terça-feira, 18 de dezembro de 2012

6. 'As Vidas Sucessivas'


6

‘As Vidas
Sucessivas’

por  Adauto de Oliveira Serra

 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira

1943



REMINISCÊNCIAS E PREMONIÇÕES


            Negando os pseudo sábios e materialistas, a possibilidade da comunicação dos Espíritos, como explicar o idioma ou os conhecimentos que o médium exterioriza, sem ter consciência da linguagem que fala ou da ciência que explana?

            Afastada a hipótese da transmissão do pensamento, por não ser, o assunto ventilado, do conhecimento do médium e de nenhum dos assistentes; eliminada toda e qualquer possibilidade de fraude; tomadas todas as precauções necessárias em tais experimentações, como no caso da filha do juiz Edmond, presidente do Tribunal Norte americano, só nos resta o subconsciente, onde, dizem os materialistas, achar-se armazenado o conhecimento adquirido. Mas se esse conhecimento o médium não o obteve na atual encarnação, fica patente o conhecimento de Espírito em encarnações anteriores, o que reforça a afirmativa espírita da reencarnação.

            Sobre este assunto, diz Maeterlinck em "A Morte", pág. 177: - "As provas e contraprovas repetidas dão sempre resultados idênticos; e o médium nunca hesita e nunca se perde no dédalo dos nomes, das datas e dos fatos. Demais seria necessário que aqueles médiuns - geralmente de inteligência medíocre - se tornassem subitamente poetas de gênio para criar assim uma série de caracteres absolutamente diferentes entre si, no gesto, na voz, no temperamento, na moral, nos pensamentos, na sensibilidade; e para estar sempre prontos a responder, conforme a sua natureza mais íntima, às perguntas mais imprevistas".

            Francisco Cândido Xavier - o humilde e modesto caixeirinho de Pedro Leopoldo, em suas comunicações psicografadas, prova à saciedade a comunicação dos Espíritos, ou o conhecimento adquirido em existências pretéritas.

            Ainda Maeterlinck em sua obra citada, pág. 153,refere-se a Stainton Moses. Diz ele:
      
            "O caso de Stainton Moses é, a este respeito, muito impressionante. Stainton Moses era um padre americano, dogmático, consciencioso e, no estado normal, a sua instrução, segundo informa Myers, não excedia a de um vulgar mestre-escola. Mas, apenas ele se achava em transe, certos Espíritos da antiguidade ou da Idade Média, que só dos eruditos são conhecidos, como, entre outros Grocyn, amigo de Erasmo, tomavam posse da sua pessoa e manifestavam-se por seu intermédio,"
 citando ainda outros tais como Hipólito, Plotino, Atenódro - preceptor de Tíbério, etc.

            Mas voltemos aos casos de reminiscências e premonições: Teófilo Gautier e Alexandre Dumas, pai, experimentaram reminiscências de suas vidas anteriores; Ponson du Terrail e Méry recordavam-se de fatos que se haviam realizado muitos séculos antes, com eles próprios.

            Ramakrishna afirmava ter sido sua vida passada o sábio Chaztanya. Pitágoras recordava-se de ter assistido o cerco de Tróia. Juliano considerava-se uma reencarnação de Alexandre e Epemenides confessava que fora Eacus numa de suas encarnações anteriores.

            Um caso interessante é registrado com todas , as provas por Lancelin, em sua obra - "La Vie Posthume", e reproduzida na revista carioca "Leitura Para Todos", de Setembro de 1913: É o próprio Dr. Carmello Samona, de Palermo, doutor em Medicina e em direito, quem faz suas próprias declarações, para a revista italiana "Filosofia Della Scienza"; Após uma doença gravíssima, minha filhinha Alexandrina, de cinco anos de idade, deixava de existir. Ficamos inconsoláveis, até que minha própria esposa ouviu a voz de nossa filhinha, dizendo-lhe que voltaria novamente para o nosso meio. Ela, entretanto, se conservava incrédula, pois motivado por uma operação estava impossibilitada de conceber de novo. E o Espírito persistia em suas afirmativas, marcando datas e pormenores que afinal se realizaram conforme havia predito. Tudo se cumpriu rigorosamente, nascendo os gêmeos antes do Natal, sendo um deles uma cópia fiel da Alexandrina morta. E as semelhanças foram morais e físicas: hiperemia do olho esquerdo, ligeira seborreia no ouvido direito e uma ligeira assimetria facial, conforme bem acentua o próprio pai, Dr. Samona, com o decorrer dos anos.              

            Para encerrar este capítulo, transcrevemos o que narra Maeterlinck em um apêndice da pág. 152 do seu livro "A Morte":  

            "Numa reunião provocada por William Stead, a predição do assassínio do rei Alexandre e da rainha Draga veio com as minúcias mais circunstanciadas. Fizeram dessa predição um relatório assinado por umas trinta testemunhas; e Stead foi no dia seguinte suplicar ao ministro da Sérvia, em Londres, que prevenisse o rei do perigo que o ameaçava. Alguns meses depois, realizava-se o acontecimento, conforme tinha sido anunciado".

            As precognições, as reminiscências ou as premonições que se cumprem fielmente são provas racionais da imortalidade da alma, da reencarnação e da comunicação dos Espíritos.



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