por Indalício Mendes
Reformador
(FEB) Janeiro 1968
O aparecimento de “A Gênese”, em 6 de Janeiro de 1868,
graças aos esforços de Allan Kardec, empenhado em dar à Humanidade mais uma obra de
esclarecimento, capaz de diluir as fantasias e as superstições que dificultavam o progresso
mental e moral, foi relevante acontecimento. Nesse livro excelente, pode também
o ilustre Codificador demonstrar objetivamente as consequências do Espiritismo, como doutrina e filosofia,
assim como a importância fundamental do comportamento moral no futuro da
criatura humana, seja encarnada, seja desencarnada, porque, afinal, a vida
terrena e a vida espiritual estão intimamente e irrevogavelmente entrelaçadas.
A
importância das matérias estudadas e os comentários racionais e lógicos
apresentados por Allan Kardec fizeram que grande número de leitores
procurassem avidamente o livro em pauta.
A “Revue Spirite” de Fevereiro
de 1868, cerca de um mês após o lançamento, em Paris, de “La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme”
anunciava estar quase esgotada a 1ª edição, com a declaração de que a segunda
já se achava em máquina.
Apoiada
pelos espíritos libertos de preconceitos, embora combatida por aqueles que
ainda se encontravam prisioneiros de tradições e dogmas obsoletos
e ofensivos à Razão, mas discutida sempre, essa obra não tardou a ganhar a
preferência dos estudiosos e a figurar nas melhores bibliotecas, ao lado de outras que também cooperavam, então, para quebrar as algemas que o
obscurantismo desfaçado pusera na mentalidade das criaturas humanas.
No Brasil, “A Gênese” foi estudada, a princípio, na
língua de origem, a francesa, pois só em 1882, traduzida e publicada sob os
auspícios da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, do Rio de Janeiro,
surgia a 1ª edição em português, impressa por B. L. Garnier, Livreiro--Editor
do Instituto Histórico, e com um prefácio datado de 31 de Março de 1882.
Ainda hoje,
“A Gênese” se faz leitura obrigatória
de quantos queiram efetivamente pôr-se a par de elucidações complementares ao
estudo sério da Doutrina Espírita. No dizer de Henri Sausse, biógrafo de Allan Kardec,
“é das mais importantes esta obra, porque constitui, sob o ponto de vista
científico, a síntese dos quatro primeiros livros publicados”. A profundez dos assuntos
e, ao mesmo tempo, a clareza com que são expostos e estudados, revelam, a cada
passo, a cultura, a erudição, o saber do Codificador, que ainda enriqueceu a
obra com citações indispensáveis a oportunos confrontos nos comentários e nas
apreciações à luz da Doutrina Espírita.
Na
realidade, quem quer que deseje conhecer profundamente o Espiritismo, não pode
negligenciar o estudo de “A Gênese”,
mesmo porque os temas de que trata são importantes e ainda atualíssimos, como,
por exemplo, “Caráter da Revelação Espírita”, “Deus”, “Origem do bem e do mal”,
“Papel da Ciência na gênese”, “Gênese espiritual”, “Gênese orgânica”, “Os milagres”, “As predições”, etc. etc. Na
Introdução, excelente sob vários aspectos, AIlan Kardec afirma que “A Gênese” é
“complemento das que a precederam, com exceção,
todavia, de algumas teorias ainda hipotéticas que tivemos - continua ele – “o cuidado de indicar como tais e que devem
ser consideradas simples opiniões pessoais) enquanto não forem confirmadas ou
contraditadas, a fim de que mão pese sobre a doutrina a responsabi1itdade delas”.
Regozijemo-nos,
pois, com essa obra notável, cuja vitalidade não diminuiu nos 100 anos decorridos. Que as bênçãos do Alto envolvam o Espírito de
Allan Kardec, o grande missionário do Século XIX!
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