A família Fox
A Redação
Reformador (FEB) Outubro 1944
Um
dos exemplos mais admiráveis da brusca invasão dos fenômenos espíritas e da maneira
pela qual se impõe a força em atividade, apesar de todas as oposições e da
resistência dos médoiuns, apresentou-se no começo do movimento espírita.
Trata-se da mediunidade dos filhos da família Fox, em 1848. É inútil recordar
todos os episódios dessa série de manifestações, pois qye estão narradas
circunstanciadamente nas obras especiais: “Modern Spiritualism”, its Facts and
Fanaticisms”.pelo Sr. Capron, Boston, 1885; “The Missing Link in Modern
Spiritualism”, por Lea Underhill, “Uma das irmãs Fox”, New York, 1885. Farei,
apenas, ligeira exposição cronológica dos principais incidentes dessa curiosa
série de fenômenos.
Foi em 1848,
em Hydesville, que se ouviram as pancadas pela primeira vez; elas se repetiam
todos os dias, não deixando a família descansar e intimidando as crianças. Como
não se pudessem conservar em segredo essas manifestações, os vizinhos vão
presencia-las, e as perseguições começam. Pouco depois, os Fox são denunciados
como impostores e por fazerem comércio com o diabo. A igreja episcopal metodista,
da qual os Fox eram adeptos notáveis, os excomunga. Descobre-se a natureza
inteligente das pancadas, visto revelarem que um assassinato fora cometido na
casa e que a vítima fora sepultada na adega, o que foi verificado mais tarde.
Em abril de
1848, a família Fox transporta-se para Rochester, para a casa da Sra. Fish,
filha mais velha do Sr. E da Sra. Fox, que era professora de música. Os fenômenos
reproduzem-se e mesmo se desenvolvem consideravelmente. Às pancadas juntam-se o
deslocamento e a projeção de toda espécie
de objetos, aparições, contatos de mãos, etc. Curiosos invadem a casa de manhã
à noite e são testemunhas desses fenômenos. A desordem torna-se tão grande que a Sra. Fish não pode
continuar a dar lições de música e tornou-se impossível se ocuparem com o serviço
doméstico.” (Capron, pág. 63). “Um ministro metodista propôs-se a exorcisar os
espíritos” (pág. 60), mas isso nada adiantou. Finalmente, o acaso fez descobrir
a possibilidadede se comunicarem com os Espíritos, pelo alfabeto. Depois de ter
declarado, com grande surpresa da família “que eles eram amigos e parentes”
(Capron, pág. 64), os Espíritos exigiram que o estudo dos fenômenos se
tornassem público. “Deveis proclamar estas verdades ao mundo”. Tal foi a
primeira comunicação (Missing Link, pág. 48). Ao que a família Fox se recusou
obstinadamente.
Para que o
leitor possa capacitar-se da situação em que a família se achava naquela época,
vou reproduzir uma parte da narração de Mrs. Lea Underhill:
“Desejaria
por em evidência que os sentimentos de toda a família, de todos nós, eram
hostis a essas coisas bizarras e incongruentes; nós as considerávamos uma
desgraça, uma espécie de calamidade que caía sobre nós, sem saber donde, nem
porquê! De acordo com as opiniões que no chegavam de fora, nossas próprias
inclinações e as ideias que nos tinham sido inoculadas na infância nos levavam
a atribuir aqueles acontecimentos ao “Espírito maligno”; eles nos tornavam
perplexos e nos atormentavam ; de mais, lançavam sobre nós um certo descrédito na
localidade. Tínhamos resistido àquela obsessão e lutado contra ela, fazendo
preces fervorosas para a nossa libertação, entretanto, estávamos como que
fascinados por essas maravilhosas manifestações, que nos faziam suportar, contra
a nossa vontade, forças e agentes invisíveis, aos quais érqmos impotentes para
resistir e que não podíamos dominar ou compreender. Se nossas vontade, nossos
mais sinceros desejos e nossas preces tivessem preponderância, todas essas
coisas teriam terminado naquela mesma ocasião, e ninguém, além da nossa
vizinhança mais próxima, jamai teria ouvido falar dos “Espíritos batedores” de
Rochester, nem da desventurada família Fox. Mas não estava em nosso poder deter
ou dominar os acontecimentos.” (Pág. 55)
“Em
novembro de 1848, os “Espíritos” informaram a família de que não podiam lutar
contra a resistência que lhes opunhm, e que, em consequência da insubmissão dos
médiuns às perguntas dos Espíritos, estes seriam obrigados a deixá-los. Os
médiuns responderam que não tinham objeção alguma a fazer, e “que
nada lhes poderia ser mais agradável e até mesmo só desejavam que os Espíritos
os deixassem.” (Capron, pág. 88). Efetivamente, as manifestações detiveram-se
e durante doze dias manifestações detiveram-se e durante doze dias não se ouviu
uma só pancada. Mas, nesse ínterim, produziu-se uma brusca mudança nas ideias
dos membros da família. Tiverm profundo pesar por sacrificarem às considerações
mundanas um dever que lhes tinha sido imposto em nome da verdade, e, a pedido
de um amigo, as pancadas soaram de novo, e foram saudadas com alegria.
