Que
escândalo!
por I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Fevereiro 1947
“Diário de Notícias” jornal insuspeitíssimo, publica na sua primeira página da segunda seção de 29 de Janeiro, deste ano, uma reportagem ilustrada com fotografias tiradas bem ao pé da catolicíssima estátua do Cristo no alto do Corcovado. Nela são vistos dois padres que tomava parte num joguinho onde era bancado o chamado “jogo de chapinha” (Do Blog: este jogo foi tornado ilegal no Brasil desde muitos anos).
E
foi por única e exclusiva causa dos padres que quase se estragando a
reportagem. Não gostando de ver aquilo que eles faziam, ali, bem nas barbas do
Cristo, fiz sinal para que se afastassem. É que o Armando estava agindo, muito
nervoso, mas estava. A máquina já feito ‘tee’! duas vezes. Todo encabulado, o
padre mais velho puxou um outro e disse: é a polícia! Ora, se isso era coisa
que se dissesse naquela hora. Ouvido de malandro é Radar para essa palavra. O
“travesseiro” logo desapareceu, porque há um travesseiro bem feitinho, aliás,
em cima do qual o jogo é feito, e as chapinhas e a bolinha também e a bolinha
também e também o jogador tomaram sumiço. Um otário ficou de dente de fora numa
risadinha imbecil, só porque já havia perdido quinhentos cruzeiros, mas
acertara uma vez, recuperando cem dos quinhentos perdidos.
Logo perceberam que
tinham sido pegados na boa. Começaram a rondar, estou fingindo que não é
comigo, e desandei a dizer uma porção de banalidades sobre a paisagem, coisas
que no meu entender seriam boas para disfarçar. Que diabo, ainda se aqueles
padres deixassem de me olhar com aqueles olhos de oração? Mas não tiravam os
olhos da máquina!"
Não
desejamos comentar o fato. Comentem-no os jornais católicos que tanto se
preocupam com o Espiritismo, quando têm assunto excelente e real dentro dos
seus próprios arraiais.
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