Pio VII
14a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
Pio VII, papa
O espírito mostra-se
ao médium vidente com aspecto simpático e fisionomia risonha;
a sua estatura é
regular, o rosto claro e liso. Traja vestes escuras, tendo na cabeça a tiara,
e está cercado de
luz azulada e brilhante, com reflexos prateados e focos roxos.
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Quero comunicar-me com a Terra para dar aos homens uma
prova da existência do espírito e também mostrar o interesse que tenho por esta
grande verdade.
Venho tomar parte nesta “Revelação”.
Os papas são de todos os homens que
aparecem na superfície da Terra os mais infelizes depois da morte.
Estou ainda hoje convencido de que
cumpri o meu dever e pratiquei obra meritória afirmando ser a religião católica
a melhor de todas as que têm sido reveladas aos homens. Tenho ainda a convicção
de que, suprimidos os abusos e as incoerências, o catolicismo, como filosofia
moral e religiosa, poderia perfeitamente cumprir a sua missão, isto é, salvar o
homem, conduzi-lo à verdadeira felicidade.
Mas, no estado atual do mundo, só o
Cristianismo puro, quero dizer a doutrina ensinada por Jesus, poderá resistir
aos choques, aos abalos, as revoluções e as guerras que têm convulsionado e
continuam a convulsionar o mundo, porque ele - Cristianismo - tem o poder de
harmonizar os interesses de ordem elevada com os interesses meramente
ocasionais, pois, ao mesmo tempo que prepara o homem para a vida do céu,
fortalece-o, prepara-o para a vida da Terra.
O Cristianismo puro, revelado por
Jesus, é a mais sábia de todas as filosofias, a mais completa e robusta moral
que tem sido ensinada às criaturas. Todas as filosofias, inclusive a de
Sócrates, pecam por excesso de rigor ou falta de tolerância, pela rigidez dos
princípios, pois estabelecem normas e praxes a que o homem não deverá faltar,
sob pena de ficar irremediavelmente perdido para sempre. Nenhuma dá à criatura
a faculdade e os meios práticos para apagar erros, destruir vestígios das más
ações cometidas, para a extinção dos perniciosos efeitos dos crimes praticados.
De todas as revelações só a cristã
merece o título de divina, porque trouxe consigo o cunho da divindade que lhe
imprimiu o Filho de Deus.
Jesus é de todos os reveladores o
único que falou e agiu em nome de Deus. Foi ele o único, até hoje, que
conseguiu ligar a pureza do Céu às imperfeições humanas; foi o mártir de Gólgota
que teve a rara e inaudita felicidade de poder neste planeta semear a verdade,
servindo-se unicamente de meios brandos e humildes, utilizando-se somente da
palavra e de atos da mais pura humildade e do mais puro e santo amor.
Jesus é, portanto, inconfundível na
sua filosofia, sublime na sua moral, incomparável na sua grandeza humilde! Ele
é o mais poderoso dos que combateram a heresia e o erro, é o mais forte e o
mais poderoso de todos os filósofos, o mais santo de todos os santos!
Jesus não foi um homem na acepção
vulgar do termo, não foi um apóstolo, um doutrinador, um organizador, um
fundador, um remodelador - ele foi mais do que tudo isso: foi a própria
Revelação feita homem, a moral encarnada na sua humilde pessoa, a verdade
corporificada no seu verbo, a luz divina transfigurada no seu semblante, a
sabedoria eterna pairando nos seus lábios, a misericórdia infinita concretizada
na doçura do seu olhar, o amor infinito vivendo, palpitando, transbordando do
seu imenso coração!
Jesus foi a maior luz que irradiou
sobre a humanidade! Nada mais existiu até agora que pudesse igualar,
aproximar-se sequer desses sublime espírito! Tudo quanto se tem dito e escrito
sobre a sua vida nada vale, nenhum crédito merece, porque os que se ocuparam em
escrever, explicando a vida e os atos do Mestre, não souberam nem puderam
compreender o alcance da sua filosofia, a profundidade dos seus ensinos, a
grandeza da sua moral, o esplendor da sua doutrina!
Jesus se revela hoje de novo; aparece
na Terra completamente transfigurado; os homens ouvem-lhe a voz, percebem lhe o
gesto, sentem o calor da sua palavra, distinguem os seus movimentos, mas não
podem vê-lo, não podem tocá-lo, não podem, como outrora, martirizá-lo,
torturá-lo, sepultá-lo. Ele vive hoje uma outra vida, reveste outra forma muito
diversa da que apresentou outrora; fala na mesma linguagem, mas os seus
conceitos são mais claros e mais convincentes, mais explícita é a sua palavra,
mais sugestivos os seus gestos; mais ao alcance da vossa compreensão estão os
ensinamentos que ele hoje vos traz, pois já não precisa de parábolas, nem dos
exemplos rudimentares com que procurava tocar a razão ainda embrionária dos
homens do seu tempo.
Jesus fala hoje a todas as
inteligências com as mesmas palavras, dirige-se a todas as consciências com a
mesma lógica e os mesmos exemplos, prega a mesma doutrina, mas sem necessitar
do auxílio dos argumentos causticantes do que muita vez se serviu para abalar
os corações empedernidos dos escribas e dos fariseus.
A sua linguagem, entretanto, possui outra roupagem mais de acordo com o
vosso progresso e de conformidade com as vossas necessidades. Ele volta agora
ao mundo para continuar a sua obra, prosseguir no trabalho de salvação do
planeta e resgate do homem.
Jesus agora vive e palpita, mais do
que nunca, nesta “Revelação”, nestes ensinos que são seus, os mesmos que ele lançou na Terra e
cujas primeiras sementes regou com o seu sangue, aqueceu com o calor da sua
palavra.
Jesus está de novo entre vós, vem
outra vez habitar o mundo, vem novamente semear; mas deste vez encontrará a
Terra amanhada, revolvida, pronta para receber a semente, fecundá-la e dela
fazer brotar a planta viçosa e perfumada da vossa regeneração.
Esta “Revelação” se dá hoje graças ao
sacrifício por ele feito há vinte séculos. Ela se realiza agora por ter o
Grande Redentor preparado a Terra, onde nós, os espíritos, semeamos, seguros de
que farta messe nos espera, abundante colheita premiará os nossos esforços.
-continua-
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