“Se alguém
me servir, meu Pai o honrará”
por Rodolfo Caligaris Reformador (FEB) Março 1966
Quem
ama a sua vida, perdê-la-á, e quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á
para a vida eterna.
Se
alguém me quiser servir, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu
servo. Se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (João, 12;24-2)
Individualidade é a centelha emanada
de Deus, cujo destino é evoluir do átomo ao infinito.
Personalidade é o conjunto de
elementos psicossomáticos que caracterizam a pessoa, ou seja, cada uma das encarnações
da centelha espiritual.
A individualidade permanece para
todo o sempre, é imortal; a personalidade dura apenas uma existência corpórea,
do nascimento à morte.
A personalidade, por assim dizer,
apenas um capítulo da história do ser; a individualidade é a obra e elaboração,
à qual se vão acrescentando sempre novos capítulos.
Em cada permanência na Terra, cumpre-nos
adquirir as experiências que ela pode ensejar ao desenvolvimento de nosso
Espírito, preparando-nos pouco a pouco para a escalada a planos cada vez mais altanados.
Lamentavelmente, apesar de quase
todos nos dizermos espiritualistas e apregoarmos nossa fé na vida eterna,
poucos nos conduzimos de conformidade com tais convicções.
O que vemos, por toda a parte, é um desinteresse generalizado
pelas questões espirituais e um apego total, absoluto, às coisas materiais. É
uma negligência completa pelo que diz respeito à edificação da individualidade,
enquanto tudo se sacrifica ao comprazimento da personalidade.
Ao invés de envidarmos sérios
esforços no sentido de “sermos” hoje um pouco melhores do que fomos ontem, pois
que desse desenvolvimento espiritual é que há de resultar a nossa felicidade no
dia de amanhã, cuidamos apenas de “ter” mais dinheiro, mais fama, mais prestígio
social, esquecendo-nos de que estas coisas, tão gratas à nossa personalidade,
não constituem patrimônio efetivamente nosso, não nos acompanharão além da
sepultura e, pois, de nada nos valerão na esfera da espiritualidade.
Por afeiçoar-nos em demasia à “vida
neste mundo”, que passa, célere, para encerrar-se melancolicamente sob sete
palmos de chão, deixamos de cultivar as virtudes cristãs, tesouro que “a traça
não corrói, o ladrão não rouba e a ferrugem não desgasta” – única moeda capaz de
assegurar-nos o ingresso nas regiões ditosas do Mundo Maior.
Como diz o texto evangélico em tela,
se o grão de trigo não morrer, isto é, não se desfizer da camada cortical que
encerra o embrião, não germinará e consequentemente não podem multiplicar-se.
Semelhantemente, para que nossa individualidade logre
repontar, crescer e produzir maravilhosos frutos de altruísmo, mister se faz
seja rompida a casca grossa do personalismo egoísta que a envolve.
Para consegui-lo, um só meio existe:
seguir o exemplo do Mestre incomparável, entregando-nos a uma vivência de
abnegação, exercitando-nos nas tarefas de auxílio ao próximo.
Amando e servindo nossos irmãos em
humanidade, estaremos amando e servindo ao Cristo, pois, conforme sua
afirmação, cada vez que assistimos a um desses pequeninos é a ele próprio que o
fazemos.
Quem se ache empenhado nesse trabalho,
continue, persevere. Embora o mundo o ignore ou não lhe reconheça os méritos,
no devido tempo “o Pai celestial o honrará”.
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