quarta-feira, 1 de agosto de 2012

2. 'Amor à Verdade'



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“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Advertência

            Nunca pensamos escrever um livro, mormente sobre tão bela e vasta coisa como o Espiritismo.

            À concitação dos Maiores, cuja obra é, se deve, prezado leitor, o que vos oferecemos.

            O título, com que aparece, condensa uma profissão de fé. Não se nos antolha, por certo, mais alto empenho que o de consagrar a vida à Verdade.

            Servir é seu escopo, seu fito exclusivo - servir não só a espiritas, porém ainda ao povo em geral. Assim Deus o faz bem!

*
             
            Muitos adeptos limitam-se na observação dos fenômenos ou no campo da experiência; outros, no socorro aos que, tocados pela dor, carecem de alívio. Mas esquecem, geralmente, estes e aqueles, que não deve aí parar o Espiritismo, cujas lições de mais em mais se ampliam e completam. Contidos, formando uma cadeia infinita, os seus ensinos são outros tantos frutos onde se encontra a semente de mais subidos problemas. Progredir é a lei das leis. À medida que nos elevamos acima do solo, o horizonte alarga-se e melhor apreendemos o conjunto.

            Quer pelas nossas leituras, quer pelos ditados medianímicos, há muito nos foi despertada a atenção para o ponto das provas e expiações; também para o fato de se esclarecer no espaço, durante as sessões ou longe delas, bem maior número de Espíritos do que com o recurso dos chamados médiuns falantes.

            Assim devia realmente ser; porque as doutrinações já se faziam primeiro que raiasse na Terra o moderno espiritualismo, do mesmo modo que a dor se perde na bruma dos séculos, colhendo cada qual daquilo que semeou.

            Aqui, portanto, estudaremos os Espíritos inferiores e suas ocupações; o motivo e finalidade das humanas amarguras; o papel do médium de efeitos físicos e o aproveitamento da sua força psíquica para um dos mais nobres objetos, convém a saber: a elucidação das almas atrasadas, veículo de nossas mágoas e, pois, do nosso progresso, embora o não desejem.

            Não trazemos a lume nenhuma revelação: apenas apresentamos o resultado de longa pesquisa, metódica, perseverante, começada há mais de vinte anos, porém melhor interpretada nestes últimos dez, em que pudemos notar o valor do médium de efeitos físicos, quando convenientemente educado e cheio de virtudes, esforçado e humilde, cônscio de que, em vez de mal gastá-lo com fenômenos vulgares, pode fornecer muito fluido à plêiade luminosa dos Trabalhadores para a sua sublime tarefa de orientar na senda do Bem os infelizes e obscuros.

            Melhor do que ninguém, sabe o espírita que o estacionamento constitui falta grave, cuja reparação lhe será pedida; a ele principalmente cabe julgar quanto dissermos. Porém, só meticuloso exame e acurada observação, além da indispensável independência,poderão conduzi-lo a julgamento reto.


QAERITE ET INVENIETIS!
Buscai e achareis!
Com isto vos saudamos, ó Confrades!
ó Irmãos!

*

            Lugar agora para uma palavra de reconhecimento.

            Representa este livro não só inestimável soma de paciente labor como tremendas lutas com um rôr de obstáculos erguidos pela contumácia dos que na erraticidade perseveram refratários à luz, inimigos do saber e perseguidores de quem diligencia penetrar os arcanos do Invisível. Pois bem, queremos registrar aqui toda a nossa gratidão a dois companheiros que bastante nos ajudaram nele.

            Havíamos iniciado os primeiros passos na doutrina... Precisamente pela não compreender, acreditavamos sabê-Ia regularmente, quando nos foi dado encontrar o mais antigo dos referidos Cireneus. Que farte experimentado, moral impecável, apto a fazer discípulos, em mais rigor de frase lhe chamaríamos a ele mestre. Possuidor de excelentes mediunidades, valeu-nos a sua humildade magníficos ensinamentos.

            É o Dr. Epaminondas Alves de Souza.

            Em um dos nossos primeiros encontros, falou-nos o Guia: “Se os meus filhos unificarem as suas ideias, muito poderão fazer em favor da humanidade e muito alcançar do Além”.

            Trabalhamos a valer, enquanto o nosso Mentor, qual pai amoroso, nos levava mão por mão, ministrando-nos as mais robustas provas da verdade cristã.

            As contingências da vida afinal separaram-nos. Ainda assim, no Rio, onde passou nosso amigo a residir, de quando em quando nos reunimos a estudos e serviços da grande causa.

            Nos intervalos, aqui não descansávamos. Só, mas lembrado sempre das boas aulas, fomos por diante, desenvolvendo cada vez mais as nossas faculdades mediúnicas.

            Largo tempo deste jeito correu até que achássemos no Prof. Aldo Muylaert o outro dos colaboradores. Compreendendo para logo o poder do pensamento unificado, à maravilha nos completamos um ao outro: nós, iniciando-o na ciência do mundo oculto; ele, expondo-nos ignorados ou perdidos fatos de linguagem, revendo e polindo nossos trabalhos.

            A ambos tal referencia desagrada; mas é a verdade singela. Cumprimos um dever, simplesmente.

                                                 Campos, 28 de Agosto, 1927.

Alpheu Gomes O. Campos







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