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‘Rimas do
Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
Guerra Junqueiro
Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929
Casa Editora Guajarina
Breves
Palavras
À irmãos que me pedem
versos
As nuvens do Saber
deixaram minha mente,
e, pobre sonhador
que vaga a meditar,
compor mais alguns
versos quero, ardentemente.
mas, vede meus
irmãos, nada vos posso dar...
Sinto que a
Inspiração deixou-me, bruscamente
qual pássaro
ligeiro - encobriu-se nas brumas;
o Sol também se
esconde às sombras do poente
contemplando, de
longe, as trefegas espumas...
Já não posso formar
as antigas poesias,
já não posso rimar
as minhas impressões;
as palavras que
traço agora são tão frias ...
como hei eu de
aquecer os vossos corações?
No entanto inda
arde em mim o mesmo fogo intenso
que outrora me abrasava
o rijo coração;
porém o meu talento
é frágil como incenso
queimado numa pira
assente sobre o chão...
Não sei dizer-vos o
que sinto agora,
só sei que o peito
meu inda palpita
no mesmo ardor pelo
ideal de outrora,
fortificando a
mesma fé bendita.
Como posso fazer
vibrar as vossas almas?
Já não têm o
frescor das rosas orvalhadas
as estrofes que
deixo, qual bando de palmas
murchas pelo calor
das tardes abrasadas.
Para que vos deixar
meu nome aqui gravado?
Sou o mesmo guerreiro
intrépido de outrora,
Não julgueis que
olvidei de todo o meu passado,
sinto o mesmo
desejo de Trabalho agora.
O que me falta
ainda, irmãos, tende a certeza,
é essa elevação
ideal das almas puras;
porém, mais tarde,
espero alcançar a grandeza
dos entes que se
vão ás célicas alturas.
Não penseis que,
por vir convosco trabalhar,
mereça porventura
ser classificado
como Espírito Bom;
se venho vos falar
por Deus do Alto
sou iluminado
Bondosamente.
Assim, eu sinto florescer
este desejo de
baixar, alegremente,
na Seara do Cristo,
humilde, oferecer
como dádiva uma só
frágil semente,
tão pequenina, que
talvez ninguém a veja:
para o livro que formo
(1) é pagina singela,
semelhante à menor falena
quando adeja
humilde ante o
fulgor da manhã fresca e bela.
A inspiração de
Deus vem; sinto a soberana
bondade do Senhor
descer por sobre mim,
e quero repartir contigo,
ó alma humana,
as graças que me
vêm fortificar assim.
Desejo para vós a
bem aventurança.
Prostrado, eu rogo
sempre ao Pai Celestial
que sobre vós estenda
o manto da Esperança,
- sobre o mundo o
pendão da Paz Universal!
2 de Fevereiro de 1928
(1) Alusão a estas ‘RIMAS
DO ALÉM TÚMULO’.
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