14b
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
-continuação-
Pio VII, papa
Nós
espíritos, principalmente os que foram papas na Terra, estamos empenhados em
vir aqui e nos esforçamos para que sejam apagados os vestígios, os sulcos dos
nossos erros, os traços das nossas faltas, as manchas dos nossos crimes. Não
queremos, e isso nos é permitido por Deus, que continuem a envenenar os homens
as nocivas lições que outrora lhes demos. Estamos todos no firme propósito de
lutar pela verdade, pela pureza do Cristianismo, que outrora, por não o
compreendermos por fraqueza, orgulho, ambição, ignorância ou vaidade,
falseamos, deturpamos nos seus santos e puríssimos princípios.
Jesus está conosco, nós estamos ao
seu lado; é ele que nos dá esta força, esta coragem para falar assim. Ele nos
anima, nos conforta, nos aponta o futuro que já antevemos gostosamente. Jesus
é, neste instante, o nosso guia, o farol que ilumina as nossas consciências e
nos dá a energia moral para dizer-vos, em nome da verdade:
- Homens da Terra, aqui estamos
diante de vós, aqui estão os que foram outrora vossos pastores, vossos guias e
diretores espirituais; vimos dizer-vos a verdade, a pura verdade, a maior, a
mais bela e a mais fulgurante de todas as verdades. Deus existe, mas piedoso
até ao infinito, misericordioso, justo, sábio e pai amorável também até ao
infinito, por isso, podeis ficar certos, não existe o inferno nem as penas
eternas. Nenhum de nós, dos papas que vos falam daqui, viu o demônio, nem pode
ainda encontrar o lugar onde está situado o inferno. O céu, como imaginais,
também ainda ninguém o viu aqui, a não ser na paz das consciências, assim como
o inferno só o temos encontrado nas consciências das almas impuras da Terra,
dos espíritos perversos, daqueles que no mundo se deixaram dominar pelo
orgulho, pela vaidade, pela cobiça e pela ambição, e que furiosamente se
engolfaram nos prazeres da carne e, por amor a eles, cometeram todos os crimes
e todas as infâmias.
Aí está o que temos visto, o que vos
podemos contar.
Deus é de uma bondade inesgotável,
por isso os sofrimentos são sempre atenuados, desde que o espírito, convencido
do mal que praticou, sinceramente se arrependa e se proponha a voltar à Terra
para apagar lhe os vestígios aí deixados.
A justiça de Deus não sofre aumento
nem redução, é sempre a mesma agindo com precisão e equidade.
Não vos preocupeis, meus amigos, com
o presente, olhai para o futuro, volvei os olhos para o dia de amanhã, que será
para vós outros de grandes decepções, se não procurardes vos corrigis, vos
aperfeiçoar, vos depurar, vos aparelhar para a vida futura, onde encontrareis o
céu ou o inferno na vossa própria consciência, pelo bem ou pelo mal que
houverdes feito durante a vida terrena.
Deus é um pai misericordioso, por isso,
permite esta “Revelação”, vos concede este favor, consentindo que os espíritos
vos orientem, vos deem a certeza do que existe e do que não existiu, nem
existirá.
Sinto um grande prazer em poder
dizer-vos tudo quanto fica escrito e ainda mais – que voltarei para indicar-vos
outras verdades e ensinar-vos, encaminhando-vos para a verdadeira felicidade.
Que Deus me ajude, dando a luz
necessária para que eu possa cumprir o que hoje vos prometo, e isso é a maior
satisfação que experimentará o espírito de...
Pio VII
Abril de 1915
Informações complementares
Papado de 14 de março de 1800 a 20
de julho de 1823
248º papa na contagem da igreja que
exclui os antipapas
Nome civil: Barnaba Chiaramonte. Lembrado
como homem de modos simples, pois preferia arrumar a cama em que dormia e
costurar sua própria batina.
Inicia seu papado com Napoleão ainda
1º Consul e senhor do norte da Itália após vencer os austríacos na batalha de
Marengo.
Napoleão buscou entender-se com Pio
VII visando pacificar a França, particularmente a região da Vendeia, de forte
influência católica. A hierarquia
católica na França estava dividida entre constituintes e romanos, esses
últimos, em sua maioria, no exílio. Em 1801 foi assinada a Concordata regulando
as relações entre o governo francês e a igreja. Restrições apenas nas
manifestações públicas como, por exemplo, as procissões. Definiu-se a
existência de 15 arcebispados e 50 bispados, nomeados pelo 1º cônsul e
autorizados pelo papa para exercerem funções espirituais. A redução do número
de bispados não aconteceu sem resistência de parte daqueles bispos a quem foi
solicitada a renúncia. A Igreja desistiu de suas pretensões de receber de volta
as propriedades expropriadas durante a revolução francesa. O clero permaneceria
assalariado pelo Estado e a esse submisso.
Em 1804 o papa foi chamado para
coroar Napoleão, como imperador da França, em 2 de dezembro. No ato, o papa foi
inibido de cingir a coroa em Napoleão. A seguir, as relações se deterioraram
continuamente a medida que aumentavam os territórios conquistados pelo corso
até que, em 1808, as tropas francesas se instalam em Roma e o papa fica
prisioneiro.
O papa fortalece-se na medida que o
poder do imperador francês diminui. Finalmente, em 1814, Napoleão renuncia e o
papa retorna a Roma.
1815 - o Congresso de Viena restitui
ao papa seus feudos que permaneceram sempre ameaçados por aqueles que buscavam
a unificação da Itália com os contornos de hoje. A
trajetória político-militar de Napoleão trouxe perdas em favor dos reformados
também na Alemanha. Após Napoleão, mais de 25 Concordatas foram assinadas com
muitas monarquias no continente europeu visando preservar, às vezes até salvar ou
mesmo apenas ajustar os poderes de Roma à realidade política de cada país ou
cidade-estado.
Fonte: ‘Santos e Pecadores’ por Eamon
Duffy (Ed. Cosac & Naify – 1998)
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