Confissões
I.
Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Janeiro 1946
Diante do grande número de cartas que recebemos,
pedindo-nos transcrever mais alguns trechos do livro - ‘Deus’ - da autoria do revmo Padre Huberto Rohden, atualmente
professor de uma universidade católica mantida pelos jesuítas na América do
Norte, abaixo satisfazemos o desejo dos nossos leitores:
“Por ora, é o dogma e
a liturgia que dominam nas religiões e igrejas - dia virá em que a ética e a mística proclamarão o
seu reinado dentro do homem e da sociedade. Prevalecerá o simbolizado sobre o
símbolo, esse símbolo que, por ora, escraviza e quase que elimina o
simbolizado.”
“Os
símbolos desunem, geram antagonismos, organizam sanguinolentas cruzadas de “fiéis”
contra “infiéis”, acendem autos-de-fé para queimar “hereges”; fulminam anátemas
e excomunhões contra os dissidentes da ortodoxia oficial - tudo isto é efeito
natural e inevitável da prepotência dos símbolos divergentes, tudo isto é
inerente à imperfeita e imatura espiritualidade humana, tudo isto é a vitória do
símbolo sobre o simbolizado. Mas, quando despontar a grande alvorada
espiritual, a maturidade espiritual do gênero humano; quando o simbolizado
prevalecer plenamente sobre os símbolos, então convergirão todas as linhas
divergentes da grande pirâmide para um e o mesmo vértice.”
“Não estatuiu o
Nazareno como alma do seu Evangelho a verdade, mas, sim, a caridade - porque esta une, e aquela desune. A
verdade, embora una em si, é vária nos homens que a contemplam. O homem não
enxerga a verdade, só enxerga verdades - e cada uma dessas verdades tem a cor e
o feitio de quem as contempla. A caridade, porém, é neutra, incolor, universal,
essencialmente panorâmica e impessoal."
“O que o chamado ateu
nega é o deus da sua filosofia e do seu ambiente religioso. Esse deus cruel,
mesquinho, vingativo, fraco, antropomorfo, choroso, amargurado, sem sorte nas suas
obras, derrotado por seu inimigo, como inúmeras vezes aparece nas páginas da
nossa literatura religiosa - esse deus não pode, naturalmente, ser afirmado nem
amado por um sincero cultor da divindade, porque esse deus nem existe no mundo
real, senão na imaginação doentia dos seus infelizes autores... E bom é que não
exista, esse pseudo-deus. Se existisse,
devia todo homem sincero ser ateu...”
Aí têm os nossos amigos mais alguns conceitos filosóficos
do famoso padre jesuíta. Lamentamos que o pouco espaço de que dispomos não nos
permita fazer mais algumas transcrições.
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