoar os inocentes, os fracos, os incapazes de uma ação eficaz contra a minha pessoa e a minha fama.

            Tive as mais belas ocasiões para dar provas de humildade, praticando a caridade e o bem, perdoando ofensas, relevando faltas, esquecendo insultos e atos de rebelião, cometidos pelos que, por direito, procuravam contrariar a minha influencia, por eles reputada funesta; entretanto, deixei de cumprir esses deveres.

            A doutrina que preguei, toda eivada de erros e lacunas, de falhas e absurdos, foi combatida pelos que possuíam, já naquele tempo, mais luz e mais certeza do que eu, e, para mostrar a justeza desta a afirmação, direi:

            Os cristãos, que combati com armas e palavras, tinham naquela época a luz dos ensinamentos de Jesus, que eu não podia conceber, nem, portanto, interpretar; eram os únicos que sabiam então compreender as sábias palavras do Mestre: "Não faças a outrem o que não desejas que te façam a ti".

            Eram apenas os discípulos do Cristo que podiam, naquele tempo, ler os sagrados textos e deles tirar os ensinamentos sublimes contidos nas páginas do Evangelho de Jesus, Nosso Senhor; só os filhos de Israel possuíam os segredos dos versículos sagrados e sabiam ler e compreender as palavras dos legítimos profetas.

            Somente os discípulos da Cruz podiam entender as divinas palavras do Messias e achar a significação das suas parábolas; eram os nascidos de Jacó os que sabiam onde estava a chave dos grandes e sagrados enigmas, gravados nos muros de Jerusalém.

            Unicamente os que vieram do Sinai podiam decifrar e cumprir o que estava escrito na lei de Moisés; só os descendentes de Abraão eram dignos de possuir o maior tesouro então conhecido na Terra - O Decálogo.

            E os oriundos de Israel eram os levitas incumbidos de carregar sobre os ombros, cor de cobre, a Arca santa da Aliança e do amor -  A Bíblia.

            Combati, como vedes, a verdade, opondo-lhe o erro e a mentira; guerreei os santos princípios daquela puríssima moral, por amor da qual voltarei ao mundo para defende-la, implanta-la definitivamente na Terra.

            Combati o Evangelho de Jesus, neguei muitas das suas mais belas e deliciosas passagens; venho afirmar, proclamar o que outrora procurei destruir, sacrificando a verdade ao capricho pessoal, ao orgulho ser no mundo missionário da verdade e da sabedoria eternas.

            Hoje estou entre os homens para dizer lhes que serei agora verdadeiro missionário no mundo, pois voltarei à matéria como portador das legítimas, sagradas e eternas verdades, mui diversas da que preguei e ensinei, quando lutava por um ideal cujo valor exagerei, cuja importância a minha fantasia aumentava ao ponto de me fazer ver o que não existia, enxergar o Universo onde havia somente minúsculo grão de areia, que os ventos do deserto agitam e arremessam no infinito, onde se perde.

            Miragem! sonho! fantasia! quimera! foi o que deixei no mundo; nada edifiquei que pudesse resistir à ação do tempo, nada criei capaz de me sobreviver e conservar-se de pé até a consumação dos séculos.

            Coisa nenhuma, pois, criei digna do respeito e do culto tributado ao que combati, ao que procurei destruir com a palavra e com as armas.

            Tenho hoje a luz necessária para julgar serenamente o que fiz e, aqui mesmo na Terra – diante dos homens e em face de Jesus, a quem ofendi, e na presença de Deus, a quem tão mal e criminosamente servi - condenar e repudiar, amaldiçoar e fulminar toda essa obra maldita, que levou tantos espíritos para o caminho das trevas e da ruina.

            Aqui, portanto, meus amigos e irmãos queridos, diante de vós, começo a destruir o que há séculos construí; lanço daqui a maldição eterna sobre esse passado sombrio, quando o meu espirito, envolto em trevas, procurou apagar as palavras dos evangelistas, abafar a voz dos profetas de Israel, ofuscar a luz da Infinita Sabedoria, que irradiava das páginas sacratíssimas do Evangelho de Jesus.

