segunda-feira, 18 de junho de 2012

Como o mais humano dos homens...



Como o mais
humano dos homens JUN 18

                 
         Saiu Jesus, como de costume, para o monte das Oliveiras. Acompanharam-nos os seus discípulos. Chegado aí, disse-lhes: “Orai, para não cairdes em tentação.” Arrancou-se deles, cerca de um tiro de pedra. Pôs-se de joelhos e orou. “Pai, se for da tua vontade, aparta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha, mas, sim, a tua vontade.” Nisto apareceu-lhe um anjo do céu e confortou-o.
            Então entrou em agonia. E orou ainda com maior instância. Tornou-se-lhe o suor como gotas de sangue que corriam por terra. Levantou-se da oração e foi ter com os seus discípulos; mas achou-os adormecidos de tristeza. “Como? – disse-lhes – estais dormindo? Levantai-vos e orai, para não cairdes em tentação.”                                     Lucas  22,  39  ss



         Humana como a sua vida é a morte de Jesus.

            Não assume atitudes de super-homem, que zomba do sofrimento e desafia a morte.

            Nada dessa jactância de certos heróis que procuram narcotizar a sua psique em face dos horrores da morte.

            Nada dessa estranha volúpia da dor com que se deliciam certos ascetas, gozando precisamente no mais profundo nadir do aniquilamento o mais alto zênite da própria excelência.

            Não, Jesus sofre como sofre o mais humano dos homens. Horrorizado com a sangrenta perspectiva do martírio, estremece, brada ao céu por socorro, procura consolação com os amigos, sente-se tomado de tão veemente angústia que o coração expele pelos poros abundante suor de sangue.

            Todo divino - e todo humano... O seu querer superior impõe silêncio ao sentir inferior. Calmo, firme, sereno, vai o solitário herói ao encontro do seu grande destino – rumo ao Gólgota...

            E é por isso que nós, pobres humanos, amamos o Nazareno. Ele é um dos nossos. Sofreu como nós sofremos.
           
        
Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista dos Tribunais, SP – 1941  

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