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“Amor
à Verdade”
por
Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927
Advertência
Nunca pensamos escrever um livro,
mormente sobre tão bela e vasta coisa como o Espiritismo.
À concitação dos Maiores, cuja obra
é, se deve, prezado leitor, o que vos oferecemos.
O título, com que aparece, condensa
uma profissão de fé. Não se nos antolha, por certo, mais alto empenho que o de
consagrar a vida à Verdade.
Servir é seu escopo, seu fito
exclusivo - servir não só a espiritas, porém ainda ao povo em geral. Assim Deus
o faz bem!
*
Muitos adeptos limitam-se na
observação dos fenômenos ou no campo da experiência; outros, no socorro aos
que, tocados pela dor, carecem de alívio. Mas esquecem, geralmente, estes e
aqueles, que não deve aí parar o Espiritismo, cujas lições de mais
em mais se ampliam e completam. Contidos, formando uma cadeia infinita, os seus
ensinos são outros tantos frutos onde se encontra a semente de mais subidos
problemas. Progredir é a lei das leis. À medida que nos elevamos acima do solo,
o horizonte alarga-se e melhor apreendemos o conjunto.
Quer pelas nossas leituras, quer
pelos ditados medianímicos, há muito nos foi despertada a atenção para o ponto
das provas e expiações; também para o fato de se esclarecer no espaço, durante
as sessões ou longe delas, bem maior número de Espíritos do que com o recurso
dos chamados médiuns falantes.
Assim devia realmente ser; porque as
doutrinações já se faziam primeiro que raiasse na Terra o moderno espiritualismo,
do mesmo modo que a dor se perde na bruma dos séculos, colhendo cada qual
daquilo que semeou.
Aqui, portanto, estudaremos os
Espíritos inferiores e suas ocupações; o motivo e finalidade das humanas
amarguras; o papel do médium de efeitos físicos e o aproveitamento da sua força
psíquica para um dos mais nobres objetos, convém a saber: a elucidação das
almas atrasadas, veículo de nossas mágoas e, pois, do nosso progresso, embora o
não desejem.
Não trazemos a lume nenhuma
revelação: apenas apresentamos o resultado de longa pesquisa, metódica,
perseverante, começada há mais de vinte anos, porém melhor interpretada nestes últimos
dez, em que pudemos notar o valor do médium de efeitos físicos, quando
convenientemente educado e cheio de virtudes, esforçado e humilde, cônscio de
que, em vez de mal gastá-lo com fenômenos vulgares, pode fornecer muito fluido à
plêiade luminosa dos Trabalhadores para a sua sublime tarefa de orientar na
senda do Bem os infelizes e obscuros.
Melhor do que ninguém, sabe o espírita
que o estacionamento constitui falta grave, cuja reparação lhe será pedida; a
ele principalmente cabe julgar quanto dissermos. Porém, só meticuloso exame e
acurada observação, além da indispensável independência,poderão
conduzi-lo a julgamento reto.
QAERITE
ET INVENIETIS!
Buscai
e achareis!
Com isto vos
saudamos, ó Confrades!
ó Irmãos!
*
Lugar agora para uma palavra de
reconhecimento.
Representa este livro não só inestimável
soma de paciente labor como tremendas lutas com um rôr de obstáculos erguidos
pela contumácia dos que na erraticidade perseveram refratários à luz, inimigos
do saber e perseguidores de quem diligencia penetrar os arcanos do Invisível.
Pois bem, queremos registrar aqui toda a nossa gratidão a dois companheiros que
bastante nos ajudaram nele.
Havíamos iniciado os primeiros
passos na doutrina... Precisamente pela não compreender, acreditavamos sabê-Ia
regularmente, quando nos foi dado encontrar o mais antigo dos referidos Cireneus.
Que farte experimentado, moral impecável, apto a fazer discípulos,
em mais rigor de frase lhe chamaríamos a ele mestre. Possuidor de excelentes
mediunidades, valeu-nos a sua humildade magníficos ensinamentos.
É o Dr. Epaminondas Alves de Souza.
Em um dos nossos primeiros
encontros, falou-nos o Guia: “Se os meus filhos unificarem as suas ideias, muito
poderão fazer em favor da humanidade e muito alcançar do Além”.
Trabalhamos a valer, enquanto o
nosso Mentor, qual pai amoroso, nos levava mão por mão, ministrando-nos as mais
robustas provas da verdade cristã.
As contingências da vida afinal
separaram-nos. Ainda assim, no Rio, onde passou nosso amigo a residir, de
quando em quando nos reunimos a estudos e serviços da grande causa.
Nos intervalos, aqui não descansávamos.
Só, mas lembrado sempre das boas aulas, fomos por diante, desenvolvendo cada
vez mais as nossas faculdades mediúnicas.
Largo tempo deste jeito correu até
que achássemos no Prof. Aldo Muylaert
o outro dos colaboradores. Compreendendo para logo o poder do pensamento
unificado, à maravilha nos completamos um ao outro: nós, iniciando-o na ciência
do mundo oculto; ele, expondo-nos ignorados ou perdidos fatos de linguagem,
revendo e polindo nossos trabalhos.
A ambos tal referencia desagrada;
mas é a verdade singela. Cumprimos um dever, simplesmente.
Campos, 28 de Agosto,
1927.
Alpheu
Gomes O. Campos
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