sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Tempestades



Tempestades

I. Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)           

Reformador (FEB) Junho 1944

 

            A celeuma levantada pelas colunas dos jornais “A Noite”, “Folha Carioca” e outros diários de grande projeção, não passa de verdadeira tempestade em copo d’água.

            Não era meu desejo emitir qualquer opinião sobre o assunto, visto não acreditar que a Família de Humberto de Campos pretenda receber qualquer quantia pelas obras ditadas pelo espírito do seu genitor e publicadas pela Federação Espírita Brasileira (*). Essas obras vêm sendo editadas há alguns anos, a carinhosa mãe do saudoso escritor reconheceu-lhes a identidade e os filhos queridos do inesquecível acadêmico jamais fizeram a menor ameaça à Federação.

             (*) Nota do Blog: A publicação foi contestada na Justiça. No ‘site’ da FEB lemos:

                 ... “o Dr. Miguel Timponi aceitou "O caso Humberto de Campos", como advogado da FEB e de Francisco Cândido Xavier, para contestar a ação impetrada pela família do escritor desencarnado, que pretendia os direitos autorais da obra literária produzida pela mediunidade de Chico Xavier, recebida do Espírito Humberto de Campos.”

                “Para esse trabalho, contou com o auxílio de vários colaboradores, todos eles mencionados por Wantuil de Freitas em "Duas palavras", apresentação desta obra.”

                “A Ação Declaratória foi julgada improcedente e o Dr. Timponi obteve brilhante vitória jurídica.”

                “Lançou o livro “Magnetismo Espiritual”, publicado pela Federação Espírita Brasileira, mas com o pseudônimo Michaelus. Desencarnou aos 70 anos, no dia 13 de fevereiro de 1964.”

                Para maiores detalhes sugerimos a leitura do livro de Miguel Timponi “A psicografia ante os tribunais” (Ed. FEB), 2012.”

             Falemos, portanto, sob um ponto de vista geral.

            Que essas obras são, realmente, de Humberto, não resta a menor dúvida. O sr. Agrippino Grieco, grande crítico literário e amigo íntimo de Humberto, apesar de não ser adepto do Espiritismo, confessou de público que o estilo era do seu velho companheiro de muitos anos. Outros já disseram o mesmo.

            Ao serem publicadas as referidas obras, cujo lucro é inteiramente distribuído pelos departamentos de beneficência da editora, não se procurou formar qualquer confusão com as escritas em vida carnal por aquele estilista. Foram apresentadas, com a maior sinceridade, como ditadas pelo espírito do escritor, tal como o são as outras recebidas de outros espíritos, os quais, espontaneamente, oferecem o seu trabalho intelectual como cooperação para a obra de recristianização dos homens e de socorro aos infelizes.

            As obras que nos tem enviado o espírito do grande Humberto são, todas elas, magníficas e lidas pelo Brasil inteiro e até no estrangeiro, traduzidas que vêm sendo para outras línguas.

            Há, no entanto, outros escritores que preferiram o anonimato, talvez por não terem confiança nos seus herdeiros. Entre esses últimos, encontram-se André Luiz, pseudônimo de conhecido médico brasileiro, e Emmanuel, o mais evolvido de todos eles, que foi padre católico em evidência no Brasil e que atualmente está sendo traduzido para o Esperanto.

            Todas essas obras se vendem igualmente, porém, as de Emmanuel vencem tiragens sobre tiragens, disputadas que são antes mesmo de serem expostas nas livrarias.

            Se algum dia a Justiça proibir o direito de receber obras mediúnicas de espíritos conhecidos, colocar-se-ão pseudônimos, visto que essas obras se vendem igualmente, com ou sem nome em evidência. São disputadas, porque são boas. Se forem reconhecidas como de Humberto, creio que ninguém poderá proibi-lo de escrever para fins humanitários ou impedi-lo de assinar os seus trabalhos.

            Se, ao contrário, dogmatizarem que elas não foram escritas por Humberto; nenhum direito autoral poderá ser pedido.

            De qualquer forma, portanto, não há direitos autorais a pagar e nem razão para a celeuma feita por pessoas estranhas à digníssima Família de Humberto de Campos.

            Ninguém conhece melhor uma criatura do que aquela que lhe deu a vida e lhe formou o caráter.

            Em “Brasil, Coração do Mundo”, a extremosa genitora de Humberto se confessa feliz com a prova evidente de que seu grande filho continua vivo.

            Assim, como veem, tudo não passa de mais uma tempestade em copo d’água.


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