“Parecia
que recebíamos antigos amigos, escreve Lea Underhill; amigos que não
tínhamos sabido apreciar dantes, como era preciso” (página 60). Entretanto,
do mesmo modo que outrora, as pancadas não deixavam de repetir, imperiosamente:
“Tendes um dever a cumprir; queremos que torneis públicas as coisas de que
sois testemunhas” (Capron, pág. 90). Os interlocutores invisíveis traçaram
o plano de operações que devíamos adotar, com minuciosos pormenores; era preciso
alugar a grande sala pública “Corinthian Hall”; os médiuns deviam subir ao
estrado em companhia de alguns amigos; as pessoas designadas para ler a
conferência foram G. Willets e C. W. Capron (autor do livro citado acima); este
último devia fazer o histórico das manifestações; uma junta composta de cinco
pessoas, deisgnadas pela assistência, devia fazer uma investigação nessa
matéria e redigir um relatório que seria lido na sessão seguinte. Os Espíritos
prometiam patentear-se de maneira a serem ouvidos em todas as partes da sala.
Essa proposta teve a nossa recusa categórica.” Não tínhamos, de maneira alguma,
o desejo, diz o Sr. Capron, de nos expor ao riso público e não queríamos
angariar uma celebridade desse gênero... Mas, garantiram-nos que era o melhor
meio de impor silêncio às calúnias e de mostra a verdade, e que prepararíamos,
desse modo, o terreno para o desnvolvimento das comunicações espirituais, que
se efetuariam em futuro próximo.” (Páginas 90 e 91).
Mas
o temor da opinião pública preponderava sempre, e ninguém se decidir a tomar a iniciativa
dessas sessões. Então, os “Espíritos” propuseram estabelecer audiências em
casas particulares, em grandes salas, para que se convencessem de sua faculdade
de dar pancadas, perante um público mui diverso. Decorreu um ano inteiro, antes
que as instâncias e as exortações de uns triunfassem das escusas dos outros.
Finalmente, fez-se o ensaio, e o Sr. Capron começou as experiências em casas
particulares; “elas deram bom resultado, e as manifestações foram sempre interessantes
e distintas” (página 91). Foi, só então, após numerosos ensaios, que
decidiram tentar a grande prova, e um “meeting” público foi anunciado para a
noite de 14 de novembro de 1849, no “Corinthian Hall”, em Rochester. O êxito
foi completo. Três “meetings” consecutivos deram os mesmos resultados, e o
movimento espirítico nasceu!..
Hydesville
De Leôncio Correia por W. Vieira
Reformador (FEB) Março 1977
“Recordas a Belém de nossa fé. Mangedoura feliz do Espiritismo!”
Na telas sucessivas da verdade,
Brilharás como estrela para os povos
Na alegria recôndita que invade
A existência ideal dos homens novos!
Todo o roteiro espírita cristão
Algo de teu caminho nos descerra;
Concha acústica da Revelação,
Teus raps ecoaram pela Terra!
Contigo, um lar humilde e ignorado
Trouxe o verbo do Além. Serenoe forte
Revelando às Nações, em grande brado,
Para a glória da vida que há na morte.
Três jovens médiuns contra os preconceitos
Venceram emboscadas e sofismas,
Mostrando aos olhos cegos e imperfeitos
Lições da Antiguidade noutros prismas.
Fulguras como excelsa encruzilhada
Aos destinos humanos sofredores,
E és ainda a baliza iluminada
Por doce lenitivo às nosss dores.
Hydesville! Saudamo-te de pé,
Na luta contra as sombras do ateísmo!
Recordas a Belém de nossa fé,
Manjedoura feliz do Espiritismo!
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