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“Amor
à Verdade”
por
Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927
Ainda sobre o mesmo assunto,
disse-nos outro dos nossos Mentores.
“A
luz, e o amor à verdade sejam contigo.
“Deus, em sua sabedoria, permite que
o Anjo de Guarda escolha os embates por que devem passar os seus guiados e nem
sempre dá que estes se desviem do que foi delineado por aquele, a quem somente
assiste o direito de alterar acontecimentos visando a melhoria do tutelado. Não
venho nem por sombra anular o poder divino; ao contrário, venho demonstrá-lo
através do seu perfeito exercício.
“Cabendo
ao Guia a principal orientação do afilhado, claro está que ao Pai ele
responderá pelo maior progresso ou estacionamento de seu protegido."
“As vezes, buscam os encarnados embrandecer
as suas lutas, preferindo outras que não lhes trazem, por suaves, real
vantagem; e Espíritos de certa evolução mesmo, desejando atenuar lhes a
tribulação, o sofrimento, são sempre orientados, antes de o fazerem, porque
conhecem a lei e de modo algum infringem-na.
“Na
Terra, têm os homens deveres a cumprir; muitas vezes, porém, só à custa de
privações e duros dissabores acertam com os desejos daqueles que os têm de
nortear em sua ascensão. Em tempos, fomos companheiros; daí certas afinidades
que nos atraem, trocas mais ou menos regulares de pensamento, e percepção de
anelos teus, a que talvez satisfaríamos, se não fora a compreensão da lei, a
qual por amor da justiça respeitamos sempre.
“Toda
pessoa tem os seus Espíritos familiares, que as ajudam nas diferentes
conjunturas do viver terreno. Praticando a caridade, trabalham também para o
progresso próprio. Esclarecidos, sempre que vêm qualquer amigo atufado em
aflições, sem que possam diretamente
remover a causa, inspiram-lhe paciência e resignação; dando-lhe, por tal
maneira, a força de que carece para suportar a prova.
“Facílima
é a comunicação dos Espíritos entre si, mormente se possuem algum adiantamento.
Como compreendem a Lei, oram solicitando permissão para deste ou daquele modo
valerem ao amigo, o que às vezes obtém, se o Anjo de Guarda acha que isso não lhe vem
retardar, ao encarnado, o progresso e, portanto, a única e verdadeira
felicidade, - a que gozam os que, tendo reparado os seus erros, vivem na mansão
dos justos.
“É
caridade consolar os aflitos, dar esperança aos sofredores e sustentá-los em
suas angústias; porém mal compreende ainda a Humanidade a significação
verdadeira da palavra caridade. Muita longe está de ser compreendida pelos
homens; entretanto, o que eles a necessitam! muito mais do que podem imaginar.
“Socorrer
os que sofrem dignificante é, não resta a menor duvida; porém, para haver
caridade, preciso se torna que, a par de alívio, se proporcione progresso ao
que foi desoprimido.
“Vezes
sem conta a Providencia coloca em posição difícil, na Terra, espíritos que
precisam amoldar-se às leis, respeitando-as e cumprindo-as. Só assim poderá
haver harmonia, e se dessa posição difícil deve resultar o progresso daquelas
almas, que se enriquecem com a
compreensão de que não devem fazer sofrer o seu próximo, porque já
experimentaram também a dor, - não constitui caridade retirá-los da aflição
apenas porque a isso nos induza o coração.
“Assim,
para, que a caridade se exerça na significação lata da palavra, têm os Anjos da
Guarda inteiro e absoluto poder sobre o encarnado, por modo a regularizar os
chamados bens ou males a que está sujeito no turbilhão da vida.
“O que parece ao encarnado um benefício,
muita vez nada é senão um prejuízo, que, se o não faz retrogradar, no mínimo
faz estacionar.
“As leis sublimes emanadas do Criador,
outorgando assim aos Guias tais poderes, permitem-lhes fiscalizar mais de perto
tudo quanto se relacione com o protegido, de forma a orientá-lo tanto quanto o
seu livre arbítrio (sempre relativo) o comportar.
“Convém
notar o modo como falo sobre a caridade; pois, se é certo que, às vezes, não é
o alívio o que constitui a caridade, não se segue que o desejo de aliviar deva
deixar de existir, ou esfriar, no coração dos homens. Não! ele é a base da
perfeição; porém só os Superiores sabem compreendê-la e aplicar
convenientemente, visto que não se colhe um fruto senão quando esteja maduro.
“À prática do amor ao próximo e, por
tanto, da, caridade, coloca o encarnado em condições de bem servir como
instrumento dócil à mão dos Guias, que lhe mostrarão por intuição, os que
merecem paz, por já terem suficientemente progredido .
“Evidentemente,
morrem na miséria, no meio de abastados, uma multidão de infelizes. E porque
assim se dá? Será só porque tem o homem o coração duro? Será porque alma alguma
se condoa de tal miséria? Não. - É a verdadeira caridade exercida pelo seu Anjo
´Guardião, que os deixa assim expiar passadas faltas; que pratica a caridade
elevada de modelar a alma no cadinho da dor, para que possa seguir rumo à
felicidade eterna.
“Para que os infelizes que assim
expiam, realmente aproveitem o fruto de tal expiação, é permitido que os
cerquem almas outrora por eles torturadas, as quais deles desviam, por
intuição, todo aquele que pudesse aproximar-se para lhes acudir.
“Tudo isto se dá com a permissão e
assistência do Guia, que, sábio, compreende a necessidade da dor, qual exímio
cirurgião que, ferindo e provocando gemidos, restitui a saúde ao corpo.
“Continuamente partem dos homens
milhares de desejos que são verdadeiras preces, e que, muitas das vezes, não
podem ser satisfeitas segundo a sua vontade; mas são sempre ouvidas e atendidas
dentro dos limites de acontecimentos precursores de progresso e felicidade
verdadeiros.
“A luz e o amor à verdade fiquem contigo.
José.”
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