Desânimo
de João Maria do Nascimento (em 13-3-61)
por Porto Carreiro Neto
Se te assedia a dor, e a alma se aperta
Em liquefeito círculo de lava;
Se tens no peito uma ferida aberta
Por um punhal que fundo se lhe crava;
Se tudo em torno de ti é qual deserta
Amplidão ou charneca imunda e brava;
Se dos Céus não te chega a voz de alerta,
Que te livres da peia que te entrava;
Se te julgas perdido, sem remédio;
Se preferes a morte, a inércia, o tédio
Ao viver, às labutas, à alegria;
Teu coração ainda não conhece
A Paz de Deus, nas asas de uma prece,
Essa luz que transforma a noite em dia!
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