O dia da fraternidade
A Redação
Reformador (FEB) 1º de Janeiro de 1929
Terá ela
assim consgrado, como ideal irrealizável, uma utopia, cedendo aos atrativos de
miragens que sempre e sempre mais distantes se colocam? Afirmá-lo só poderão os
que se obstinam em negar a existência do Espírito, em desconhecer a infinita
sabedoria do Criador n obra infinita do universo.
Não: o homem
é levado a crer firmemente na realização do ideal da fraternidade, pela
intuição profund que nele reside, como fruto de aquisições indestrutíveis do
seu longo passado espiritual, através da via ascendente da evolução dos seres.
E a lhe
rebustecer essa crença inata, bem como a lhe encorajar os esforços por alcançar
tão elevada meta, tem o homem as promessas do Divino Mestre, cujas palavras,
declarou-o ele próprio, jamais passarão, o que quer dize: não deixarão de ser
confirmadas pela efetivação de tudo quanto anunciaram e ensinaram.
E foi ainda
Ele quem, depois de dizer: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”,
acrescentou: “Elas também ouvirão a minha voz e haverá um único rebanho, com um
só pastor.”
Anunciou
assim, aquele a quem o Pai confiou o governo do nosso mundo, que, com o
decorrer dos séculos, os homens de todos os pontos da Terra se submeterão à lei
que lhes Ele veio trazer – a lei da humildade, do perdão, do bem, da caridade,
do amor. Por essa submissão é que todas, todas as ovelhas moetrarão ter-lhe ouvido
a voz.
Claro está
que, quando os homens todos chegarem a tão elevado grau de perfeição, que lhes
permita submeter-se integralmente à lei de Jesus, todos constituirão “um só
rebanho”. É que uma única será entre eles a fé e esta em Jesus repousará. Ora,
desde que Ele haja reunido no aprisco todas as ovelhas, nenhuma havendo surda à
sua voz, será Ele, de fato, o pastor único do armento.
Estará assim
realizada a fraternidade universal, porquanto a humanidade só terá atingido tão
grande altura na senda do seu aperfeiçoamento moral, quando for capaz de
cumprir sem falhas o mandamento que, segundo o mesmo Jesus, “encerra toda a lei
e os profetas”. Amando os homens a Deus acima de tudo e amando-se uns aos
outros, como verdadeiros irmãos, perfeita fraternidade reinará.
É certo que
nossa visão acanhada de criaturas materiais não nos permite divisar esse
futuro, talvez não por demais distante. Procuremos, porém, entrevê-lo com os
olhos do Espírito e, através da lei das reencarnações, da multiplicidade das
vidas sucessivas, ele esplenderá diante de nós, mostrando-nos a Terra qual
verdadeiro paraíso, onde não mais terá entrada a serpente da tentação, porque
nela reinará o Cristo.
Do homem,
pois, depende o advento mais próximo ou mais remoto dessa era de paz real, que
não poderá ser definitiva, enquanto não assentar-se no amor e na fraternidade.
Depende, sim, do homem, porque ele é livre e Deus não lhe força o livre
arbítrio. Livre, entretanto, não o é ao ponto de impedir que um só iota deixe
de cumprir´se. Mais fácil seria, disse-o o Divino Mestre, que o céu e a Terra
passassem, isto é, que o céu e a Terra desaparecessem, a nada se reduzissem. A
lei, conseguintemente, se cumprirá, sem violência ao livre arbítrio humano,
antes de completa harmonia com ele.
Assim,
todos, mais cedo ou mais tarde, entrarão livremente no caminho que leva ao
aprisco do Pastor Divino e concorrerão para que se execute integralmente a
vontade do Pai, contida nas promessas do Filho.
Desvie o
homem as vistas do presente de sombras que tem diante dos olhos e lance-as para
esse futuro que os Evangelhos lhe anunciam; procure esquadrinhá-lo sob os raios
luminosos da Nova Revelação, que ao mundo manda o seu Salvador, a Revelação
Espírita, e sentirá que ganha alento para objetivá-lo com o ânimo resoluto de
merecer as promessas que ele guarda, que se enche de forças para cumprir, como
meio de alcançá-lo, o maior dos mandamentos.
Essa a
maneira mais meritória e eficaz, para Ele, de comemorar a data consagrada à
fraternidade e de atrair sobre si, nesse dia em que a efêmeras e falazes
esperanças costuma abrir o coração, as bençãos do Alto que, sinceramente e em
fraterna comunhão com os nossos maiores da espiritualidade, desejamos a pedimos
para todos os nossos irmãos em Deus, deste plano e do outro.
"Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo."
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