por Tasso
Porciúncula (Indalício
Mendes)
Reformador (FEB) Novembro
1963
Em conferência
realizada na Sociedade de Pesquisas Psíquicas, de Londres, em 28 de Maio de
1913, o filósofo Henri Bergson declarou enfaticamente: “Admiro a coragem que tendes tido, sobretudo nos primeiros anos, para
lutar contra as prevenções duma boa parte do público e para desafiar as
zombarias que amedrontam os mais valentes.” E mais adiante: “Como explicar as prevenções contra as
ciências psíquicas, prevenções que muitos ainda conservam?"
Bergson não era contra o estudo das ciências psíquicas,
como certos cientistas que não querem preferir a verdade dos fatos à “verdade”
que interessa a grupos dominantes, quer religiosos, quer científicos ou
pseudocientíficos. Estes são os que procuram acoroçoar as zombarias, negando a
evidência e procurando subordinar os fatos mais verídicos a um vocabulário já
velho, onde as palavras “superstição”, “mistificação”, além de outras, são
utilizadas para “provarem” que os fenômenos espíritas são coisa muito
diferente, tão diferentes que eles, até hoje, não conseguiram dar uma
explicação convincente.
Os verdadeiros estudiosos
prosseguem, quietos, no estafante trabalho de coleta e explicação de fatos
psíquicos, cada vez mais numerosos e eloquentes. Não importa que a ciência
oficial e também a religião oficial se unam contra a Verdade espírita, que, um
dia, há de derrubar todos os preconceitos, todas as prevenções e todas as
mentiras, impondo-se de maneira categórica aos povos da Terra.
O Espiritismo não tem pressa. Os homens é que deveriam
estar apressados, a fim de se armarem de elementos para uma vida melhor sobre a
Terra. Aqueles que já se beneficiaram no Espiritismo são os melhores
propagandistas da verdade espírita. Assim como Jesus se viu vaiado, cuspido,
apedrejado, humilhado, perseguido, sangrado, chicoteado e, por fim,
crucificado, assim vem o Espiritismo seguindo, calma e corajosamente, o seu
Calvário, certo de que está cumprindo sua missão na Terra, determinada pelo
Cristo, de modo que encontrará também a sua glorificação, quando seus
negadores, confundidos e perturbados, caírem a seus pés, deprecando o perdão de
suas perfídias, falsidades e erros.
Então, tal como o Cristo, pois lhe segue os princípios, o
Espiritismo os receberá fraternamente, perdoando-lhes e levando-os para o banho
lustral de uma vida nova e mais fecunda.
Para os que se deixam levar por más informações ou por
errôneas impressões, o Espiritismo pode parecer passatempo par quem não tem
coisas sérias a fazer. Bastará, entretanto, um exame mais detido dos problemas
que ele enfrenta e soluciona, para que se verifique logo a importância
fundamental da Sua Doutrina na vida humana. Sem santos nem altares nem rituais,
o Espiritismo contribui decisiva e imediatamente para restaurar o equilíbrio em
toda a parte... Seus preceitos e conceitos são simples, mas objetivos. Será
suficiente segui-los para que tudo se aclare, ainda que se tenha de lutar para
vencer. O Espiritismo dá coragem e força, assim como ensina a resistir e a
triunfar, sob a proteção da sua Doutrina, humana e acessível a todas as
inteligências.
O espanto de Henri Bergson prova quão rude tem sido o
caminho seguido pelo Espiritismo. Mesmo assim, os espíritas avançam, o
Espiritismo progride em todos sentidos e em todo o mundo, porque a sua força
vem de Cima, vem do Alto. Ele tem a energia do Amor, da Caridade, do Altruísmo,
da Paciência e da Verdade. Por isto, ele subsistirá. Seus negadores passarão,
mas ele crescerá cada vez mais, esclarecendo a Humanidade, consolando-a,
aliviando-a, mostrando-lhe que ninguém jamais será feliz enquanto não começar a
sua própria reforma íntima, ao mesmo tempo que olhar para os seus semelhantes
com fraternidade, pronto a ajudar, pronto a servir desinteressadamente,
procurando de preferência o que cada qual tem de bom dentro de si,
O Espiritismo educa e eleva. Fortalece e salva. Não se
envergonha de ser humilde, mas encontra meios de tornar a sua humildade uma
força, porque é uma humildade ativa, que constrói e não teme defrontar a
impiedade, a intolerância, o poder, a calúnia e a intriga. Como a árvore, o Espiritismo
dá sombra e frutos a quantos o procuram, sem se preocupar com as ideias, o
passado e o caráter dos que a ele recorrem.
Se Henri Bergson ainda vivesse no mundo dos encarnados,
ficaria triste ao ver que a Sociedade de Pesquisas Psíquicas, de Londres, não é
hoje o que foi no passado. Invadiram-na elementos sem isenção de ânimo para
julgar. Transformaram-na num instrumento de combate às ideias espíritas,
fazendo crer que os fenômenos psíquicos inexistem ou dando-lhes interpretações
insinceras, sem aquele critério imparcial, rigorosamente científico, que
assinalaram, por exemplo, as notáveis experiências de William Crookes.
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