Preceitos Morais
por João Lustosa
Reformador (FEB) 1°
Janeiro 1920
Extraído
do “Jornal Espírita’ de 13-5-1905
Ama a humanidade.
Escuta a voz da natureza que te brada: todos os
homens são iguais – todos constituem uma única família.
Tem sempre
presente que não só és responsável pelo mal que fizerdes, como pelo bem que
deixares de fazer.
Faze o bem
por amor ao próprio bem.
O verdadeiro
culto consiste nos bons costumes e na prática das virtudes.
Execute
sempre a voz da consciência: é o teu juiz.
Trata de te
conheceres; corrige os teus defeitos e vence as tuas paixões.
Nos teus
atos mais secretos supõe que tens todo o mundo por testemunha.
Ama os bons,
anima os fracos, foge dos maus, mas não odeis a ninguém.
Fala
sobriamente com os superiores, prudentemente com os iguais, abertamente com os
amigos, benevolamente com os inferiores e lealmente sincero com todos.
Diz a
verdade, pratica a justiça, procede com retidão.
Não
lisonjeis nunca: é uma traição; e se alguém te lisonjear toma cuidade – não te
corrompas!
Não julgues ao de leve as ações dos outros; louva pouco e censura ainda
menos; lembra-te que para bem julgar os homens é preciso sondar as consciências
e prescrutar as intenções.
Se alguém
tiver necessidade, socorre-o; se se desviar da virtude, chama-o a ela; se
vacilar, ampara-o; se cair, levanta-o.
Respeita o
viajante e auxilia-o; a sua pessoa é sagrada.
Foge a
contendas, evita insultos, obedece sempre à razão esclarecida pela ciência.
Lê e aproveita,
vê e imita o que é bom, reflete e trabalha; faz quanto possas para o
aperfeiçoamento da organização social e assim contribuirás para o bem coletivo.
Sê
progressista; estuda a ciência, porque ela te conduzirá à Verdade que tens por
dever procurar.
Não te
envergonhes de confessar os teus erros; provarás assim que és hoje mais sensato
do que eras ontem e que te desejas aperfeiçoar.
Moraliza
pelo exemplo: sê obsequioso, tolera todas as crenças, todos os cultos.
Educa e
ensina; esclarece os outros com o teu conselho, inspirado pela circunspecção e
pela benevolência.
O Próximo
Muitos
séculos são decorridos após a passagem do Mestre por entre os homens, e apesar de
repetida essa máxima todos os dias, no lar, nas escolas, nas igrejas, em toda
parte enfim, te-la-emos, porventura, compreendido?...
Por certo
que não, - assim prefiro crer. Não n’a
temos compreendido bem, pois a interpretação que lhe damos, tem sido ao sabor
da nossa fantasia.
- Como se
ama o próximo?
Praticando caridade tal como no-la
ensinou S. Paulo.
- Qual é o
nosso próximo?
Nosso pai,
nossa mãe, nossos irmãos e parentes carnais? Serão, porventura, os nossos
amigos e professores, aqueles, afinal, que por nós se interessam e nos prestam
favores? Praticaremos a caridade real, amando somente a esses?
Não: por
essa forma unicamente ainda não praticamos a sublime cridade ensinada por Jesus
e S. Paulo: exercemos uma variante da caridade – a gratidão.
Nosso
próximo, é o desgraçado e ignorante, o faminto, o sequioso, o nu, o enfermo, o
encarcerado, o expatriado e finalmente, todo aquele que de nós precisa e de
quem precisamos. Se, condoídos e amorosos, socorremos a estes, praticaremos a
verdadeira caridade.
Para que possamos compreender e praticar a caridade, amando o próximo,
devemos procurá-lo na classe dos infelizes, dos náufragos ou vencidos na
tormenta da vida: os hospitais estão cheios dessas criaturas, sedentas de uma
carícia, de uma palavra de conforto, de consolo, de amor. Na mansarda, nas
habitações humildes e sem conforto, encontraremos os famintos, não só do pão
material mas, também, do pão espiritual. Lembremo-nos que nesses lugares, as
crianças, as raparigas, as mães padecem duplicadamente, porque, participantes
das mesmas ilusões, dos mesmos sonhos do futuro, que povoam a imaginação dos
favorecidos da sorte, sofrem todas as necessidades e, enquanto testemunham o
goso dos que se acham no banquete da felicidade, duvidam, muita vez, pela
ignorância das coisas espirituais, de que Deus exista infinitamente justo e
bom.
As prisões
estão cheias de infelizes que, talvez, após um bom conselho, partindo do coração,
restituíssem a alma à Deus.
Por toda
parte, finalmente, encontraremos o nosso próximo, a ocasião de praticarmos a
caridade.
Amar aos que
nos amam, servir aos que nos servem, é uma grande virtude – é gratidão: mas, se
quisermos receber de Deus maior recompensa e de todas a mais bela, só o
conseguiremos amando e servindo aos que não podem retribuir.
Amemos,
pois, ao próximo, se quisermos o desaparecimento de todos os males que afligem à
humanidade: só então, Jesus baixará de novo entre os homens.
Amemos ao próximo como a nós mesmos. Só assim teremos Jesus retornando à Terra.
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