            Maomé já se expurgou, em múltiplas e penosas existências que teve após aquela em que pregou essa doutrina que ele mesmo vem hoje condenar, e o seu espírito percorreu grande parte das etapas que se desenrolam aos seus olhos. Não atingiu, porém, a perfeição, mas venceu já uma boa parte da jornada; adquiriu experiência e luz suficientes para poder vir hoje aqui e, na vossa presença, rasgar, com suas próprias mãos, o Alcorão, que escreveu sob influencia de entidades inferiores, desviadas do caminho de Deus, e no qual se contém as maiores ofensas á lei divina, à essa lei que, dentro em pouco, defenderei aqui na Terra, onde me encarnarei no corpo de humilde e obscuro servo do Senhor, para, ao lado de outros companheiros, defender a verdade pura, sublime, a única, a maior e a mais resplandecente e absoluta verdade, contida nas páginas do Evangelho de Jesus, que é - o Espiritismo.           

            Voltarei, portanto, à Terra para tomar parte na obra grandiosa da regeneração do vosso planeta, ainda em trevas, mas onde brevemente nascerá formoso, alegre e espledoroso dia, brilhante - O Espiritismo.

            A Terra está na fase de transição, isto é, passando da ordem material, em que viveu até hoje, para ordem moral e superior dos mundos de provações superiores, brilhantes e puríssimos espíritos virão habita-la, trabalhar pelo seu progresso e, assim, dissipar a treva densa que envolve o formoso planeta e torna-lo ainda mais belo, enchendo-o dos esplendores e encantos dos mundos superiores, onde a vida é doce e suave, gloriosa e eterna.

            Maomé, pois, voltará, meus amigos, Deus, na Sua sabedoria resolveu, manda-lo ainda uma vez à Terra para tomar parte nos trabalhos da sua redenção e resgate e, desse modo, concluir o pagamento da dívida imensa que contraiu para com o seu Pai Celestial, o compromisso que tomou perante Jesus, de vir um dia à Terra para desafronta-lo das ofensas que outrora formulou contra o Mestre, defendendo agora a sua doutrina, implantando na Terra os sublimes princípios da sua impecável moral, sacrificando-se, oferecendo-se necessário fosse, a própria vida em holocausto, por amor da grande, consoladora e eterna verdade - verdade espírita.

            Que Deus, Nosso Senhor, me ajude em tão árdua tarefa!

            Roguem todos por mim.

            Adeus.

Maomé


Junho de 1916

5 comentários:

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  3. Isto justifica os ataques verbais e a postura ante cristã que de constante Roustaing recebe de homens que se fantasiam de Espírita. Quantos Centros Espíritas não fecham as portas para ele e declaradamente anunciam: aqui ele não entre. Maomé concedia a introdução de conceitos humanos por sugestão das forças inferiores dos dois lado; ele era adorado. Hoje essas mesma forças o chamam de traidor por não ter inserido na obra, ideias que as agradariam; ele é odiado.

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    1. Meu Irmão,
      Não tome o 'Who was Who' relativo a Roustaing como verdadeiro. Aliás, eu me permito recomendar a aceitação incondicional da cadeia reencarnatória apenas de uns poucos Espíritos como, pro exemplo, de Emmanuel ou ainda de João Batista que foi Elias. Isso - o conhecimento da cadeia reencarnatória de quem quer que tenha tido destaque na História Geral e na História do Espiritismo - não nos serve para nossa evolução. É mera curiosidade de validade duvidosa. Na maioria das vezes, tem origem em 'revelações' que não mal avaliadas. Exceções existem - vide 'Eu sou Camille Desmoulins' do Hermínio Miranda e do Luciano dos Anjos. A revelação decorrente de um trabalho muito sério sobre 'regressão de vidas passadas' - motivo e justificativa do livro citado - desdobrou-se no conhecimento que Luciano teria reencarnado como Camille - pesonagem de relevo na revolução francesa. Fica nosso comentário. Atenção com os falsos profetas! Leiamos Kardec para entender Jesus. Sds fraternas,

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  4. Definitivamente esse espírito não foi Mohammade. Kardec chegou a escrever dois artigos bem grandes no ano de 1866, um em agosto e outro em novembro, falando justamente do valor e superioridade moral de Maomé frente ao seu tempo. Emmanuel no livro "A caminho da luz" reconhece as falhas dele, como todos os homens estão sujeitos a falhas, mas não deixa de incluir o profeta do Islã como um missionário direto do Cristo.

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