Religião, sim!
Guillon Ribeiro por Júlio Cezar Grandi Ribeiro
Reformador
(FEB) Fevereiro 1977
Em nosso século, de acurado
cientificismo, os raciocínios intoxicados de excentricidades deixam-se enovelar
no fio das conquistas tecnológicas, quase sempre em êxtase diante da cultura
que avança, segregando o coração, sequioso de nivelar-se com a razão, no exílio
doentio de dogmas e fanatismos que mais o distanciam da verdadeira ideia de
Deus.
Observamos, não se certa estranheza
e apreensão, que a onda avassaladora do tecnicismo vem-se derramando sobre
muitos adeptos do Espiritismo, reprimindo-os, em suas investidas pertinazes,
espicaçando-lhes o orgulho e a vaidade latentes no mundo interior das opiniões
pessoais em rebelde cidadela contra os princípios basilares da Codificação
Kardequiana.
O aprumo dos argumentos
cientificistas esbate-se contra os rochedos da razão no inaudito esforço de
lhes solapar os alicerces indispensáveis da fé, que somente a religião será
capaz de proporcionar ao homem.
Há uma intenção, com sintomatologia
claramente obsessiva, de se ridicularizar o aspecto religioso da Doutrina dos
Espíritos, categorizando-o de ilusório e passageiro, tão ilusório e tão
passageiro como as seitas e castas religiosas que enxameiam os séculos de nossa
civilização.
Temível engano, este, e de graves
consequências para os seus defensores.
O Espiritismo há de apoiar-se num
tripé de sólida contextura, onde a Ciência,
amparada
pela Filosofia, encontrará os arraiais da Religião – esse sentimento divino que
estabelece indestrutíveis liames entre a criatura e o Criador.
Jamais haverá no mundo qualquer
corrente científica ou escola filosófica capaz de neutralizar, no homem, as
ideias inatas em torno de Deus e da criação.
Não podemos olvidar que as primeiras
expressões de racionalidade dos humanos foi a de voltar-se para as forças superiores
da vida, organizando lhes cultos sinceros entre o temor e o respeito.
Bendigamos o progresso da ciência e
os avanços filosóficos demarcados em cada século da experiência terrestre,
reconhecendo lhes cultos sinceros entre o temor e o respeito.
Bendigamos o progresso da ciência e
os avanços filosóficos demarcados em cada século da experiência terrestre, reconhecendo-lhes,
entretanto, as raias de adversidades e entrechoques estabelecidos em seus arsenais
de conhecimento e cultura, ao ponto de fomentarem ondas de descrédito e
contradição aos seus mais lídimos estudiosos representantes. Aí, residem a
fraqueza e a falibilidade, a insatisfação e a inconsistência dos nossos
conhecimentos.
Exaltemos,
contudo, a Religião como sustentáculo portentoso de seu concurso na salvaguarda
de nossos destinos, na solução da intrincada problemática da educação do “homo
sapiens”, conduzindo o Espírito, em aprendizado, às excelências da virtude.
A Religião, entre os homens, instrui
e consola, esclarece e sustenta como legítima centelha do amor divino.
Indiscutivelmente, temos permanecido
no mundo aspirando a poeira dos séculos, sem a justa valorização dos ideais da
fé, escravizando a ideia religiosa, ao bel-prazer de nossas inconstâncias, nos
inconfessáveis domínios do egoísmo e da vaidade.
Hoje, somos cultivadores da Verdade
à luz da Terceira Revelação. Assim, unidos a Deus pela fé e pelo raciocínio,
não podemos quebrar em nós os elos da Ciência e da Religião, sem gravíssimas
consequências para o equilíbrio de nosso raciocínio lógico.
O Espiritismo é Religião, sim! E,
como tal, descerra-nos as luzes da compreensão e da sabedoria para alcançarmos
a verdadeira Ciência que emana do Criador. A pretexto de avançar, segundo
recomenda Kardec, acompanhando o progresso da Ciência que venha enriquecer seu
acervo de afirmação e pesquisa, não lhe vibremos o látego da inconsistência,
soterrando lhe os expressivos apelos à nossa transformação moral, nos meandros
dos modismos científicos.
Crescer no conhecimento superior
será adestrar o coração nas leis de Deus.
Os verdadeiros sábios refertam
destas demonstrações os cenários da Terra.
E, se o Espiritismo veio até nós
como o Cristianismo Redivivo para relembrar Jesus aos homens, no momento
decisivo, quando o coração pleno de virtudes há de nivelar-se à mente aureolada
de sabedoria, por que lhe esquecer, em meio às euforias da Ciência e às
conclusões da Filosofia, as sublimadas luzes da Religião?
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Luiz
Olímpio Guillon Ribeiro
Nascimento:
S. L. do Maranhão, 17 de janeiro de 1875
Desencarne:
Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1943
Exerceu
o cargo de Presidente da FEB de 1920 a 1921
e
novamente a partir de 1930 até falecer, em 0utubro de 1943.
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