sábado, 8 de setembro de 2012

17c. "Amor à Verdade"




17c
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



            Ainda sobre o mesmo assunto, disse-nos outro dos nossos Mentores.

            “A luz, e o amor à verdade sejam contigo.

            “Deus, em sua sabedoria, permite que o Anjo de Guarda escolha os embates por que devem passar os seus guiados e nem sempre dá que estes se desviem do que foi delineado por aquele, a quem somente assiste o direito de alterar acontecimentos visando a melhoria do tutelado. Não venho nem por sombra anular o poder divino; ao contrário, venho demonstrá-lo através do seu perfeito exercício.

            “Cabendo ao Guia a principal orientação do afilhado, claro está que ao Pai ele responderá pelo maior progresso ou estacionamento de seu protegido."

            “As vezes, buscam os encarnados embrandecer as suas lutas, preferindo outras que não lhes trazem, por suaves, real vantagem; e Espíritos de certa evolução mesmo, desejando atenuar lhes a tribulação, o sofrimento, são sempre orientados, antes de o fazerem, porque conhecem a lei e de modo algum infringem-na.

            “Na Terra, têm os homens deveres a cumprir; muitas vezes, porém, só à custa de privações e duros dissabores acertam com os desejos daqueles que os têm de nortear em sua ascensão. Em tempos, fomos companheiros; daí certas afinidades que nos atraem, trocas mais ou menos regulares de pensamento, e percepção de anelos teus, a que talvez satisfaríamos, se não fora a compreensão da lei, a qual por amor da justiça respeitamos sempre.

            “Toda pessoa tem os seus Espíritos familiares, que as ajudam nas diferentes conjunturas do viver terreno. Praticando a caridade, trabalham também para o progresso próprio. Esclarecidos, sempre que vêm qualquer amigo atufado em aflições, sem que possam diretamente remover a causa, inspiram-lhe paciência e resignação; dando-lhe, por tal maneira, a força de que carece para suportar a prova.

            “Facílima é a comunicação dos Espíritos entre si, mormente se possuem algum adiantamento. Como compreendem a Lei, oram solicitando permissão para deste ou daquele modo valerem ao amigo, o que às vezes obtém, se o Anjo de Guarda acha que isso não lhe vem retardar, ao encarnado, o progresso e, portanto, a única e verdadeira felicidade, - a que gozam os que, tendo reparado os seus erros, vivem na mansão dos justos.

            “É caridade consolar os aflitos, dar esperança aos sofredores e sustentá-los em suas angústias; porém mal compreende ainda a Humanidade a significação verdadeira da palavra caridade. Muita longe está de ser compreendida pelos homens; entretanto, o que eles a necessitam! muito mais do que podem imaginar.

            “Socorrer os que sofrem dignificante é, não resta a menor duvida; porém, para haver caridade, preciso se torna que, a par de alívio, se proporcione progresso ao que foi desoprimido.

            “Vezes sem conta a Providencia coloca em posição difícil, na Terra, espíritos que precisam amoldar-se às leis, respeitando-as e cumprindo-as. Só assim poderá haver harmonia, e se dessa posição difícil deve resultar o progresso daquelas almas, que se enriquecem com a compreensão de que não devem fazer sofrer o seu próximo, porque já experimentaram também a dor, - não constitui caridade retirá-los da aflição apenas porque a isso nos induza o coração.

            “Assim, para, que a caridade se exerça na significação lata da palavra, têm os Anjos da Guarda inteiro e absoluto poder sobre o encarnado, por modo a regularizar os chamados bens ou males a que está sujeito no turbilhão da vida.

            “O que parece ao encarnado um benefício, muita vez nada é senão um prejuízo, que, se o não faz retrogradar, no mínimo faz estacionar.

            “As leis sublimes emanadas do Criador, outorgando assim aos Guias tais poderes, permitem-lhes fiscalizar mais de perto tudo quanto se relacione com o protegido, de forma a orientá-lo tanto quanto o seu livre arbítrio (sempre relativo) o comportar.

            “Convém notar o modo como falo sobre a caridade; pois, se é certo que, às vezes, não é o alívio o que constitui a caridade, não se segue que o desejo de aliviar deva deixar de existir, ou esfriar, no coração dos homens. Não! ele é a base da perfeição; porém só os Superiores sabem compreendê-la e aplicar convenientemente, visto que não se colhe um fruto senão quando esteja maduro.

            “À prática do amor ao próximo e, por tanto, da, caridade, coloca o encarnado em condições de bem servir como instrumento dócil à mão dos Guias, que lhe mostrarão por intuição, os que merecem paz, por já terem suficientemente progredido .

             “Evidentemente, morrem na miséria, no meio de abastados, uma multidão de infelizes. E porque assim se dá? Será só porque tem o homem o coração duro? Será porque alma alguma se condoa de tal miséria? Não. - É a verdadeira caridade exercida pelo seu Anjo ´Guardião, que os deixa assim expiar passadas faltas; que pratica a caridade elevada de modelar a alma no cadinho da dor, para que possa seguir rumo à felicidade eterna.

            “Para que os infelizes que assim expiam, realmente aproveitem o fruto de tal expiação, é permitido que os cerquem almas outrora por eles torturadas, as quais deles desviam, por intuição, todo aquele que pudesse aproximar-se para lhes acudir.

            “Tudo isto se dá com a permissão e assistência do Guia, que, sábio, compreende a necessidade da dor, qual exímio cirurgião que, ferindo e provocando gemidos, restitui a saúde ao corpo.

            “Continuamente partem dos homens milhares de desejos que são verdadeiras preces, e que, muitas das vezes, não podem ser satisfeitas segundo a sua vontade; mas são sempre ouvidas e atendidas dentro dos limites de acontecimentos precursores de progresso e felicidade verdadeiros.

            “A luz e o amor à verdade fiquem contigo. José.”














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