02/ 03 O Evangelho
ante os tempos novos
“Reformador” (FEB) Dezembro 1972
por Francisco Thiesen
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A pergunta 321 do livro "O Consolador"[1], sobre qual a edição dos Evangelhos que melhor traduz a fonte original, foi assim respondida:
"A grafia original dos Evangelhos já representa, em si mesma, a própria tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus apóstolos. Sendo razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros, seja qual for o meio onde se desdobrem, apenas consideramos que, em todas as traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, torna-se imprescindível separar da letra o espírito. Podereis objetar que a letra deveria ser simples e clara. Convenhamos que sim, mas importa observar que os Evangelhos são o roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal."
O Evangelho, diz André Luiz[2], é o Código de Princípios Morais do Universo, e não o livro de um povo apenas. E diz também, no que é confirmado por Emmanuel[3]: que em Jesus e em seus primitivos continuadores encontram-se os valores mediúnicos a serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria.
Vemos, assim, que o Evangelho, que nos incumbe divulgar (Ide e pregai = ide e exemplificai), é, na singeleza da letra que o veste, singular monumento de arte espiritual, por velar transcendente substância divina num primor tal de técnica avançada de comunicação que, em todas as épocas e lugares, dá a cada um, de maior ou menor cultura humanística, encarnado ou desencarnado, o ensinamento convenientemente dosado, quando dele "se aproxime com a intenção sincera de aprender".
Considerando-se o permanente evolutir da Doutrina dos Espíritos e a progressividade da Revelação em curso, é evidente que o estudo sistemático e perseverante, a meditação e a prece, com amoroso serviço aos semelhantes, abrem-nos sempre maiores horizontes àquela "visão espiritual" lembrada por Emmanuel.
Outrossim, no entendimento das lições do Cristo, mister se faz que alijemos do coração a pesada carga dos pensamentos, preconceitos e hábitos mentais, hauridos nas especulações filosóficas do materialismo ou absorvidos na mediocridade da escolástíca medieval.
Como afirma Emmanuel[4],
"a capacidade intelectual do homem terrestre é excessivamente reduzida, em face dos elevados poderes da personalidade espiritual".
"Os elos da reencarnação fazem o papel de quebra-luz sobre todas as conquistas anteriores do Espírito encarnado."
"O homem comum é uma representação parcial do homem transcendente",
"a incapacidade intelectual do homem físico tem sua origem na sua própria situação, caracterizada pela necessidade de provas amargas".
Por isso, relativamente ao estudo e compreensão do Evangelho, urge que entendamos, com André Luiz[5]:
"O astrônomo, chumbado ao solo do Planeta, não solicitará às estrelas o abandono da rota que as leis cósmicas lhes assinalam no campo infinito, competindo-lhe a obrigação de aprimorar os aparelhos de ótica, de maneira a alçar seus objetivos, ante a grandeza celeste."
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[1] p. 173 – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[2] (p.174) “Mecanismos da Mediunidade”, de André Luiz, por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 3ª Ed..
[3] (p. 174), idem e (p.12) “Encontro Marcado” de Emmanuel, por Francisco C Xavier, 2ª Ed..
[4] (p.115) – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[5] (p.8) – “Agenda Cristã”, de André Luiz, por Francisco C Xavier, 11 ª Ed..
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