quarta-feira, 3 de julho de 2013

Multiplicam-se os pães (a palavra de Mateus)



Multiplicam-se
os pães

14,13 A esta notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé.
14,14 Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para com ela e curou seus doentes.       
14,15 Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: -Este é um lugar deserto e a hora é avançada. Despede essa gente para que  vá  comprar  víveres  na  aldeia.   
14,16 Jesus respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer!
14,17 -Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes.
14,18 “Trazei-mos!”, disse-lhes Ele.   
14,19 Então, mandou assentar os homens na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo, em seguida, os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo.
14,20 Todos comeram e ficaram fartos e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios.
14,21  Ora, os convivas foram, aproximadamente, cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.

            Para  Mt (14,16) -Dai-lhes vós mesmos de comer... - leiamos “Fonte Viva” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Diante da multidão fatigada e faminta,  Jesus recomenda aos apóstolos:
 “Dai-lhes vós de comer”. A observação do Mestre é importante, quando realmente poderia ele induzi-los a recriminar a multidão pela imprudência de uma jornada exaustiva até o monte, sem a garantia do farnel.

            O Mestre desejou, porém, gravar no espírito dos aprendizes a consagração deles ao serviço popular. Ensinou que aos cooperadores do Evangelho, perante a turba necessitada, compete tão somente um dever - o da prestação de auxílio desinteressado e fraternal.

            Naquela hora do ensinamento inesquecível, a fome era naturalmente do corpo, vencido de cansaço, mas, ainda e sempre, vemos a multidão carecente de amparo, dominada pela fome de luz e de harmonia, vergastada pelos invisíveis azorragues da discórdia e da incompreensão.

            Os colaboradores de Jesus são chamados, não a obscurecê-la com o pessimismo, não a perturbá-la com a indisciplina ou a imobilizá-la com o desânimo, mas sim a nutri-la de esclarecimento e sublime esperança.

            Se te encontras diante do povo, com o anseio de ajudá-lo, se te propões contribuir na regeneração do campo social, não te percas em pregações de rebelião e desespero. Conserva a serenidade e alimenta o próximo com o teu bom exemplo e com a tua boa palavra.

            Não olvides a recomendação do Senhor: - “Dai-lhes vós de comer.” ”

          Para  Mt (14,19) - Mandai Assentar os Homens, encontramos a palavra de Emmanuel, no livro “Caminho, Verdade e Vida”, psicografia de Chico Xavier:
           
            “Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas. Verifica-se quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no isolamento da natureza. Os discípulos estão preocupados. Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à dificuldade imprevista. André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de cevada e dois peixes.

            Todos discutem.

            Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se faça harmonia. E distribui o recurso com todos, maravilhosamente. A grandeza da lição é profunda.

            Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais desorientados, porquanto não querem ouvir à calma, não se assentam para que se faça a ordem, persistindo em manter o próprio desequilíbrio.”

            Para Mt (14,13-21), transcrevemos, a seguir, Kardec , no Cap. XV de “A Gênese”:

            “A multiplicação dos pães é um dos milagres que mais têm intrigado os comentadores e alimentado, ao mesmo tempo, as zombarias dos incrédulos. Sem se darem ao trabalho de lhe perscrutar o sentido alegórico, para estes últimos ele não passa de um conto pueril. Entretanto, a maioria das pessoas sérias há visto na narrativa desse fato, embora sob forma diferente da ordinária, uma parábola, em que se compara o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo.

            Pode-se, todavia, perceber nela mais do que uma simples figura e admitir, de certo ponto de vista, a realidade de um fato material, sem que, para isso, seja preciso se recorra ao prodígio. É sabido que uma grande preocupação de espírito, bem como a atenção fortemente presa a uma coisa fazem esquecer a fome. Ora, os que acompanhavam a Jesus eram criaturas ávidas de ouvi-lo; nada há, pois, de espantar em que, fascinadas pela sua palavra e também, talvez, pela poderosa ação magnética que ele exercia sobre os que o cercavam, elas não tenham experimentado a necessidade material de comer.

            Prevendo esse resultado, Jesus nenhuma dificuldade teve para tranquilizar os discípulos; dizendo-lhes, na linguagem figurada que lhe era habitual e admitido que realmente houvessem trazido alguns pães, que estes bastariam para matar a fome à multidão. Simultaneamente, ministrava aos referidos discípulos um ensinamento, com o lhes dizer: “Dai-vos vós mesmos de comer.” Ensinava-lhes assim que também eles podiam alimentar por meio da palavra.

            Desse modo, a par do sentido moral alegórico, produziu-se um efeito fisiológico, natural e muito conhecido. O prodígio, no caso, está no ascendente da palavra de Jesus, poderosa bastante para cultivar a atenção de uma  multidão imensa, ao ponto de fazê-la esquecer de comer. Esse poder moral comprova a superioridade de Jesus, muito mais do que o fato puramente material da multiplicação dos pães, que tem de ser considerada como alegoria.

            Esta explicação, aliás, o próprio  Jesus a confirmou, nas  passagens seguintes:

             O Fermento dos Fariseus -Mt(16,5-12), O Alimento do Filho -Jo(6,22-29) e  Pão da Vida - Jo(6,30-50);

            Na primeira passagem, lembrando o fato precedentemente operado, Jesus dá claramente a entender que não tratar de pães materiais, pois, a não ser assim, careceria de objeto a comparação por ele estabelecida com o fermento dos fariseus: “ainda não compreendeis, diz ele, e não vos recordais de que cinco pães bastaram para cinco mil pessoas e que dois pães foram bastantes para quatro mil?  Como não compreendestes que não era de pão que eu vos falava, quando vos dizia que vos preservásseis do fermento dos fariseus?” Esse confronto, nenhuma razão de ser teria, na hipótese de uma multiplicação material. O fato fora de si mesmo muito extraordinário para ter impressionado fortemente a imaginação dos discípulos, que, entretanto, pareciam não mais lembrar-se dele.

            É também o que não menos claramente ressalta, do que  Jesus expendeu sobre o pão do céu, empenhado em fazer que seus ouvintes compreendessem o verdadeiro sentido do alimento espiritual. “Trabalhai, diz ele, não para conseguir o alimento que perece, mas pelo que se conserva para a vida eterna e que o Filho vos dará ”. Esse alimento é a sua palavra, pão que desceu do céu e dá vida ao mundo. “Eu sou, declara Ele, o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê nunca terá sede.”

            Tais distinções, porém, eram por demais sutis para aquelas naturezas rudes, que somente compreendiam as coisas tangíveis. Para eles, o maná, que alimentara o corpo de seus antepassados, era o verdadeiro pão do céu; aí é que estava o milagre. Se, portanto, houvesse ocorrido materialmente o fato da multiplicação dos pães, como teria ele impressionado tão fracamente aqueles mesmos homens, a cujo benefício essa multiplicação se operara poucos dias  antes,  ao  ponto  de  perguntarem  a  Jesus:

            “Que milagre farás para que, vendo-o, te creiamos? Que farás de extraordinário?”
           
             Eles entendiam por milagres os prodígios que os fariseus pediam, isto é, sinais que aparecessem no céu por ordem de Jesus, como pela varinha de um mágico.

            Ora, o que  Jesus fazia era extremamente simples e não se afastava das leis da Natureza; as próprias curas não revelavam caráter muito singular, nem muito extraordinário. Para eles, os milagres espirituais não apresentavam grande vulto.”

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