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“O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...”
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris
Aprendamos,
pois, minhas Senhoras e meus Senhores, o que verdadeiramente, é um homem
divino, cuja divindade não consista em contemplar-se a Si mesmo, nem em se
fazer servir pelos outros, mas em devotar-se aos outros homens e a induzi-los
a adorar o Deus único.
Moisés
queria fazer dos seus Semitas, de cabeça de ferro, homens temperados pela
independência. Por isso, na constituição que organiza, nenhuma porta deixa
aberta à dominação absoluta de um só homem, de uma casta, ou de um partido. Por
isso, depois de ter sido, durante quarenta anos, a cabeça, o coração
e o braço direito daquele povo, do qual fora o prodigioso criador; depois de
quarenta anos durante os quais todos, sem exceção, lhe deveram, dia a dia, a
vida, a religião, o saber, a vitória, quando, tendo todos os poderes, ao mesmo
povo nada mais restava senão conservá-los e exercê-los, no país que ele ia dar
aos seus nômades, que desde então se estabeleceriam definitivamente, Moisés,
temendo que o excesso do reconhecimento os levasse a uma autocracia, em lugar
da Sinarquia, que ele desejava fundar sobre a liberdade individual e a
hierarquia social, desaparece voluntariamente, na véspera de fixar o seu povo
na Terra Prometida. "Moisés - narra a Bíblia - subiu das planícies de Moab
ao Monte Nebo, no cume do Psiga, defronte de Jericó... e aí morreu, como fiel
servidor de Iavé; e Iavé arrebatou o corpo do seu servidor... e ninguém jamais
conheceu o túmulo de Moisés" (6) .
(6) Deuteronômio,
XXXIV
MoIsés,
pois, ofereceu o espantoso exemplo, depois tão pouco imitado, de um fundador de
nação, onipotente pelo seu saber, que não apenas pela sua autoridade politica,
escutado como o próprio Deus... retirar-se do seu reino, para não lhe dar um
rei.
Mas,
com o se retirar, criou uma obra imortal, que ainda hoje perdura, sempre vivaz,
após 3.500 anos; criou um povo que, ainda hoje, exerce, no mundo todo,
verdadeiro poderio.
Que
obra? Que povo?
A
Teologia de Moisés é de uma simplicidade absoluta. Não é por meio da Gnose, da
Cosmologia, nem da Ontologia (é a parte da metafísica que trata da natureza,
realidade e existência dos entes) transcendentes que se pode conquistar um povo
e fazê-lo viver. "Ouve Israel: Iavé, teu Deus, é o Deus único; só Ele
existe por si mesmo!" Estas palavras os Judeus, dispersos pelo mundo
inteiro, repetem a si mesmos, desde a manhã até a noite. E nesse Esquema, como
lhe eles chamam, está toda a sua teologia.
Como
obra de arte, ainda menos: "Absolutamente
proibida é toda imagem, toda estátua, toda representação, assim do que está no
alto, no céu, como do que está em baixo, nos mundos inferiores, ou do que está na
terra" (7) .
(7) Êxodo XX,4;
Deuteronômio V,8
E
a obra literária de Moisés, pessoalmente, se limita ao Decálogo, aos dez mandamentos.
O
que Moisés criou foi uma constituição social e a mais perfeita, provavelmente,
de todas as constituições sociais.
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