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‘As
Vidas
Sucessivas’
por Adauto de Oliveira Serra
Livraria Editora da Federação Espírita
Brasileira
1943
A FENOMENOLOGIA ESPÍRITA
Entre
as provas da comunicabilidade dos Espíritos destaca-se a das sentenças
cruzadas.
Muitas vezes o médium escreve e fala ao mesmo
tempo, "sendo a voz dominada por um
Espírito e a mão por outro, mantendo-se duas conversações independentes. Mais
raramente, a voz e as duas mãos são simultaneamente dominadas e dão-se três
comunicações diferentes".
Esses
fatos foram rigorosamente observados por sábios cujo ceticismo era, a
princípio, irredutível, mas que se submeteram afinal à evidência da verdade.
Lendo-se
o relatório de Ricardo Hodgson e o de J. H. Hyslop, conhecer-se-á "quantas precauções foram tomadas empregando-se
inclusivamente polícias especiais e verificando-se que a senhora Piper, por
exemplo; não podia, normal e humanamente, ter conhecimento nenhum dos fatos que
revelava."
Ademais,
a senhora Piper submeteu-se a várias experiências com Myers, Dr. Hodgson, prof.
Newbold, da Universidade de Pensilvânia, Sir Oliver Lodge, William James e
outros - nomes esses mundialmente conhecidos, respeitados e admirados, cuja
sabedoria e idoneidade moral ninguém ainda pôs em dúvida.
Dentre
eles, "o mais ardente, o mais convencido, o mais impaciente", nas
investigações, foi Myers, que prometeu comunicar-se com os amigos após o seu
transpasse. Cumprindo a palavra, manifestou-se em uma sessão, queixando-se de
que o médium do qual se servia, "traduzia a sua ideia como um estudante
que faz pela primeira vez uma versão de Virgílio." Depois, referindo-se
aos encontros com pessoas conhecidas, que sabia terem falecido, julgava que só
tinha visões em uma cidade desconhecida".
Essa
comunicação, como bem o diz Maeterlinck, "fez ressuscitar de modo impressionante os hábitos, a maneira de pensar,
de falar e o caráter de Myers".
É
o que aprendemos na prática espirita: Fazer o Espirito provar sua identidade
quando passamos pelo crivo da análise e do bom senso, as comunicações
recebidas.
Sempre
nos servindo de "A Morte", de Maeterlinck, vamos transcrever mais um
fato revelando uma comunicação do Espírito de Hodgson:
"Um dia, ainda em
vida de Hodgson, achando-se a sociedade com "déficit", houve um
anônimo que mandou a quantia necessária para sanar o déficit. Hodgson, enquanto
vivo, ignorava quem fosse o doador; mas, depois de morto, descobre-o entre os
assistentes, dirige-se-lhe e agradece publicamente o donativo."
São
todos esses fatos que constituem a fenomenologia espirita, e como bem o diz
Maeterlinck, à pág. 156: "Se não
admitem a intervenção dos Espíritos, a maior parte destes fenômenos é absolutamente
inexplicável." E, então, ele próprio confessa: "Não tenho repugnância em admitir a
sobrevivencia e a intervenção dos mortos."
É
preciso notar que Maeterlinck estudou os vinte e cinco grandes volumes do
"Proceedinqs", de William James, de quem ele diz a págs. 121: "São significativas hesitações de um homem
que reformou a nossa psicologia e que possuía um cérebro tão maravilhosamente
organizado e equilibrado como o de Taine, por exemplo. Doutor em Medicina e professor de Filosofia, muito cético e escrupulosamente fiel
aos métodos experimentais, tinha três e quatro vezes as precisas condições para
levar tais experiências a bom termo".
Além
disso, Maeterlinck cita constantemente Lodge, e Myers, e Crookes. Este último
chamado por ele "homem de gênio". Crookes foi um dos iniciadores do
Espiritismo experimental, "obtendo fenômenos de materialização que ainda
não foram excedidos".
A
"Society for Psychical Research", fundada em Londres, teve Hodgson
como secretário e William James como Vice-presidente. Funcionava "sob os
aupicios dos mais ilustres sábios da Inglaterra". Seu estudo era dirigido
por Gurney Myers e Podmore. Os "Proceedinqs" de W. James, constituem
o relatório das atividades dessa sociedade. Dela diz Maeterlinck pág. 88 "É uma obra prima de paciência e consciência
científicas. Nenhum fato ali é admitido, que não seja corroborado por
testemunhos irrecusáveis, provas escritas e concordâncias convincentes".
Para
compreender os fatos espíritas é necessário estudo calmo, profundo e refletido.
É preciso conhecer W. Crookes, R. Wallace, R. Dale Owen, Aksakof, Paul Gibier e
outros. Para o início, devem ser consultados os seguintes livros: "Fatos
Espíritas" de W. Crookes; Fenômenos Psíquicos" de Bozzano e "Espiritismo
perante à Ciência", de Delanne.
Ademais,
afastando-se a hipótese espírita de comunicabilidade dos Espíritos, ficaremos
sem compreender quase toda a própria Bíblia e o véu do mistério virá cobrir o
enorme horizonte da nossa própria existência, empanando o brilho das nossas
fulgurantes conquistas científicas.
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